Fim da lua de mel de Macri: explodem protestos sindicais na Argentina
Buenos Aires, 31 Mar 2016 (AFP) - Demissões no setor público e aumentos de tarifas de até 100% no transporte, somados a altas em outros serviços básicos e alimentos, multiplicam nesta quinta-feira os protestos na Argentina, onde sindicalistas advertem sobre o final da "lua de mel" com o governo de Mauricio Macri.
Os aumentos incluem a alta de 500% na eletricidade e na água, cerca de 300% no gás, além de um crescimento de 6% ao mês, desde dezembro, nos preços dos combustíveis.
Os preços crescentes também atingem os alimentos básicos, pesando no bolso dos argentinos, e desafia a paciência das centrais sindicais, em meio a uma inflação que deve superar os 30% ao ano.
"Acabou a lua de mel com o governo", alertou Pablo Moyano, dirigente do poderoso sindicato de Caminhoneiros e filho de Hugo Moyano, líder da mais influente das cinco centrais sindicais.
Centenas de funcionários públicos se reuniram nessa quinta-feira na frente de vários ministérios. "Sim, podem-se frear as demissões", afirmavam cartazes que também pediram o fim das tarifas.
"Isso tinha que ser feito", justificou o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay ao advertir que essas decisões faziam parte "da plataforma de campanha" com a qual Mauricio Macri chegou à presidência em 10 de dezembro.
Protestos e demissõesEm frente ao ministério de Prat-Gay, trabalhadores da pasta e membros do sindicato de estatais denunciaram centenas de demissões em seu barulhento protesto.
O sindicato das estatais (ATE) aponta que 9.000 demissões no setor público nacional e 25.000 com o setor provincial e comunal.
Nessa quinta-feira, vence o prazo do decreto de emergência anunciado por Macri em dezembro para revisar 64.000 contratos temporários, particularmente 25.000 incorporados desde 2013.
O protesto obrigou a mudar para a sede do governo uma coletiva de imprensa do ministro do Transporte, Guillermo Dietrich, em que anunciou o aumento de 100% nos bilhetes de trem e ônibus da populosa região metropolitana de Buenos Aires.
O aumento será a metade para a chamada tarifa social, que beneficiará 6 milhões de pessoas, segundo afirmou o ministro.
"Ajuste brutal"A extensão e a quantia dos aumentos levou a deputada Elisa Carrió, aliada de Macri, a demonstrar suas divergências com o governo em que votou.
"Não compartilho ajustes brutais de água, gás, transporte em meio a uma inflação tão alta. Não se pode sufocar a sociedade que nos apoia", disse Carrió.
O ministro Prat-Gay demonstrou surpresa. "Diferente de outros processos políticos, fomos muito explícitos durante a campanha, o que nos confere a autoridade que de outra maneira não teríamos tido", disse.
O ministro argumentou que os aumentos na inflação é "algo estritamente transitório", embora os sindicatos digam o contrário.
Por parte dos caminhoneiros, Moyano antecipou "greves e mobilizações nas ruas", em meio ao início das negociações entre sindicatos e empresas a instâncias do Estado por aumentos salariais anuais.
Na estatal Aerolíneas Argentinas os trabalhadores anunciaram uma greve para essa sexta-feira que o governo se propõe a frear mediante uma medida de urgência do ministério de Trabalho.
A ATE, com o apoio das duas centrais sindicais, denunciou à Organização Internacional do Trabalho (OIT) "a perseguição sofrida pelos trabalhadores públicos em seus setores de trabalho e as demissões em massa".
Telegramas"Os trabalhadores ficam sabendo que não têm mais emprego quando o controle de entrada lhes dizem que deram baixa em sua permissão de entrada. É uma estratégia perversa de demissão", explicou à AFP Pablo Anino, delegado da ATE na pasta da Fazenda.
Por isso, a ATE organizou "entradas conjuntas" em todos os ministérios em meio a assembleias e mobilizações de ruas em um dia-chave, em que se suspeita que haverá centenas de baixa nos contratos, como aconteceu antes na Biblioteca Nacional (240) e no ministério de Cultura (500).
No ministério de Trabalho o ambiente era de angústia.
"Ligo para casa a cada cinco minutos para saber se chegou o telegrama", relatou uma trabalhadora social de 39 anos que há uma década trabalha ali.
