ETA pede a Espanha e França um acordo de paz como o da Colômbia
A organização separatista armada basca ETA lamentou nesta terça-feira (27) que Espanha e França não tenham alcançado com o grupo um acordo de paz, como o que acaba de ser assinado na Colômbia entre o governo e a guerrilha das Farc.
Em um comunicado publicado em basco no jornal Gara, o ETA considera que os governos francês e espanhol demonstraram uma atitude "mais que pobre", que contrasta com a conclusão do processo de paz da Colômbia, que acaba com mais de 50 anos de conflito.
O dia 20 de outubro vai marcar o quinto aniversário desde que o ETA anunciou que renunciava definitivamente à luta armada, depois de 40 anos de atentados, sequestros e campanhas de extorsão, que provocaram as mortes de 829 pessoas.
A organização armada aproveitou a oportunidade para reafirmar a decisão de 2011 de buscar a independência de maneira pacífica, ao ressaltar que esta via é "o único norte da militância do ETA".
Neste sentido, pede a seus partidários "paciência estratégica", já que "a fragilidade política daqueles que negam nossa condição de nação e o direito a decidir dos cidadãos bascos é cada vez mais evidente".
Madri e Paris insistem que a organização deve ser dissolvida e entregar as armas. Mas o ETA deseja negociar uma anistia ou, pelo menos, uma medida para reagrupar os presos espalhados pelas penitenciárias dos dois países, uma questão que deve ser tratada "com a urgência que merece", afirma o comunicado divulgado nesta terça-feira.
De acordo com o grupo Etxerat, atualmente há 368 prisioneiros "políticos" bascos. Do total, três estão detidos no País Basco, 281 dispersados em 42 prisões da Espanha, 79 em 24 prisões na França, um em Portugal, outro na Suíça e três em detenção domiciliar por motivos humanitários.
O comunicado foi divulgado dois dias depois das eleições regionais no País Basco, vencidas com grande maioria pelos dois partidos nacionalistas, o Partido Nacionalista Basco (PNV), que pede mais autonomia em relação a Madri mas não a independência, e o EH Bildu, separatista.
Os socialistas do PSOE e o conservador Partido Popular (PP) ficaram longe, na quarta e quinta posição, respectivamente. O terceiro mais votado foi o partido de esquerda Podemos, que defende a convocação de um referendo sobre a independência da região.
A publicação do texto coincide com o aniversário das últimas execuções realizadas em 1975 pela ditadura de Francisco Franco.
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