Xi sai em defesa da globalização no início do Fórum de Davos
Davos, Suíça, 17 Jan 2017 (AFP) - O presidente chinês, Xi Jinping, saiu nesta terça-feira em defesa da globalização no primeiro dia do Fórum de Davos, marcado pela chegada nesta semana à Casa Branca de Donald Trump e por suas posições protecionistas.
"Não adianta nada culpar a globalização pelos problemas do mundo", disse Xi em um esperado discurso na estação suíça, onde 3.000 representantes da elite política e econômica se reúnem.
O líder da segunda economia mundial visita pela primeira vez o fórum suíço, com uma clara mensagem de defesa do livre comércio e dos mercados abertos frente ao protecionismo.
Xi afirmou que "não é possível" cortar os fluxos de capital e pediu uma globalização "mais inclusiva e mais sustentável", criticando ao mesmo tempo as instituições mundiais, "inadequadas", segundo ele, porque são "pouco representativas".
Em outra referência velada a Trump, o presidente chinês disse que "ninguém sairá ganhando de uma guerra comercial".
"Continuar com o protecionismo é como se fechar em um quarto escuro. É certo que evita o vento e a chuva, mas também a luz e o ar", concluiu Xi, conhecido pelas metáforas em seus discursos.
Segundo Peter Lacy, diretor global da consultoria Accenture, com este discurso "está claro que o presidente Xi está preparado para tomar a liderança do livre-comércio".
Outros preferem ver na presença do líder chinês o sinal de uma mudança mais profunda da ordem mundial, o ano em que a revolução russa completa 1917.
"Agora, 100 anos depois, temos o líder do maior partido comunista do mundo vindo à principal reunião capitalista para ressaltar as virtudes da globalização", disse à AFP o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt.
Trump acusou diversas vezes as políticas comerciais da China de serem as responsáveis pela perda de milhares de empregos nos Estados Unidos e ameaçou aumentar os impostos dos produtos chineses.
Homem de pazEmbora Trump não tenha viajado a Davos (na sexta-feira assume a presidência em Washington), Anthony Scaramucci, um dos membros da equipe de transição, que o classificou de "homem de paz", foi à Suíça.
Scaramucci afirmou que Trump não considera a Europa fraca, mas pediu um novo tipo de relações, adaptadas "ao século XXI e XXII, não ao XX".
"Se os chineses realmente acreditam na globalização, eles precisam vir até nós", afirmou. "O caminho da globalização passa pelos trabalhadores e pela classe média americana".
Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano John Kerry, em seus últimos dias no cargo, saiu em defesa de seus "amigos" europeus, garantindo que "o comércio não é a principal causa da perda de empregos".
A edição deste ano do Fórum de Davos está marcada por um contexto de rejeição às elites e ao "status quo" político, após o "sim" ao Brexit e a vitória de Trump.
Um estudo do WEF revela que nas economias avançadas as rendas per capita caíram em média de 2,4% nos últimos cinco anos, fator que poderia explicar essa rejeição ao 'status quo'.
Por isso, a edição 2017 tem como fio condutor a "liderança receptiva e responsável", com milhares de participantes que abordam temas como o impacto das tecnologias, as diferenças de gênero e o papel da mídia na era das redes sociais.
O fórum criado pelo economista Klaus Schwab, de 78 anos, pretende responder à "genuína frustração das pessoas que ficaram à margem do capitalismo globalizado".
Contra este discurso, dominante em Davos, que considera a globalização como chave para o progresso econômico e social, também são ouvidas vozes críticas, como a da ONG Attac.
"Como acontece em todos os anos, com a cumplicidade dos grandes meios, estas elites tentarão passar uma imagem positiva de sua 'liderança' sobre a globalização. Mas são obrigadas a levar em conta a revolta crescente dos povos contra a ordem neoliberal", denunciou a organização.
