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Policial morto e opositores entrincheirados em tomada de reféns na Armênia

30/07/2016 14h20

Erevan, 30 Jul 2016 (AFP) - Um policial armênio morreu neste sábado por disparos de opositores armados entrincheirados em uma delegacia de Erevan, em uma tomada de reféns que já dura duas semanas, em meio a protestos que deixaram dezenas de feridos.

A tensão aumentou fortemente depois dos violentos confrontos registrados após uma manifestação em apoio ao grupo armado na noite de sexta-feira, que deixaram mais de 70 feridos e que provocaram dezenas de detenções.

"Todas as possibilidades razoáveis de resolução pacífica (da crise) foram esgotadas", constataram os serviços de segurança armênios em um comunicado.

"Damos aos membros do grupo armado até às 17H00 (10H00 Brasília) para entregar as armas e se renderem. Se não o fizerem, as forças especiais terão direito de abrir fogo", advertiram.

Após a expiração do ultimato, foram ouvidos vários disparos isolados antes que voltasse a calma.

"Um franco-atirador abriu fogo a partir da delegacia e matou um policial (...) que estava dentro de um carro estacionado a 350-400 metros de lá", anunciou o porta-voz da polícia, Achot Aharonian, no Facebook.

A região estava cercada por policiais e somente os habitantes podiam entrar. No fim da tarde, os policiais chegaram para proteger a região, como ocorre em todas as noites.

Cerca de vinte homens armados, partidários do opositor preso Jirair Sefilian, invadiram a delegacia no dia 17 de julho, matando um policial e tomando vários reféns. Os agressores exigem a renúncia do presidente pró-russo Serge Sarkissian.

Desde então, libertaram todos os policiais, mas mantinham desde quarta-feira como reféns três membros da equipe médica que entraram no edifício para cuidar dos feridos. Um deles foi libertado posteriormente.

Cerca de duas semanas depois do início da crise, as forças de ordem da ex-república soviética justificaram sua intenção de abrir fogo pelos distúrbios que ocorreram na noite da sexta-feira em uma manifestação de apoio aos atacantes.

Ao menos 73 pessoas ficaram feridas e 26 detidas quando a polícia tentava dispersar a concentração perto da delegacia, com cassetetes, bombas de fumaça e granadas de efeito moral.

"Dos 73 feridos, 26 ainda estão hospitalizados, entre eles seis policiais", informou uma porta-voz do Ministério de Saúde, Anahit Haitayan, no Facebook. Entre os feridos há jornalistas.

Cerca de 165 pessoas foram detidas e 26 continuam sob custódia policial, informou a polícia à AFP.

Além disso, foram abertos processos judiciais contra 23 manifestantes, entre eles um membro do partido pró-Ocidente Heritage, Armen Martirossian.

- Violência 'excessiva' -A embaixada dos Estados Unidos em Erevan se mostrou "profundamente preocupada com as imagens chocantes e as informações confiáveis" recebidas sobre "um uso excessivo da força por parte da polícia", e convocou "firmemente todas as partes a trabalhar sinceramente visando uma resolução pacífica da situação".

Apesar dos confrontos, cerca de 800 manifestantes se reuniram na noite deste sábado na praça da Liberdade, no centro da cidade.

Detido em junho por posse de armas, o opositor Jirair Sefilian é acusado de querer ocupar edifícios governamentais e centros de telecomunicações em Erevan.

Crítico feroz do governo, já havia sido detido em 2006 e preso durante 18 meses após ter convocado a "derrubar o governo mediante o uso de violência". Também passou uma breve temporada na prisão em 2015 por tentativa de golpe de Estado.

O presidente Serge Sarkissian, ex-militar e pró-russo, foi eleito em 2008. Contestado pela oposição, sua chegada ao poder do Estado provocou confrontos que deixaram uma dezena de mortos.

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