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Primeiro julgamento em Istambul de supostos golpistas

27/12/2016 10h17

Istambul, 27 dez 2016 (AFP) - O primeiro julgamento em Istambul de supostos participantes no golpe de Estado frustrado de 15 de julho começou nesta terça-feira, com trinta policiais acusados de terem se negado a proteger o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Trata-se do processo mais importante até a data desde o golpe, embora já tenham ocorrido outros processos em várias cidades da Turquia, onde 41.000 pessoas foram detidas desde 15 de julho.

Os 29 policiais estão sendo julgados na maior sala de audiências da Turquia, em um edifício situado diante da prisão de Silivri, nos arredores da metrópole turca.

São acusados de terem se negado a obedecer as ordens de defender o presidente Erdogan na noite do golpe.

As primeiras audiências, que durarão quatro dias, segundo a agência de notícias pró-governamental Anadolu, começaram com a leitura da identidade dos presentes e os crimes dos quais são acusados, antes de abrir caminho aos argumentos da defesa.

"Vamos garantir que os culpados, no âmbito do Estado de direito, recebam a maior punição possível", declarou Orhan Cagri Bekar, secretário-geral da Associação de 15 de julho, criada para defender as vítimas do golpe frustrado.

"Hoje esperamos respostas e também condenações. Que nenhum crime fique impune", acrescentou o advogado ante a sala de audiências, vigiada por agentes das forças especiais.

Vinte e quatro dos suspeitos estão em prisão preventiva, um em paradeiro desconhecido e os demais sob controle judicial, segundo os meios de comunicação turcos.

Alguns deles são julgados por terem se negado a proteger a residência presidencial de Istambul, outros por não terem obedecido a ordem de se opor aos golpistas e por terem tentado desencorajar qualquer resistência popular através de mensagens publicadas nas redes sociais.

Vinte e um acusados podem ser condenados a até três penas de prisão perpétua, e os oito restantes a penas de até 15 anos de prisão.

Ancara atribui a tentativa de golpe de Estado, que deixou cerca de 270 mortos e 2.000 feridos, ao movimento do pregador islamita Fethulah Gulen. Mas ele, que vive exilado nos Estados Unidos desde 1999, nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe.

Depois do dia 15 de julho, as autoridades turcas lançaram um imenso expurgo que, além da prisão dos supostos golpistas, alcançou os meios de comunicação pró-curdos, provocando críticas de ONGs, que acusam o regime de aproveitar o estado de emergência para calar as vozes críticas.

A magnitude da reação de Ancara também preocupa os países ocidentais, especialmente na União Europeia, cujas relações com a Turquia foram muito deterioradas nos últimos meses.

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