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Tia do líder da Coreia do Norte vive de forma anônima em Nova York

28/05/2016 11h12

Washington, 28 Mai 2016 (AFP) - Uma tia do líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, vive anonimamente em Nova York, onde possui uma lavanderia, depois de ter desertado em 1998, informou na sexta-feira o jornal The Washington Post.

Ko Yong-suk - que vive com seu marido, Ri Gang, e seus três filhos sob nomes falsos - é irmã de Ko Yong Hui, uma das esposas que o falecido líder norte-coreano teve e mãe de Kim Jong-Un.

Próximo ao regime comunista da Coreia do Norte, o casal foi enviado à Suíça para cuidar de membros da família governante que estudavam lá, incluindo Kim Jong-Un.

"Ele não era problemático, mas tinha um gênio ruim e falta de tolerância", disse Ko sobre seu sobrinho Kim.

"Quando sua mãe tentava importuná-lo por brincar muito ou não estudar o suficiente, ele não a respondia (de forma insolente), mas protestava de outras formas, como entrando em greve de fome", relatou.

Ko disse que Kim nasceu em 1984, o que significa que tinha apenas 27 anos quando assumiu o poder, em 2011, após a morte de seu pai, Kim Il-Jong, e não 33 ou 34 anos, como se estimava na época.

O próprio filho de Ko nasceu no mesmo ano e os dois meninos brincavam juntos.

"Ele e meu filho brincavam juntos desde que nasceram", disse a mulher ao Post. "Eu troquei as fraldas dos dois".

O principal interesse de Kim era o basquete, disse Ko.

"Ele começou a jogar basquete e ficou obcecado com isso", indicou, acrescentando que inclusive dormia com uma bola de basquete.

Foi divulgado que Kim era fã de Michael Jordan e como governante recebeu o ex-astro do basquete Dennis Rodman várias vezes em Pyongyang.

Kim sabia desde 1992 que se tornaria um dia o líder da Coreia do Norte, disse Ko. O sinal chegou quando completou oito anos e recebeu seu uniforme de general e a cúpula militar do país se inclinou diante dele.

Não foram divulgadas as razões pelas quais Ko desertou aos Estados Unidos, onde chegou com seu marido depois de se apresentar na embaixada norte-americana na capital suíça.

No entanto, a irmã de Ko sofreu um câncer de mama terminal e o casal pode ter acreditado que perderia seus privilégios depois que as crianças cresceram na Suíça, indicou o Post.

Analistas sugerem que eles também podem ter temido uma mudança em suas vidas caso a irmã de Ko - sua conexão com o regime - morresse.

Após meses de interrogatórios, eles foram finalmente reinstalados em Nova York, onde iniciaram novas vidas sob nomes não revelados pelo Washington Post, e abriram um negócio com ajuda financeira da CIA.

"Meus amigos aqui me dizem que sou muito sortuda, que tenho tudo", disse a mulher.

Os três filhos de Ko foram à universidade e encontraram empregos nos Estados Unidos, explicou o Post.

Embora o casal ainda coopere com a CIA, o marido de Ko insistiu para que eles não revelassem nenhum segredo.

"Eles (os agentes da CIA) pensavam que nós conhecíamos alguns segredos, mas nós não sabíamos de nada", disse o marido. "Nós só cuidávamos das crianças e as ajudávamos a estudar".