No mesmo sentido, a ONG Oxfam publicou antes do fórum seu estudo anual sobre as desigualdades, que revela que os oito homens mais ricos do mundo possuem tanto quanto a metade mais pobre do planeta.
bur-pc/mb/cc
"Não adianta nada culpar a globalização pelos problemas do mundo", disse Xi em um esperado discurso na estação suíça, onde 3.000 representantes da elite política e econômica se reúnem.
O líder da segunda economia mundial visita pela primeira vez o fórum suíço, com uma clara mensagem de defesa do livre comércio e dos mercados abertos frente ao protecionismo.
Xi afirmou que "não é possível" cortar os fluxos de capital e pediu uma globalização "mais inclusiva e mais sustentável", criticando ao mesmo tempo as instituições mundiais, "inadequadas", segundo ele, porque são "pouco representativas".
Em outra referência velada a Trump, o presidente chinês disse que "ninguém sairá ganhando de uma guerra comercial".
"Continuar com o protecionismo é como se fechar em um quarto escuro. É certo que evita o vento e a chuva, mas também a luz e o ar", concluiu Xi, conhecido pelas metáforas em seus discursos.
Segundo Peter Lacy, diretor global da consultoria Accenture, com este discurso "está claro que o presidente Xi está preparado para tomar a liderança do livre-comércio".
Outros preferem ver na presença do líder chinês o sinal de uma mudança mais profunda da ordem mundial, o ano em que a revolução russa completa 1917.
"Agora, 100 anos depois, temos o líder do maior partido comunista do mundo vindo à principal reunião capitalista para ressaltar as virtudes da globalização", disse à AFP o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bildt.
Trump acusou diversas vezes as políticas comerciais da China de serem as responsáveis pela perda de milhares de empregos nos Estados Unidos e ameaçou aumentar os impostos dos produtos chineses.
Homem de pazEmbora Trump não tenha viajado a Davos (na sexta-feira assume a presidência em Washington), Anthony Scaramucci, um dos membros da equipe de transição, que o classificou de "homem de paz", foi à Suíça.
Scaramucci afirmou que Trump não considera a Europa fraca, mas pediu um novo tipo de relações, adaptadas "ao século XXI e XXII, não ao XX".
"Se os chineses realmente acreditam na globalização, eles precisam vir até nós", afirmou. "O caminho da globalização passa pelos trabalhadores e pela classe média americana".
Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano John Kerry, em seus últimos dias no cargo, saiu em defesa de seus "amigos" europeus, garantindo que "o comércio não é a principal causa da perda de empregos".
A edição deste ano do Fórum de Davos está marcada por um contexto de rejeição às elites e ao "status quo" político, após o "sim" ao Brexit e a vitória de Trump.
Um estudo do WEF revela que nas economias avançadas as rendas per capita caíram em média de 2,4% nos últimos cinco anos, fator que poderia explicar essa rejeição ao 'status quo'.
Por isso, a edição 2017 tem como fio condutor a "liderança receptiva e responsável", com milhares de participantes que abordam temas como o impacto das tecnologias, as diferenças de gênero e o papel da mídia na era das redes sociais.
O fórum criado pelo economista Klaus Schwab, de 78 anos, pretende responder à "genuína frustração das pessoas que ficaram à margem do capitalismo globalizado".
Contra este discurso, dominante em Davos, que considera a globalização como chave para o progresso econômico e social, também são ouvidas vozes críticas, como a da ONG Attac.
"Como acontece em todos os anos, com a cumplicidade dos grandes meios, estas elites tentarão passar uma imagem positiva de sua 'liderança' sobre a globalização. Mas são obrigadas a levar em conta a revolta crescente dos povos contra a ordem neoliberal", denunciou a organização.
No mesmo sentido, a ONG Oxfam publicou antes do fórum seu estudo anual sobre as desigualdades, que revela que os oito homens mais ricos do mundo possuem tanto quanto a metade mais pobre do planeta.
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