"Os diretores da área fizeram listas onde nos classificam de 'prescindibilidade' e se estamos afiliados a um sindicato", disse.
A metros dela, em uma assembleia barulhenta, uma mulher chora. Por telefone acabam de confirmar que ela ficou sem emprego.
Os aumentos incluem a alta de 500% na eletricidade e na água, cerca de 300% no gás, além de um crescimento de 6% ao mês, desde dezembro, nos preços dos combustíveis.
Os preços crescentes também atingem os alimentos básicos, pesando no bolso dos argentinos, e desafia a paciência das centrais sindicais, em meio a uma inflação que deve superar os 30% ao ano.
"Acabou a lua de mel com o governo", alertou Pablo Moyano, dirigente do poderoso sindicato de Caminhoneiros e filho de Hugo Moyano, líder da mais influente das cinco centrais sindicais.
Centenas de funcionários públicos se reuniram nessa quinta-feira na frente de vários ministérios. "Sim, podem-se frear as demissões", afirmavam cartazes que também pediram o fim das tarifas.
"Isso tinha que ser feito", justificou o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay ao advertir que essas decisões faziam parte "da plataforma de campanha" com a qual Mauricio Macri chegou à presidência em 10 de dezembro.
Protestos e demissõesEm frente ao ministério de Prat-Gay, trabalhadores da pasta e membros do sindicato de estatais denunciaram centenas de demissões em seu barulhento protesto.
O sindicato das estatais (ATE) aponta que 9.000 demissões no setor público nacional e 25.000 com o setor provincial e comunal.
Nessa quinta-feira, vence o prazo do decreto de emergência anunciado por Macri em dezembro para revisar 64.000 contratos temporários, particularmente 25.000 incorporados desde 2013.
O protesto obrigou a mudar para a sede do governo uma coletiva de imprensa do ministro do Transporte, Guillermo Dietrich, em que anunciou o aumento de 100% nos bilhetes de trem e ônibus da populosa região metropolitana de Buenos Aires.
O aumento será a metade para a chamada tarifa social, que beneficiará 6 milhões de pessoas, segundo afirmou o ministro.
"Ajuste brutal"A extensão e a quantia dos aumentos levou a deputada Elisa Carrió, aliada de Macri, a demonstrar suas divergências com o governo em que votou.
"Não compartilho ajustes brutais de água, gás, transporte em meio a uma inflação tão alta. Não se pode sufocar a sociedade que nos apoia", disse Carrió.
O ministro Prat-Gay demonstrou surpresa. "Diferente de outros processos políticos, fomos muito explícitos durante a campanha, o que nos confere a autoridade que de outra maneira não teríamos tido", disse.
O ministro argumentou que os aumentos na inflação é "algo estritamente transitório", embora os sindicatos digam o contrário.
Por parte dos caminhoneiros, Moyano antecipou "greves e mobilizações nas ruas", em meio ao início das negociações entre sindicatos e empresas a instâncias do Estado por aumentos salariais anuais.
Na estatal Aerolíneas Argentinas os trabalhadores anunciaram uma greve para essa sexta-feira que o governo se propõe a frear mediante uma medida de urgência do ministério de Trabalho.
A ATE, com o apoio das duas centrais sindicais, denunciou à Organização Internacional do Trabalho (OIT) "a perseguição sofrida pelos trabalhadores públicos em seus setores de trabalho e as demissões em massa".
Telegramas"Os trabalhadores ficam sabendo que não têm mais emprego quando o controle de entrada lhes dizem que deram baixa em sua permissão de entrada. É uma estratégia perversa de demissão", explicou à AFP Pablo Anino, delegado da ATE na pasta da Fazenda.
Por isso, a ATE organizou "entradas conjuntas" em todos os ministérios em meio a assembleias e mobilizações de ruas em um dia-chave, em que se suspeita que haverá centenas de baixa nos contratos, como aconteceu antes na Biblioteca Nacional (240) e no ministério de Cultura (500).
No ministério de Trabalho o ambiente era de angústia.
"Ligo para casa a cada cinco minutos para saber se chegou o telegrama", relatou uma trabalhadora social de 39 anos que há uma década trabalha ali.
"Os diretores da área fizeram listas onde nos classificam de 'prescindibilidade' e se estamos afiliados a um sindicato", disse.
A metros dela, em uma assembleia barulhenta, uma mulher chora. Por telefone acabam de confirmar que ela ficou sem emprego.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.