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Francisco, recebido por multidão em Czestokowa, sofre queda sem gravidade

28/07/2016 11h26

Czestochowa, Polónia, 28 Jul 2016 (AFP) - Uma multidão de católicos recebeu nesta quinta-feira o papa Francisco no santuário de Czestochova, na Polônia, onde sofreu uma queda sem gravidade.

"O Papa está bem. Voltou de helicóptero porque o tempo melhorou", disse à AFP o americano Greg Burke, novo porta-voz do Vaticano.

O pontífice havia modificado sua programação pela manhã para viajar de carro, e não de helicóptero, de Cracóvia a Czestochowa, a 100 quilômetros de distância, e temia-se que o retorno de helicóptero tivesse sido decidido após sua queda, transmitida ao vivo pela televisão.

Antes da cerimônia solene para comemorar o 1.050 aniversário do "batismo da Polônia", que contou com a participação de muitos bispos de todo o mundo, assim como de autoridades nacionais, o Papa, de 79 anos, caiu enquanto se dirigia ao altar, o que gerou preocupação imediatamente.

Francisco caiu de uma escada não muito alta enquanto caminhava em direção ao altar e precisou ser levantado por um grupo de religiosos que o assistiam, prosseguindo a celebração sem problemas.

Não é a primeira vez que Francisco cai; em várias oportunidades tropeçou publicamente e em uma ocasião se irritou com os empurrões dos fiéis que o fizeram perder o equilíbrio.

Francisco chegou a bordo do papamóvel à esplanada do popular santuário de Jasna Gora, o lugar onde desde o século XIV é venerada a imagem da "Virgem Negra", chamada assim pela cor de sua pele e onde uma multidão silenciosa o esperava.

Antes de celebrar a missa, o Papa se recolheu em silêncio na capela diante da imagem, que segundo a tradição foi pintada por São Lucas.

Assim como seus antecessores João Paulo II e Bento XVI, Francisco doou uma rosa de ouro, o presente tradicional que os pontífices oferecem aos santuários marianos.

"Não ceder à tentação de se isolar e se impor"Já no altar, com o santuário as suas costas, o Papa argentino presidiu uma missa solene em homenagem à Polônia, entre os países mais católicos do mundo.

"Deus prefere se instalar nos lugares pequenos, ao contrário do homem, que tende a querer algo cada vez maior. Ser atraído pelo poder, pela grandeza, pela visibilidade é algo tragicamente humano", disse Francisco diante da multidão, que segundo alguns meios de comunicação locais superava as 200.000 pessoas, em sua maioria polonesas.

Na presença do presidente Andrzej Duda, da primeira-ministra Beata Szydlo e do líder do partido conservador Direito e Justiça (PiS) Jaroslaw Kaczynski, todos católicos praticantes, o Papa pediu que não cedam "jamais à tentação de se isolar e se impor".

Uma alusão às tensões pelas divisões políticas entre os conservadores no poder e os que são considerados herdeiros do regime comunista.

Um grande dispositivo de segurança, incluindo a mobilização de oito helicópteros, acompanhou o retorno do Papa a Cracóvia, um desafio diante do qual foram mobilizados 20.000 efetivos, em meio ao medo de atentados que assola a Europa.

O Papa iniciou seu segundo dia na Polônia com uma visita privada ao cardeal polonês Franciszek Macharski, de 89 anos, hospitalizado em Cracóvia, e posteriormente se reuniu com as freiras das Irmãs de Apresentação em um monastério da cidade.

Francisco chegou na quarta-feira à Polônia para uma visita de cinco dias, onde uma multidão festiva de jovens católicos de todo o mundo o espera nesta quinta-feira no enorme parque de Blonia, no centro da cidade, para presidir a Jornada Mundial da Juventude, conhecida como o "Woodstock" dos católicos, criada por João Paulo II em 1986.

Apesar da segurança e fiel ao seu estilo menos pomposo, o Papa viajará em um bonde moderno e ecológico, conhecido como o "Krakowiak", com as cores do Vaticano, branco e amarelo, para chegar ao parque.

Na véspera, o pontífice argentino pronunciou um discurso forte e político para pedir ao governo polonês que acolha os refugiados, um tema espinhoso que incomoda até o episcopado.

A bordo do avião, o Papa se referiu ao assassinato na terça-feira na França de um sacerdote e insistiu no conceito de que o mundo está em guerra, "uma terceira guerra mundial", que esclareceu que não se trata de uma "guerra de religiões".