O governo britânico divulgou nesta quarta-feira (4) seu projeto para uma nova lei de espionagem que, se for aprovado, permitirá às autoridades acesso à lista das páginas de internet visitadas por qualquer usuário, sem a necessidade de um mandado judicial.

"As vantagens (da internet), das quais todos nos beneficiamos, são exploradas pelo crime organizado, pelos fraudadores e pelos terroristas", declarou a ministra britânica do Interior, Theresa May, ao justificar as medidas.

As novas leis serão "a licença para operar" das agências de Inteligência, acrescentou, negando que violem a privacidade dos usuários.

O capítulo mais polêmico da nova lei é a possibilidade de acesso ao histórico de navegação, obrigando as operadoras a conservarem o registro de atividade do último ano.

May disse que será possível saber, por exemplo, se alguém visitou o Facebook. Para saber exatamente as páginas visitadas nessa rede social, ou as mensagens postadas, ainda será necessário, porém, um mandado da Justiça.

Os registros, aos quais as autoridades poderão ter acesso, serão "o equivalente moderno de uma conta de telefone detalhada", com a especificação das chamadas, completou May.

Apesar disso, as organizações de defesa dos direitos civis já manifestaram sua insatisfação com os planos do governo.

O Reino Unido "está prestes a se transformar na única democracia do mundo a obrigar as empresas de internet a arquivar as páginas visitadas pelas pessoas", lamentou o jornalista Glenn Greenwald, do site "The Intercept".

Greenwald foi responsável pela reportagem no britânico "The Guardian" sobre o programa de espionagem global e maciço por parte da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês), com base nos documentos vazados pelo ex-analista de Inteligência americano Edward Snowden.

O projeto de lei será examinado por uma comissão parlamentar, que poderá introduzir emendas antes que o texto seja debatido em plenária.