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Independentistas catalães baixam o tom em busca de um referendo

23/12/2016 20h58

Barcelona, 23 dez 2016 (AFP) - O governo independente da Catalunha organizou nessa sexta-feira uma reunião para estimular a realização de um referendo na região nordeste espanhola, após divulgar uma campanha para tentar entrar em acordo sobre as condições da votação com o governo de Madri.

O governo independente tenta o referendo há dois anos, desde novembro de 2014, mas teve que se conformar com uma votação simbólica, sem valor jurídico. Agora, espera conseguir um referendo vinculante como o que aconteceu na Escócia há dois anos, decindo pela permanência do país no Reino Unido.

Na reunião no parlamento catalão, partidos políticos, sindicatos, associações e grupos empresariais iniciaram o Pacto Nacional para o referendo, que deve reger a última tentativa de entendimento com o governo espanhol, que se opõe terminantemente à questão.

"É um espaço que nasce com uma grande transversalidade e pluralidade" com um "denominador comum que é a vontade de realizar na Catalunha um referendo (...) e de fazê-lo em concordância com o Estado", disse o presidente catalão Carles Puigdemont no final da reunião.

Apesar de em várias ocasiões defender a realização da votação se Madri permitir, Puigdemont moderou seu discurso para atrair para seu lado a carismática prefeita de Barcelona, Ada Colau, partidária de um referendo acordado.

Figura de referência dos novos e grandes movimentos da esquerda na região, essa ex-ativista contra os despejos imobiliários se mostra ambigua e seu eleitorado pode pesar na balança no caso de um empate técnico entre partidários e opositores à separação.

O objetivo do pacto será ampliar o apoio à autodeterminação, tanto na Catalunha quanto no resto da Espanha e no exterior, para "poder credenciar e validar" perante Madri a vontade de uma minoria de catalães de decidir seu futuro, disse Puigdemont.

O porta-voz do governo espanhol de Mariano Rajoy, Íñigo Méndez de Vigo, insistiu em seua postura hora antes: "o referendo de autodeterminação na Espanha não vai acontecer".