Crise política bate à porta de Michel Temer
Brasília, 25 Nov 2016 (AFP) - O influente ministro brasileiro Geddel Vieira Lima, encarregado da articulação política do governo, apresentou sua renúncia nesta sexta-feira após denúncias por tráfico de influências que apontam para o próprio presidente Michel Temer.
Depois da "mais profunda reflexão (...) apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo" de secretário do Governo, indicou em carta dirigida a Michel Temer, e divulgada à imprensa.
Geddel Vieira Lima é o sexto ministro a sair do gabinete de Temer desde que o então vice assumiu provisoriamente em maio, e de forma definitiva em agosto. E em todos os casos a sombra da corrupção se aproximou.
A crise explodiu quando o ministro da Cultura, Marcelo Calero, renunciou, na semana passada, acusando Vieira Lima de tê-lo pressionado para que o Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), subordinado a sua pasta, aprovasse um projeto imobiliário em Salvador, onde possui um apartamento.
E em uma declaração à Polícia Federal divulgada à imprensa na quinta-feira, Calero disse que o próprio Temer o havia pressionado para solucionar o caso.
A crise tomou proporções maiores nesta sexta-feira, com rumores de que Marcelo Calero, diplomata de 34 anos, teria gravado uma conversa com o presidente.
Michel Temer negou através de seu porta-voz ter "pressionado" qualquer um de seus ministros "a tomar alguma decisão que ferisse as normas internas ou suas convicções".
"O ministro Calero se excedeu (...), pelo que se comenta, nisso de voltar a ver o presidente da República para tratar de um assunto que já havia tratado, levando um gravador, o que também é um crime", disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista à AFP.
Temer recebeu o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e do ex-candidato à Presidência Aécio Neves, ambos do PSDB.
A oposição anunciou que estuda apresentar um pedido de impeachment de Temer.
A renúncia de Vieira Lima "não elimina a necessidade de investigar atos irregulares cometidos por ele, por outros ministros ou pelo próprio presidente Temer", segundo uma carta enviada à Advocacia-Geral da União pela liderança da bancada dos deputados do PT.
"O governo enfrenta um momento de fragilidade, sobretudo por esse rumor, sem confirmação, das gravações", que aprofundaria a crise, disse à AFP Michael Freitas Mohallem, professor de Direito e cientista político da Fundação Getúlio Vargas.
Mas segundo analista, o Congresso "não tem nenhuma disposição para iniciar um novo processo de impeachment", como ficou claro após o apoio recebido por FHC e Aécio Neves.
Existe entretanto "um pequeno risco de que (Temer) não chegue ao fim de seu mandato" em 2018, admite.
"Há no Brasil um fator de grande instabilidade, que é a Operação Lava Jato" e que ameaça políticos de peso, explica.
Políticos sob suspeitaGeddel Vieira Lima, de 57 anos, do PMDB-BA, era o principal negociador do governo com o Congresso, onde está tramitando um pacote de duras medidas de austeridade para limpar as contas públicas, recuperar a confiança dos investidores e tentar tirar o país de sua pior recessão em mais de um século.
As tensões políticas vão aumentando pela assinatura iminente de um acordo de delação entre a justiça e membros da construtora Odebrecht, uma das maiores envolvidas no megaescandâlo da Petrobras, que poderia envolver altos funcionários de todo espectro político.
Os deputados decidiram na quinta-feira adiar para a próxima semana a discussão de um pacote de medidas anticorrupção, diante da suspeita de que, na realidade, buscavam aprovar rapidamente uma autoanistia que os livre da tormenta que pode vir com as denúncias dos executivos da Odebrecht.
Os mercados, que abriram em baixa pelas tensões políticas, recuperaram terreno após a renúncia de Vieira Lima. O Ibovespa fechou com uma alta de 0,27% depois de ter chegado a perder mais de 1%. E o real caiu 0,56%, a 3,414 por dólar, depois de ter alcançando os 3,44.
dw-js/cb/mvv
Depois da "mais profunda reflexão (...) apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo" de secretário do Governo, indicou em carta dirigida a Michel Temer, e divulgada à imprensa.
Geddel Vieira Lima é o sexto ministro a sair do gabinete de Temer desde que o então vice assumiu provisoriamente em maio, e de forma definitiva em agosto. E em todos os casos a sombra da corrupção se aproximou.
A crise explodiu quando o ministro da Cultura, Marcelo Calero, renunciou, na semana passada, acusando Vieira Lima de tê-lo pressionado para que o Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), subordinado a sua pasta, aprovasse um projeto imobiliário em Salvador, onde possui um apartamento.
E em uma declaração à Polícia Federal divulgada à imprensa na quinta-feira, Calero disse que o próprio Temer o havia pressionado para solucionar o caso.
A crise tomou proporções maiores nesta sexta-feira, com rumores de que Marcelo Calero, diplomata de 34 anos, teria gravado uma conversa com o presidente.
Michel Temer negou através de seu porta-voz ter "pressionado" qualquer um de seus ministros "a tomar alguma decisão que ferisse as normas internas ou suas convicções".
"O ministro Calero se excedeu (...), pelo que se comenta, nisso de voltar a ver o presidente da República para tratar de um assunto que já havia tratado, levando um gravador, o que também é um crime", disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista à AFP.
Temer recebeu o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e do ex-candidato à Presidência Aécio Neves, ambos do PSDB.
A oposição anunciou que estuda apresentar um pedido de impeachment de Temer.
A renúncia de Vieira Lima "não elimina a necessidade de investigar atos irregulares cometidos por ele, por outros ministros ou pelo próprio presidente Temer", segundo uma carta enviada à Advocacia-Geral da União pela liderança da bancada dos deputados do PT.
"O governo enfrenta um momento de fragilidade, sobretudo por esse rumor, sem confirmação, das gravações", que aprofundaria a crise, disse à AFP Michael Freitas Mohallem, professor de Direito e cientista político da Fundação Getúlio Vargas.
Mas segundo analista, o Congresso "não tem nenhuma disposição para iniciar um novo processo de impeachment", como ficou claro após o apoio recebido por FHC e Aécio Neves.
Existe entretanto "um pequeno risco de que (Temer) não chegue ao fim de seu mandato" em 2018, admite.
"Há no Brasil um fator de grande instabilidade, que é a Operação Lava Jato" e que ameaça políticos de peso, explica.
Políticos sob suspeitaGeddel Vieira Lima, de 57 anos, do PMDB-BA, era o principal negociador do governo com o Congresso, onde está tramitando um pacote de duras medidas de austeridade para limpar as contas públicas, recuperar a confiança dos investidores e tentar tirar o país de sua pior recessão em mais de um século.
As tensões políticas vão aumentando pela assinatura iminente de um acordo de delação entre a justiça e membros da construtora Odebrecht, uma das maiores envolvidas no megaescandâlo da Petrobras, que poderia envolver altos funcionários de todo espectro político.
Os deputados decidiram na quinta-feira adiar para a próxima semana a discussão de um pacote de medidas anticorrupção, diante da suspeita de que, na realidade, buscavam aprovar rapidamente uma autoanistia que os livre da tormenta que pode vir com as denúncias dos executivos da Odebrecht.
Os mercados, que abriram em baixa pelas tensões políticas, recuperaram terreno após a renúncia de Vieira Lima. O Ibovespa fechou com uma alta de 0,27% depois de ter chegado a perder mais de 1%. E o real caiu 0,56%, a 3,414 por dólar, depois de ter alcançando os 3,44.
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