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Donald Trump se torna o 45° presidente dos Estados Unidos

20/01/2017 13h18

Washington, 20 Jan 2017 (AFP) - O "outsider" multimilionário Donald Trump prestará juramento nesta sexta-feira como o 45° presidente dos Estados Unidos, iniciando uma era incerta que promete abalar Washington e o mundo.

O ex-astro televisivo sem nenhuma experiência política, que quer administrar a primeira potência mundial como se fosse uma empresa, criar novos empregos e tornar o país mais protecionista e mais fechado aos imigrantes, sucederá na Casa Branca o democrata Barack Obama.

"Tudo começa hoje", tuitou nesta sexta-feira pela manhã o magnata imobiliário nova-iorquino, a poucas horas de sua posse. "Verei vocês às 11h00 para o juramento. O MOVIMENTO CONTINUA - O TRABALHO COMEÇA!", afirmou.

Sua vitória, que deixou o planeta atônito, está ancorada sobretudo nos votos de uma classe trabalhadora branca que desconfia dos políticos tradicionais e que sente que a globalização a prejudicou, transferindo empregos do México à China.

Os aliados tradicionais dos Estados Unidos observam o magnata imobiliário nova-iorquino com inquietação: após uma campanha divisiva, o republicano Trump, de 70 anos, chega à Casa Branca com a menor popularidade de um novo presidente em quatro décadas.

- País grande e forte -Depois do serviço religioso na pequena igreja episcopal de Saint John, perto da Casa Branca, Trump e sua terceira esposa, Melania, uma ex-modelo de 46 anos nascida na Eslovênia, chegaram à Casa Branca.

Obama e sua esposa Michelle os aguardavam de pé na porta, ela com um elegante vestido vermelho longo. Melania, de vestido azul, entregou um presente a eles.

Os dois casais presidenciais tomarão um chá na Casa Branca e posteriormente percorrerão juntos em uma limousine os 4 km da avenida Pensilvânia até o Capitólio.

Nas escadas do Congresso, Trump prestará juramento ao meio-dia local (15h00 de Brasília) sobre duas bíblias: uma presenteada a ele por sua mãe, em 1955, e a de Abraham Lincoln, que lutou pela abolição da escravidão, também utilizada por Obama há quatro anos. Posteriormente pronunciará um discurso de 20 minutos.

Centenas de milhares de simpatizantes e também de opositores já lotam o "Mall", a imensa avenida que parte do Congresso, onde são vigiados por 28.000 membros das forças de segurança.

"Agora teremos fronteiras fortes, e isso criará mais empregos. Agora os Estados Unidos voltarão a ser grandes, a ser fortes. Apenas um outsider como Trump pode limpar o desastre que é Washington", disse à AFP um de seus eleitores, Michael Hippolito, um policial aposentado vestido com roupa camuflada que viajou de Nova York para a posse.

A capital americana também foi tomada por manifestantes. Alguns dançavam e cantavam "Este não é meu presidente" ou gritavam "Não ao Ku Klux Klan, não a um Estados Unidos fascista!". Um grupo de jovens formou uma corrente humana para impedir que simpatizantes de Trump avançassem rumo à avenida Pensilvânia, e a polícia tentava dispersá-la, constatou a AFP.

Três ex-presidentes também acompanharão a posse: Jimmy Carter, George W. Bush e Bill Clinton.

A esposa de Bill, Hillary, que perdeu para Trump a chance de se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, também estará presente.

Trump promete unificar o polarizado eleitorado, mas isto se contradiz com seus constantes ataques a opositores, geralmente pelo Twitter: da imprensa à atriz Meryl Streep ou ao herói dos direitos civis John Lewis, das agências de inteligência à chanceler alemã Angela Merkel ou à Europa.

Do front diplomático surgem as maiores dúvidas. Os líderes do planeta se perguntam sobre como interpretar suas declarações, desmentidas muitas vezes por seus futuros ministros.

- México, castigado -O gabinete de Trump é o mais branco e o mais rico em décadas. Inclui apenas um negro e, pela primeira vez em quase 30 anos, nenhum hispânico, o que lhe valeu fortes críticas da primeira minoria do país, com mais de 55 milhões de pessoas (17% da população).

A ausência de hispânicos no gabinete não é surpreendente para um presidente que promete deportar entre dois e três milhões de imigrantes ilegais, construir um muro na fronteira com o México e cobrá-lo dos mexicanos talvez através de impostos às remessas de imigrantes.

E também quer renegociar ou eliminar o TLCAN, o acordo de livre comércio com México e Canadá, assim como o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (do qual são signatários Chile, México e Peru, entre outros), medidas que, junto à perda de investimentos, podem arrastar o vizinho do sul dos Estados Unidos a uma recessão em 2017.

Trump também pode voltar atrás na aproximação com Havana impulsionada por Obama e tudo indica que será mais agressivo com a Venezuela.

A partir de segunda-feira, seu primeiro dia oficial de trabalho na Casa Branca, são esperados vários decretos que desmantelarão medidas adotadas por Obama, por exemplo em cobertura de saúde pública, e talvez em imigração.

"As coisas vão mudar", afirmou Trump na quinta-feira.

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