Exército iraquiano avança rumo a Tikrit, mas jihadistas resistem
As forças do governo iraquiano se aproximam lentamente de Tikrit, mas enfrentam os franco-atiradores e as minas colocadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico, no segundo dia da ofensiva para retomar esta cidade estratégica entre Bagdá e Mossul.
"Avançamos com precaução", afirmou um comandante militar na província de Saladino, onde fica Tikrit. O EI utiliza técnicas de guerrilha urbana e recorre a atiradores em emboscadas.
Bagdá mobilizou 30 mil soldados e sua aviação na maior operação lançada desde que o EI conquistou amplas faixas de território iraquiano, em junho de 2014.
Os jihadistas anunciaram nesta terça-feira (3) que um de seus combatentes, de nacionalidade americana, havia lançado um atentado suicida contra militares na província de Saladino.
Para reconquistar Tikrit, situada 160 km ao norte de Bagdá, as forças de segurança convergem de três direções, com o objetivo de controlar a área ao redor da cidade, segundo o oficial.
As tropas estavam nesta terça-feira na periferia de Dur, uma cidade ao sul de Tikrit, que tem o centro dominado pelo EI. Os jihadistas utilizam os civis que não conseguiram fugir como escudos humanos, destacou o comandante.
Ajuda militar turca
Nas proximidades de Djila, o exército iraquiano e os aliados avançam lentamente devido à grande quantidade de explosivos que o EI espalhou na região.
"O objetivo é cercar os combatentes e lançar o ataque para que não possam fugir", explicou o comandante.
Segundo John Drake, um especialista do instituto de investigação sobre segurança AKE Group, a ofensiva lançada na segunda-feira tem mais chances de êxito que as anteriores, já que os grupos xiitas contam com mais recursos.
"A operação será, no entanto, muito difícil", disse, porque as forças de segurança terão problemas para conseguir informação na zona, já que a população teme as represálias do EI.
Com o apoio da coalizão internacional contra os jihadistas liderada pelos Estados Unidos, as forças iraquianas tentam há meses reconquistar o norte do país. No entanto, embora tenham conseguido algumas vitórias, ainda não foram capazes de derrotar o EI em Tikrit.
Na ofensiva atual, a aviação da coalizão internacional ainda não interveio, embora tenham continuam na terça-feira seus bombardeiros diários contra o EI no Iraque e na Síria.
A Turquia enviou dois aviões carregados de material militar para apoiar o exército iraquiano, segundo os meios de comunicação turcos. Seu ministro da Defesa planeja visitar Bagdá na quarta-feira.
'Passarela para Mossul'
O EI controla Tikrit há nove meses e seu avanço foi espetacular no norte e no oeste do Iraque, onde o grupo jihadista impõe sua lei e multiplica as atrocidades, assim como nos territórios sob seu controle na vizinha Síria.
A tomada desta localidade abriria "uma passarela para a libertação de Mossul", segunda maior cidade do país e que fica 350 km ao norte de Bagdá.
Segundo os especialistas, a batalha de Tikrit permitiria comprovar a eficácia das forças heterogêneas mobilizadas contra o EI: exército, polícia, unidades antiterroristas, grupos de voluntários de maioria xiita e tribos locais sunitas.
"A batalha por Tikrit e pelas outras cidades da província de Saladino oferece uma leve ideia do que podemos esperar em Mossul", segundo a agência Sufan, especialista em inteligência.
De acordo com a imprensa iraniana e iraquiana, o general Ghasem Suleimani, comandante da Força Quds, uma unidade de elite do exército de Teerã, está nesta província para ajudar a coordenar as operações.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, pediu no domingo às forças pró-governo que respeitem à população civil de Tikrit. Ele tentava, assim, tranquilizar os habitantes, em sua maioria árabes sunitas, que temem represálias.
As milícias xiitas, acusadas de abusos, prometeram vingança por um ataque do EI, em meados de 2014, contra o campo militar de Speicher, no qual morreram centenas de jovens recrutas xiitas. Elas consideram que as tribos sunitas locais foram cúmplices do massacre.
Em Samarra, foram levantadas barracas para abrigar os civis que fogem da violência, como fizeram desde 2014 quase 2,5 milhões de iraquianos, segundo a Organização Internacional para as Migrações.
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