Governo de união líbio é rejeitado apesar da pressão internacional

Bengasi, Líbia, 25 Jan 2016 (AFP) - As esperanças de uma saída para a crise na Líbia foram frustradas mais uma vez nesta segunda-feira, com a rejeição do governo de unidade nacional formado há uma semana sob pressão da comunidade internacional.

O Parlamento reconhecido internacionalmente recusou-se a conceder a sua confiança a este governo composto por 32 ministros representando as diferentes regiões do país, mergulhado no caos desde o fim da revolta que derrubou o regime de Muammar Khaddafi no final de 2011.

"Dos 104 deputados presentes hoje, 89 disseram não", informou à AFP um deles, Ali al-Gaydi, após a reunião em Tobruk (leste). Eles "rejeitaram este governo por causa do número de ministros", considerado muito elevado, explicou seu colega Salhine Abdelnabi.

Uma reviravolta no Parlamento é possível porque os deputados "deram 10 dias para a formação de um novo governo com menos ministros", segundo Fathi Abdelkarim, uma autoridade presente em Tobruk.

Um voto positivo é crucial para que este governo liderado pelo empresário Fayez el-Sarraj entre em funções. Ele deve representar um passo importante para a implementação do acordo político alcançado em dezembro, em Skhirat (Marrocos), sob a égide das Nações Unidas.

A comunidade internacional deposita suas expectativas neste governo para lutar mais eficazmente contra a crescente ameaça do grupo Estado Islâmico (EI), localizado no norte do país, e o fluxo de imigrantes à Europa via Líbia.

Existem atualmente três autoridades de fato na Líbia: o governo reconhecido pela comunidade internacional com sede em Baida e que controla parte do leste; o de "salvação nacional" que administra a capital Trípoli e os das regiões ocidentais, com o apoio de algumas milícias islâmicas.

O poder do governo de unidade nacional é atualmente "virtual", parcialmente baseado em Túnis e sem recursos. Mas embora não tenha existência legal, seu conselho presidencial assina seus comunicados sob o selo "Estado da Líbia - Governo de União Nacional" e seu primeiro-ministro Sarraj é recebido como tal no exterior, como em Argel, nesta segunda-feira.

Vácuo de poderProfundas divergências surgiram entre os dois governos rivais sobre o acordo de Skhirat, concluído depois de meses de complexas negociações lideradas pela ONU.

O acordo foi assinado por membros dos dois Parlamentos rivais, mas não foi ratificado por qualquer das duas câmaras legislativas. E os dois presidentes dos Parlamentos se opuseram ao texto.

"A grande dificuldade será fazer aceitar o acordo", advertiu antes da votação de segunda-feira o parlamentar Fahmi Tuati.

O acordo também é contestado no Congresso Geral Nacional (CGN), que controla Trípoli há um ano e meio.

As tentativas de apaziguar as rivalidades líbias e estabilizar o país rico em petróleo fracassaram até o momento.

O EI aproveitou do vácuo de poder para tomar o controle da cidade de Syrte, 450 km a leste de Tripoli, e seus arredores.

O grupo jihadista lançou recentemente uma ofensiva na região conhecida como "Crescente petrolífero", onde estão localizados os principais terminais de petróleo. Segundo Paris, a organização conta com cerca de 3.000 combatentes na Líbia.

Esta situação preocupa em particular os países do sul da Europa, incluindo a Itália, e os vizinhos da Líbia, como Egito e Tunísia.

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