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Premiê paquistanês ordena ação imediata após morte de mulher por apedrejamento

29/05/2014 14h08

LAHORE, Paquistão, 29 Mai 2014 (AFP) - O chefe de governo paquistanês pediu nesta quinta-feira uma ação imediata, após o apedrejamento de uma mulher por ter escolhido livremente seu marido, no momento em que este afirmava ter matado sua primeira esposa.

O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, pediu ao seu irmão, o chefe de governo da província de Punjab, Shahbaz Sharif, que adote medidas para punir os autores do assassinato brutal de Farzana Parveen, ocorrido na entrada do tribunal de Lahore (leste), em pleno centro dessa cidade de mais de 10 milhões de habitantes.

"Ordenei ao chefe de governo que agisse imediatamente", acrescentou o primeiro-ministro. "Este crime é totalmente inaceitável e é preciso lidar sem demora com este assunto, em conformidade com a lei", considerou.

Declarações de um primeiro-ministro paquistanês sobre esse tipo de questão são pouco comuns.

Na terça-feira, trinta membros da família de Farzana Parveen, de 25 anos, mataram a jovem a pedradas pelo fato de ela ter se casado com a pessoa que havia escolhido, mas contra a vontade de sua família.

A jovem, que estava grávida, estava a caminho de um tribunal para testemunhar contra sua família, que acusava seu marido de tê-la sequestrado, e declarar que havia escolhido livremente se casar com ele.

Já o viúvo de Farzaba Parveen declarou nesta quinta à AFP que havia matado sua primeira esposa.

"Estava apaixonado por Farzana e matei minha primeira mulher por causa desse amor", declarou Mohamad Iqbal, explicando ainda que havia estrangulado a primeira esposa.

Iqbal contou que não teve de cumprir pena de prisão. Seu filho, que havia denunciado o assassinato à polícia, o perdoou depois.

Polêmicas leis vigentes no Paquistão permitem, por exemplo, que o autor de um homicídio proponha o pagamento de uma indenização financeira (o chamado "preço do sangue") à família da vítima para não ter que cumprir a pena.

Grupos de defesa dos Direitos Humanos temem que esse tipo de disposições sejam utilizadas para perdoar aqueles que mataram Farzana.

Após o apedrejamento, a Polícia de Lahore indicou que havia detido o pai, Mohamed Azeem, e estava procurando os irmãos e os três primos envolvidos.

Na quarta-feira, ativistas dos Direitos Humanos e feministas denunciavam uma possível apatia diante do apedrejamento, em um país onde a lei proíbe os casamentos forçados e os crimes de honra.

No Paquistão, cerca de 1.000 mulheres e adolescentes são assassinadas todos os anos por terem desonrado suas famílias, de acordo com a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, que denuncia a impunidade dos autores desses atos, que não são divulgados pela imprensa local.

Durante a década passada entraram em vigor várias leis proibindo os casamentos forçados e castigavam os crimes de honra, mas elas se chocam com costumes ancestrais ou interpretações arbitrárias do Islã.

Com essa desculpa muitos ignoram que na religião muçulmana "uma mulher tem direito a escolher um marido", ressaltou em seu blog a ativista feminista paquistanesa Bina Shah.

O apedrejamento de terça também provocou muitas críticas em outros países. O ministro das Relações Exteriores britânico, Wiliam Hague, disse estar "comovido e horrorizado com a morte de Farzana Paveen, tanto pela maneira chocante de sua morte quanto pela indescritível crueldade de assassinar uma mulher que exerceu o direito básico de escolher a quem amar e com quem se casar".

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