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Talibãs afegãos têm dificuldade para encontrar novo líder

24/05/2016 11h08

Cabul, 24 Mai 2016 (AFP) - Os talibãs afegãos, reunidos em "Shura", seu conselho central, tentaram nesta terça-feira, pelo terceiro dia consecutivo, eleger um sucessor ao mulá Akhtar Mansur, seu líder morto no sábado por um drone americano, indicaram fontes do movimento.

"As negociações continuam, os membros (da Shura) abordam todas as questões" em um local mantido em sigilo, explicou à AFP um responsável dos talibãs afegãos a partir de um lugar desconhecido no Paquistão.

No entanto, a tarefa é complexa e nenhum dos candidatos potenciais parece realmente se impor. "Alcançar um consenso provavelmente levará tempo", prosseguiu esta fonte que pediu o anonimato.

Muitos dos comandantes exigem um líder que seja um consenso, explicou outro responsável talibã de alto escalão, estabelecido no noroeste do Paquistão. "Precisamos de alguém que seja apto a conciliar, e não um guerreiro".

A nomeação no verão passado do mulá Akhtar Mansur provocou divergências, em alguns casos irreconciliáveis. Diversos líderes se negaram em um primeiro momento a professar lealdade e julgaram sua designação precipitada. Outros se separaram.

Entre os diferentes nomes que os especialistas adiantaram para a sucessão de Mansur, o do mulá Yacub, de aproximadamente 25 anos, filho do mulá Omar, é repetido com frequência.

"É capaz de unificar o movimento, sobretudo porque é filho do mulá Omar", fundador do movimento talibã em 1994, disse Rahimullah Yusafzai, um analista paquistanês grande conhecedor do movimento.

Mas o jovem teria rejeitado a possibilidade de sua nomeação usando como pretexto sua "juventude", segundo uma fonte talibã.

Outra figura evocada é Sirayudin Haqani, filho do fundador da rede insurgente de mesmo nome, aliado dos talibãs e conhecido próximo do Paquistão. Mas ele também teria rejeitado a oferta.

Nem o Paquistão, considerado o padrinho histórico dos talibãs, nem os insurgentes confirmaram até o momento a morte do mulá Mansur, que os dirigiu por apenas nove meses e meio.

Segundo o presidente americano, Barack Obama, e o governo afegão, o líder dos talibãs morreu vítima de um tiro de drone americano em uma zona recôndita do Paquistão no sábado.

"Eliminamos o líder de uma organização que continua conspirando e atentando contra americanos e contra as forças da coalizão, fazendo a guerra contra o povo afegão e alinhada com grupos extremistas como Al-Qaeda", afirmou Obama na segunda-feira em um comunicado.

O Pentágono justificou o ataque afirmando que o líder dos talibãs representava uma "ameaça iminente" para as forças da Otan".

O ataque com drones no sábado que matou o chefe talibã parece ser a incursão americana mais importante no espaço aéreo paquistanês desde o realizado contra o líder histórico da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em 2011.

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