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Mulher filma morte do namorado negro baleado pela polícia nos EUA

Policial aponta arma para homem negro ferido no interior de carro - Reprodução/ Youtube
Policial aponta arma para homem negro ferido no interior de carro Imagem: Reprodução/ Youtube

Em Washington

07/07/2016 15h42

Uma mulher gravou e divulgou ao vivo os últimos instantes de vida de seu namorado, um americano negro baleado por um policial em Minnesota, EUA, horas depois do anúncio de uma investigação federal sobre um caso similar na Louisianna.

O homem, de 32 anos e identificado por sua família como Philando Castile, funcionário de um refeitório escolar, morreu na noite de quarta-feira (6) após uma blitz na cidade de Falcon Heights, indicou a polícia.

Sua namorada gravou com o telefone celular os últimos momentos do jovem depois de ser baleado. Sua filha pequena também estava no carro.

"Meu Deus, não me digam que morreu, não me digam que meu namorado foi embora assim... Foi atingido por quatro tiros, senhor", afirma a mulher no vídeo, divulgado ao vivo no Facebook Live e visualizado mais de 1,7 milhão de vezes.

Nele é possível ver o homem no assento do motorista com manchas de sangue na blusa.

Na véspera, outro homem negro foi abatido pela polícia na Louisianna, em um caso pelo qual foi aberta uma investigação.

 

No vídeo, a mulher, que se identifica como Lavish Reynolds em sua página do Facebook, explica que seu namorado estava procurando os documentos quando o policial atirou no braço.

Castile tinha porte de arma de fogo, e estava procurando sua licença e os documentos de seu veículo quando a polícia atirou, segundo ela.

A polícia, por sua vez, disse que a morte estava sendo investigada e que no lugar do incidente foi encontrado um revólver.

Castile "estava tentando tirar seu documento de identidade e sua carteira do bolso. Disse ao agente que tinha uma arma de fogo e que ia pegar sua carteira, e então o policial atirou no seu braço", disse Reynolds no vídeo.

Segundo ela, o agente, que ainda não foi identificado, era "chinês". Também explica que o veículo foi parado por uma luz de farol queimada, e que havia maconha no carro.

No vídeo é possível ver o homem no assento e o policial apontando a arma contra ele, do outro lado da janela.

"Eu disse a ele para não pegá-la. Falei para colocar as mãos para o alto!", grita o policial no vídeo.

No Facebook foi criado uma página intitulada "Justiça para Philando Castile", na qual se afirma: "Philando Castile morreu pelas mãos da polícia no dia 6 de julho de 2016. Exigimos justiça".

Perto do fim do vídeo, de 10 minutos de duração, a filha de Reynolds, de quatro anos, tenta tranquilizar a mãe aterrorizada.

"Esta tudo bem, mamãe", diz a menina. "Está tudo bem, estou aqui com você".

Protestos na Louisianna

O governador da Louisianna, John Bel Edwards, anunciou na quarta-feira (6) uma investigação federal depois que a polícia matou na véspera um homem negro em Baton Rouge, a capital do estado, provocando protestos indignados. O incidente também foi filmado com um telefone celular e divulgado na internet.

Os distúrbios em Baton Rouge começaram pouco depois que dois policiais mataram a tiros Alton Sterling com disparos à queima-roupa no peito na madrugada de terça-feira, em um incidente que foi presenciado por muitas testemunhas.

Sterling, de 37 anos, vendia cds fora de uma loja e sua morte provocou grandes protestos.

Um vídeo gravado por testemunhas e divulgado online mostra um oficial correndo atrás de um homem negro alto e magro, antes que outro agente o ajudasse a imobilizá-lo no chão e depois disparasse à queima-roupa quatro vezes.