Merkel estava em uma sauna quando o Muro de Berlim caiu
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John Macdougall/AFP
Merkel e o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, lembram os 25 anos da queda do muro
Quando aconteceu a queda o Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, Angela Merkel, hoje chanceler da Alemanha, estava, como todas as quintas-feiras à noite naquela época, em uma sauna de Berlim Oriental e sonhava em comer ostras no lado Oeste.
A "mulher mais poderosa do planeta", que comanda a principal economia europeia há nove anos, praticava uma das atividades preferidas dos alemães durante o inverno.
"Às quintas-feiras, eu sempre ia à sauna com uma amiga", revelou recentemente a um grupos de estudantes de Berlim.
Na época, Merkel, nascida em Hamburgo, mas criada na Alemanha Oriental, trabalhava como física na Academia de Ciências de Berlim Oriental. Com 35 anos na época e divorciada do primeiro marido, morava em um pequeno apartamento no bairro de Prenzlauer Berg, atualmente uma área valorizada.
Antes de caminhar até a sauna, Merkel ligou para a mãe, que morava a 80 km de Berlim. Ela acabara de ouvir que os alemães do Leste poderiam viajar ao exterior livremente.
O Muro estava a ponto de cair, mas durante aquelas horas confusas ninguém acreditava realmente.
"Não entendia muito bem o que se dizia", admitiu a dirigente conservadora.
Uma piada circulava na época dentro da família. Se o Muro caísse, Angela levaria a mãe para comer ostras em Kempinski, um hotel de luxo de Berlim Ocidental.
Ao telefone, Merkel disse: "Presta atenção, mamãe. Algo está acontecendo hoje". Depois de desligar seguiu para a sauna.
E enquanto Merkel desfrutava do banho a vapor, a História moderna ganhava um novo capítulo. O primeiro ponto de passagem do Leste para o Oeste foi aberto. Os vinhos e espumantes começaram a ser abertos para celebrar o fim de um mundo dividido desde a Segunda Guerra Mundial.
"Ao voltar para casa, vi que as pessoas seguiam para o ponto de passagem a apenas alguns metros do local. Nunca vou esquecer, eram 22h30 ou 23h, talvez um pouco mais tarde", recordou.
"Eu estava sozinha, mas seguia a multidão. E, de repente, todos estávamos do lado oeste de Berlim".
A então anônima Angela Merkel, que já havia viajado ao Oeste, bebeu sua primeira cerveja do outro lado, em um apartamento no qual nem sequer conhecia os moradores.
"Lembro que era uma cerveja em lata e eu não estava acostumada".
Mas naquela noite histórica, a agora chanceler lembrou que teria que acordar cedo no dia seguinte e decidiu voltar para casa.
Pouco tempo depois abandonou a Física para iniciar a carreira política. Em 1990 foi eleita deputada pela União Democrata-Cristã (CDU), então dirigida pelo chanceler Helmut Kohl. Em janeiro de 1991 assumiu o primeiro cargo ministerial.
Mas ela não conseguiu realizar o sonho daquela noite de 1989. "Nunca fui comer ostras no Kempinski com a minha mãe".