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Livreiro desaparecido em Hong Kong se reúne com esposa na China continental

24/01/2016 13h09

Hong Kong, 24 Jan 2016 (AFP) - Um livreiro cujo desaparecimento causou grande impacto entre a população de Hong Kong que temia a possibilidade de que tivesse sido detido pelas autoridades chinesas, reuniu-se com sua mulher na China continental, anunciou neste domingo a polícia.

Da mesma forma que outras quatro pessoas desaparecidas em circunstâncias misteriosas, Lee Bo, um cidadão britânico de 65 anos, trabalhava para a editora Mighty Current, conhecida por publicar obras críticas ao governo chinês.

Mas, ao contrário dos demais, Lee Boo desapareceu no dia 30 de dezembro quando ainda se encontrava em Hong Kong. Os serviços de segurança chineses não têm o poder de intervir na ex-colônia britânica, governada por um regime semiautônomo, mas o desaparecimento não deixou de gerar alarde.

"A polícia foi informada pela esposa de Lee Bo de que se reuniram na tarde de 23 de janeiro em um hotel do continente", indicou um porta-voz policial de Hong Kong.

A esposa de Lee, Sophie Choi, declarou que estava "bem de saúde e disposto", além de estar "colaborando em uma investigação como testemunha", acrescentou o porta-voz, sem detalhar o lugar do encontro.

Os meios de comunicação de Hong Kong publicaram várias cartas, supostamente escritas pelo próprio Lee, em que explica que saiu da China continental por vontade própria.

Os defensores dos direitos humanos consideram tudo isto "tática de intimidação" do governo de Pequim.

Na semana passada, outro funcionário da Mighty Current, Gui Minhai, desaparecido na Tailândia em outubro, fez um depoimento surpreendente na televisão chinesa.

Afirmava ter voltado voluntariamente à China para assumir sua responsabilidade legal 11 anos depois de matar uma estudante em um acidente de carro, quando dirigia embriagado.

Os defensores dos direitos humanos expressaram indignação e chamaram de "cortina de fumaça" o depoimento que, segundo eles, tenta ocultar o fato de que os funcionários da editora estão na mira das autoridades por suas publicações incômodas.