Sudão do Sul: milhares de habitantes fogem de combates na capital
Juba, 11 Jul 2016 (AFP) - Milhares de habitantes da capital sul-sudanesa, Juba, fugiram neste domingo (10) dos combates entre soldados do governo e ex-rebeldes, dois dias depois dos confrontos que deixaram mais de 150 mortos.
Ambos os lados se acusam mutuamente do início desses confrontos, que ameaçam um frágil acordo de paz assinado no ano passado no país mais jovem do mundo. Ontem, sábado, comemorou-se o aniversário de cinco anos de sua independência.
Desde dezembro de 2013, o Sudão do Sul sofre um conflito interno, que causou a morte de milhares de pessoas e obrigou três milhões a abandonarem suas casas.
Neste domingo, a ONU informou que foram registrados disparos de morteiro, de granadas e de outras armas pesadas. Um helicóptero de combate sobrevoou a capital.
Alguns moradores da cidade permaneceram em suas casas para evitar os ataques, enquanto outros fugiram, relataram testemunhas.
"A situação se deteriorou consideravelmente em Juba", alertou a embaixada dos Estados Unidos em sua página no Facebook, recomendando que os americanos permaneçam em suas casas.
A embaixada informou também de "violentos combates em curso entre forças governamentais e da oposição, nos arredores especialmente do aeroporto, dos locais da Minuss [a missão da ONU no país], nos [bairros de] Jebel e em diferentes zonas de Juba".
Até o momento, não há nenhum balanço disponível.
Os combates acontecem dois dias depois dos confrontos entre os soldados leais ao presidente Salva Kiir e os seguranças do vice-presidente e ex-líder rebelde, Riek Machar.
Em dois dias, morreram mais de 150 pessoas, a maioria deles soldados de ambos os lados, segundo os ex-rebeldes.
Uma disputa política entre Kiir e Machar gerou o conflito interno no país em dezembro de 2013. Machar regressou a Juba em abril passado, após a assinatura de um acordo de paz em agosto de 2015, e voltou a ocupar o cargo de vice-presidente, em um governo de união nacional liderado por Kiir.
Na manhã deste domingo, os combates se estenderam para o leste de Juba, onde as tropas de ambos os lados dispõem de bases ao pé das montanhas de Jebel Kujur e perto de um campo de refugiados da ONU.
Posteriormente, os confrontos atingiram outras partes da capital, incluindo a área de Gudele, conhecida por ser um barril de pólvora, e o bairro de Tongping, próximo ao aeroporto internacional de Juba.
A companhia aérea Kenya Airways anunciou a suspensão de todos os voos para Juba por considerar a situação de segurança "incerta".
Combates 'inaceitáveis'Na tarde de domingo, o ministro sul-sudanês da Informação, Michael Makuei, acusou os ex-rebeldes de serem os responsáveis pelos confrontos, e disse que ambos os lados deveriam impôr às suas tropas "um cessar-fogo unilateral".
Um pouco antes, um porta-voz de Machar responsabilizou as forças governamentais pelos confrontos.
"Nossas forças foram atacadas na base de Jebel", denunciou James Gatdet Dak, afirmando que a ação foi contida e que foram usados helicópteros de combate e tanques para bombardear sua base.
Os países da região, entre eles Quênia e Sudão, pediram o fim dos combates e estudam a realização de uma cúpula de emergência na segunda-feira (11) em Nairóbi.
Em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exortou os líderes sul-sudaneses a encerrarem esses combates "inaceitáveis".
Em declaração adotada por unanimidade neste domingo, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU exigiram do presidente Salva Kiir e de seu rival e vice-presidente Riek Machar que "façam todo o possível para controlar suas respectivas forças e pôr fim, de forma urgente, aos combates".
Durante essa reunião extraordinária, o chefe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), Hervé Ladsous, apresentou um relatório sobre a situação.
Ladsous destacou que a sede da UNMISS foi atingida no tiroteio. Segundo ele, um capacete azul chinês morreu, e vários ficaram feridos.
"Não temos números mais precisos", acrescentou.
"Nossa conclusão é que a cadeia de comando não está funcionando no país", avaliou Ladsous.
Além de exigir o fim dos combates em Juba, o governo americano anunciou a retirada de seu pessoal dessa capital.
Em Juba, os habitantes se refugiaram em um campo da ONU, que já abriga 28.000 deslocados e está situado perto de onde começaram os confrontos.
Segundo trabalhadores humanitários, os disparos chegaram ao interior do campo, ferindo vários civis.
Os civis também se dirigiram para outra base da ONU, próxima ao aeroporto.
