Juiz chileno que processou Pinochet receberá prêmio de direitos humanos
O ex-juiz chileno Juan Guzmán Tapia, primeiro magistrado a processar o falecido ditador Augusto Pinochet, receberá nesta terça-feira o prêmio Edelstam, que reconhece e recompensa aqueles que defendem os direitos humanos.
A fundação Edelstam, que leva o nome de um falecido diplomata sueco, dá o prêmio a Guzmán por sua "relevante contribuição e valor excepcional mantendo suas próprias convicções na defesa dos direitos humanos", anunciou nesta segunda-feira.
Guzmán era um juiz conservador no Chile dos anos 1970. Após o golpe de Estado de Pinochet, no dia 11 de setembro de 1973, apoiou implicitamente o governo militar porque pensava que o país precisava de "alguma ordem".
No entanto sua opinião sobre o regime de Pinochet mudou drasticamente a partir de 1998, quando foi designado para investigar os delitos cometidos pela ditadura militar entre 1973 e 1990.
"Parecia improvável que um juiz conservador trataria o caso com seriedade, mas esses temores pouco a pouco mostraram ser sem fundamento", lembrou a fundação Edelstam em comunicado.
Guzmán entrevistou sobreviventes e se deu conta da magnitude da brutalidade dos militares durante a ditadura.
"Demostrou grande coragem civil conduzindo suas investigação. Apesar das ameaças à sua pessoa, o juiz Guzmán abriu um caminho importante para a justiça no Chile que muitos juízes continuam no dia de hoje", destacou a fundação Edelstam.
Durante a ditadura de Pinochet (1973-1990) morreram mais de 3.200 pessoas e outras 38.000 foram torturadas, segundo dados oficiais. O ditador nunca chegou a ser condenado. Seu caso foi suspenso por conta de seu estado de saúde. Ele morreu em 2006.
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