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FBI investiga ciberataque contra o Partido Democrata

25/07/2016 21h34

Washington, 26 Jul 2016 (AFP) - O FBI investiga um ciberataque contra o Partido Democrata - anunciou a Polícia Federal americana nesta segunda-feira (25) após a publicação pelo WikiLeaks de e-mails comprometedores para a campanha da candidata Hillary Clinton.

Um breve comunicado aponta que o FBI procura determinar "a natureza e a amplitude" desse ciberataque.

"Um assunto dessa natureza é algo que levamos muito a sério, e o FMI continuará a investigar", completou.

O porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, acrescentou: "acho que devemos deixar o FBI fazer o trabalho dele antes de tentarmos tirar qualquer conclusão aqui sobre o que aconteceu e qual motivação estava por trás disso".

O vazamento na sexta-feira (22) de documentos revelando que líderes do partido buscavam minar a campanha de Bernie Sanders e favorecer Hillary provocou um escândalo na véspera da inauguração da Convenção do Partido Democrata na Filadélfia, onde a candidata deverá ser oficializada para a corrida presidencial.

A presidente do partido, Debbie Wasserman Schultz, precisou renunciar ao cargo no domingo em meio à tormenta provocada pelo vazamento de 20.000 e-mails, que deixavam claro como líderes democratas se esforçaram para fazer a campanha de Sanders, que disputava a candidatura presidencial com Hillary, fracassar.

Já a equipe de campanha de Hillary tentou desviar a atenção sobre os esforços contra Sanders, sugerindo que o ciberataque, e a publicação dos e-mails, poderia ter sido ordenada por Moscou para favorecer Donald Trump, mais crítico à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) do que sua rival democrata.

"Os especialistas nos dizem que atores estatais russos invadiram o DNC para filtrar aqueles e-mails que foram posteriormente vazados por sites", declarou o diretor de campanha Robby Mook à rede de televisão ABC.

"É preocupante, pois alguns especialistas agora estão nos dizendo que isso foi feito pelos russos, a fim de ajudar Donald Trump", acrescentou.

Trump tem procurado atrair o apoio de eleitores democratas que apoiaram Sanders - que se proclamava um candidato social-democrata - e que consideram que ele não teve a oportunidade de disputar em igualdade a nomeação.

O candidato republicano tentou aproveitar a polêmica.

Hillary "trabalhou muito, muito, para manipular o sistema", disse Trump, em um ato de campanha na Virgínia, nesta segunda-feira.

"Mas ela não sabia que China, ou Rússia, um dos nossos muitos, muitos amigos, vieram e nos hackearam na nossa cara", ironizou.

Para o especialista em cibersegurança James Lewis, do "think tank" americano Center for Strategic and International Studies (CSIS), embora o envolvimento russo neste caso seja real, não significa que também tenham sido os responsáveis pelo vazamento.

"Também poderia ser alguém de dentro, usando os russos como desculpa", disse à AFP por e-mail.

Alguns especialistas são ainda mais cautelosos.

"É muito difícil atribuir a autoria de um ato de pirataria na Internet e, em muitos casos, impossível", comentou o especialista em cibersegurança, Bruce Schneier, diretor de Tecnologia na Resilient, uma companhia da IBM.

Em entrevista à rede NBC News, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que "não há provas" até o momento de que a Rússia esteja por trás desse vazamento.