Fora da capital, em várias regiões do país, confrontos vêm sendo registrados há meses, apesar do acordo de paz. O conflito político inicial entre Kiir e Machar se tornou mais complexo com combates entre etnias e lutas em nível local.
bur-tmc-jlb-lp/fp/db/tt
Ambos os lados se acusam mutuamente do início desses confrontos, que ameaçam um frágil acordo de paz assinado no ano passado no país mais jovem do mundo. Ontem, sábado, comemorou-se o aniversário de cinco anos de sua independência.
Desde dezembro de 2013, o Sudão do Sul sofre um conflito interno, que causou a morte de milhares de pessoas e obrigou três milhões a abandonarem suas casas.
Neste domingo, a ONU informou que foram registrados disparos de morteiro, de granadas e de outras armas pesadas. Um helicóptero de combate sobrevoou a capital.
Alguns moradores da cidade permaneceram em suas casas para evitar os ataques, enquanto outros fugiram, relataram testemunhas.
"A situação se deteriorou consideravelmente em Juba", alertou a embaixada dos Estados Unidos em sua página no Facebook, recomendando que os americanos permaneçam em suas casas.
A embaixada informou também de "violentos combates em curso entre forças governamentais e da oposição, nos arredores especialmente do aeroporto, dos locais da Minuss [a missão da ONU no país], nos [bairros de] Jebel e em diferentes zonas de Juba".
Até o momento, não há nenhum balanço disponível.
Os combates acontecem dois dias depois dos confrontos entre os soldados leais ao presidente Salva Kiir e os seguranças do vice-presidente e ex-líder rebelde, Riek Machar.
Em dois dias, morreram mais de 150 pessoas, a maioria deles soldados de ambos os lados, segundo os ex-rebeldes.
Uma disputa política entre Kiir e Machar gerou o conflito interno no país em dezembro de 2013. Machar regressou a Juba em abril passado, após a assinatura de um acordo de paz em agosto de 2015, e voltou a ocupar o cargo de vice-presidente, em um governo de união nacional liderado por Kiir.
Na manhã deste domingo, os combates se estenderam para o leste de Juba, onde as tropas de ambos os lados dispõem de bases ao pé das montanhas de Jebel Kujur e perto de um campo de refugiados da ONU.
Posteriormente, os confrontos atingiram outras partes da capital, incluindo a área de Gudele, conhecida por ser um barril de pólvora, e o bairro de Tongping, próximo ao aeroporto internacional de Juba.
A companhia aérea Kenya Airways anunciou a suspensão de todos os voos para Juba por considerar a situação de segurança "incerta".
Combates 'inaceitáveis'Na tarde de domingo, o ministro sul-sudanês da Informação, Michael Makuei, acusou os ex-rebeldes de serem os responsáveis pelos confrontos, e disse que ambos os lados deveriam impôr às suas tropas "um cessar-fogo unilateral".
Um pouco antes, um porta-voz de Machar responsabilizou as forças governamentais pelos confrontos.
"Nossas forças foram atacadas na base de Jebel", denunciou James Gatdet Dak, afirmando que a ação foi contida e que foram usados helicópteros de combate e tanques para bombardear sua base.
Os países da região, entre eles Quênia e Sudão, pediram o fim dos combates e estudam a realização de uma cúpula de emergência na segunda-feira (11) em Nairóbi.
Em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exortou os líderes sul-sudaneses a encerrarem esses combates "inaceitáveis".
Em declaração adotada por unanimidade neste domingo, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU exigiram do presidente Salva Kiir e de seu rival e vice-presidente Riek Machar que "façam todo o possível para controlar suas respectivas forças e pôr fim, de forma urgente, aos combates".
Durante essa reunião extraordinária, o chefe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), Hervé Ladsous, apresentou um relatório sobre a situação.
Ladsous destacou que a sede da UNMISS foi atingida no tiroteio. Segundo ele, um capacete azul chinês morreu, e vários ficaram feridos.
"Não temos números mais precisos", acrescentou.
"Nossa conclusão é que a cadeia de comando não está funcionando no país", avaliou Ladsous.
Além de exigir o fim dos combates em Juba, o governo americano anunciou a retirada de seu pessoal dessa capital.
Em Juba, os habitantes se refugiaram em um campo da ONU, que já abriga 28.000 deslocados e está situado perto de onde começaram os confrontos.
Segundo trabalhadores humanitários, os disparos chegaram ao interior do campo, ferindo vários civis.
Os civis também se dirigiram para outra base da ONU, próxima ao aeroporto.
Fora da capital, em várias regiões do país, confrontos vêm sendo registrados há meses, apesar do acordo de paz. O conflito político inicial entre Kiir e Machar se tornou mais complexo com combates entre etnias e lutas em nível local.
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