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O segundo terrorista da igreja é identificado na França

28/07/2016 08h58

Paris, 28 Jul 2016 (AFP) - A investigação sobre o assassinato de um padre na França avançou nesta quinta-feira com a identificação formal do segundo terrorista, um jovem fichado recentemente por radicalização, enquanto aumentam as críticas da oposição de direita contra o governo.

Abdel Malik Nabil Petitjean, de 19 anos, foi identificado como a segunda pessoa envolvida no assassinato na terça-feira do padre Jacques Hamel, de 86 anos, degolado quando celebrava uma missa na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, uma pequena localidade de cerca de 30.000 habitantes no noroeste da França.

Ele nunca havia sido alvo de uma condenação, razão pela qual suas impressões digitais e seu DNA não constavam nos registros, o que atrasou sua identificação.

No entanto, os serviços antiterroristas franceses o ficharam em 29 de junho por ter tentado viajar à Síria, segundo uma fonte próxima à investigação.

Uma análise do DNA de sua mãe tornou possível sua identificação. Três pessoas de sua família foram detidas e colocadas em prisão preventiva, indicou a fonte.

Estas detenções "permitirão obter elementos sobre o perfil do assassino. Até o momento, nenhum elemento indica que estas pessoas estejam envolvidas no assassinato", acrescentou a mesma fonte.

O primeiro terrorista já havia sido identificado. Tratava-se de Adel Kermiche, um francês de 19 anos.

Kermiche, procedente de uma família de origem argelina sem problemas, mas que sofria de transtornos de conduta, passou dez meses na prisão à espera de um julgamento por ter tentado viajar à Síria em duas ocasiões em 2015.

Foi solto em março deste ano e colocado em prisão domiciliar com uma pulseira eletrônica. Uma decisão tomada por um juiz que a promotoria apelou, sem resultado.

- Lealdade ao EI - A organização Estado Islâmico (EI) divulgou na quarta-feira à noite um vídeo no qual os dois criminosos juram lealdade a este grupo terrorista. O EI havia reivindicado na terça-feira a autoria do ataque.

A oposição de direita, assim como magistrados e advogados, pedem uma revisão do direito penal na França para adaptá-lo ao desafio terrorista.

Após uma breve demonstração de união durante uma missa na noite de quarta-feira em memória do sacerdote assassinado na catedral Notre Dame de Paris, as acusações políticas sobre supostas falhas de segurança voltaram.

No caso do atentado de Nice de 14 de julho (84 mortos), a direita e a extrema-direita denunciaram medidas de segurança insuficientes.

Sobre o assassinato do padre, as autoridades deverão explicar porque os dois assassinos, fichados pelos serviços de inteligência, não estavam mais bem vigiados.

No jornal Le Figaro, Laurent Wauquiez, o número dois do partido de direita Os Republicanos do ex-presidente Nicolas Sarkozy, exige a renúncia do primeiro-ministro Manuel Valls e do ministro do Interior Bernard Cazeneuve.

"François Hollande merece tudo, menos aplausos", estimou nesta quinta-feira o número dois da ultradireitista Frente Nacional, Florian Philippot. "A resposta deve ser concreta, devemos ir além das velas, slogans e flores", disse.

Por sua vez, o movimento nacionalista da Córsega FLNC mandou em um comunicado uma "mensagem ao Estado francês", que terá, segundo ele, "uma parcela importante de responsabilidade se ocorrer um drama" na Córsega.

A organização clandestina também ameaçou os "islamitas radicais da Córsega" que qualquer ataque de sua parte teria "uma resposta determinada".

Diante da multiplicação dos ataques, Hollande anunciou nesta quinta-feira a criação de uma Guarda Nacional para ajudar as forças de segurança a lutar contra os atentados.

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