Gina Miller, a britânica que ganhou a queda de braço com a premiê May
Londres, 24 Jan 2017 (AFP) - A sentença da Suprema Corte britânica ordenando ao governo submeter à aprovação do Parlamento o início do processo de saída da União Europeia foi uma vitória para Gina Miller, uma simples cidadã que não se conforma com o Brexit.
Miller é alvo há meses de ameaças de morte e insultos racistas por levar aos tribunais a pretensão de seu governo de ignorar o Parlamento no Brexit, e a decisão desta terça-feira não fará com que se acalmem.
"Acho que na semana que vem será terrível", previu à AFP dias antes da sentença da Suprema Corte.
Para muitos, Miller, de 51 anos, diretora de um fundo de investimentos da City, nascida na Guiana quando esta ainda era uma colônia britânica, e mãe de três filhos, é uma heroína.
Mas para outros, é uma estraga-prazeres que pretende invalidar o desejo popular de deixar a União Europeia, expressa no referendo de junho.
Ainda por cima, afirmam equivocadamente, nem mesmo é britânica, como disse recentemente um ouvinte à rádio BBC.
"Nasci britânica", respondeu Miller, "porque nasci na Guiana britânica. Tornou-se independente após o meu nascimento, sendo assim, sou britânica. Estou no Reino Unido há 41 anos. Sou britânica, tenho passaporte britânico, meus filhos são britânicos, meu marido é britânico, tenho todo o direito do mundo a apresentar uma ação como cidadã britânica".
Guarda-costas e confinamentoQuando apresentou a ação dias depois do plebiscito de 23 de junho, Miller esperava críticas, mas não o que veio em seguida. "Não esperava ter que mudar minha vida privada", contou à AFP.
Os tabloides começaram a vasculhar seu passado, agora ela anda com guarda-costas, não usa mais o transporte público e costuma passar os fins de semana trancada em casa com a família.
A maioria dos insultos que recebeu foram de caráter racial. "Disseram que sou um primata. Não sabia que vivíamos neste lugar. Acho que se eu fosse homem (e) branco, teria sido mais fácil".
"Coisas que são consideradas inaceitáveis, agora são aceitáveis", avaliou, preparando-se para receber muitos mais insultos esta semana.
"Minha cabeça teria que estar na Porta dos Traidores", explicou, referindo-se ao arco que atravessavam os presos que entravam na Torre de Londres no século XVI.
"Houve um boicote à nossa empresa. Foi bastante asqueroso. Mas não me deixarei intimidar porque isto é o melhor para todo o mundo, ter segurança legal", acrescentou.
Consciente de que o Brexit é incontrolávelEla não esconde sua oposição ao Brexit - como diretora de um fundo de investimentos, teme seu impacto econômico -, mas é consciente de que perdeu. "Isso não pode mudar".
O tema eram os limites do poder executivo e Miller conseguiu dobrar o desejo da primeira-ministra Theresa May de ignorar o Parlamento ao invocar o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, início formal do processo de saída.
Miller cresceu em uma casa politicamente ativa - seu pai, Doodnaught Singh, era procurador-geral da Guiana - e já protagonizou uma campanha para que os investimentos financeiros fossem mais transparentes.
Ele sente que é seu dever falar quando outros calam.
"Tudo o relacionado ao Brexit é tão emocional que todos temem falar e isto não é bom", explicou.
As mensagens de apoio que recebeu reforçam sua determinação.
"Um menino de dez anos fez um desenho meu com uma insígnia de super-herói que dizia: 'Adiante, Gina!'. Eu o guardo na minha mesa".
"Isso me dá forças. Porque não sou invencível", sentenciou.
jk-al/mb/mvv
Miller é alvo há meses de ameaças de morte e insultos racistas por levar aos tribunais a pretensão de seu governo de ignorar o Parlamento no Brexit, e a decisão desta terça-feira não fará com que se acalmem.
"Acho que na semana que vem será terrível", previu à AFP dias antes da sentença da Suprema Corte.
Para muitos, Miller, de 51 anos, diretora de um fundo de investimentos da City, nascida na Guiana quando esta ainda era uma colônia britânica, e mãe de três filhos, é uma heroína.
Mas para outros, é uma estraga-prazeres que pretende invalidar o desejo popular de deixar a União Europeia, expressa no referendo de junho.
Ainda por cima, afirmam equivocadamente, nem mesmo é britânica, como disse recentemente um ouvinte à rádio BBC.
"Nasci britânica", respondeu Miller, "porque nasci na Guiana britânica. Tornou-se independente após o meu nascimento, sendo assim, sou britânica. Estou no Reino Unido há 41 anos. Sou britânica, tenho passaporte britânico, meus filhos são britânicos, meu marido é britânico, tenho todo o direito do mundo a apresentar uma ação como cidadã britânica".
Guarda-costas e confinamentoQuando apresentou a ação dias depois do plebiscito de 23 de junho, Miller esperava críticas, mas não o que veio em seguida. "Não esperava ter que mudar minha vida privada", contou à AFP.
Os tabloides começaram a vasculhar seu passado, agora ela anda com guarda-costas, não usa mais o transporte público e costuma passar os fins de semana trancada em casa com a família.
A maioria dos insultos que recebeu foram de caráter racial. "Disseram que sou um primata. Não sabia que vivíamos neste lugar. Acho que se eu fosse homem (e) branco, teria sido mais fácil".
"Coisas que são consideradas inaceitáveis, agora são aceitáveis", avaliou, preparando-se para receber muitos mais insultos esta semana.
"Minha cabeça teria que estar na Porta dos Traidores", explicou, referindo-se ao arco que atravessavam os presos que entravam na Torre de Londres no século XVI.
"Houve um boicote à nossa empresa. Foi bastante asqueroso. Mas não me deixarei intimidar porque isto é o melhor para todo o mundo, ter segurança legal", acrescentou.
Consciente de que o Brexit é incontrolávelEla não esconde sua oposição ao Brexit - como diretora de um fundo de investimentos, teme seu impacto econômico -, mas é consciente de que perdeu. "Isso não pode mudar".
O tema eram os limites do poder executivo e Miller conseguiu dobrar o desejo da primeira-ministra Theresa May de ignorar o Parlamento ao invocar o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, início formal do processo de saída.
Miller cresceu em uma casa politicamente ativa - seu pai, Doodnaught Singh, era procurador-geral da Guiana - e já protagonizou uma campanha para que os investimentos financeiros fossem mais transparentes.
Ele sente que é seu dever falar quando outros calam.
"Tudo o relacionado ao Brexit é tão emocional que todos temem falar e isto não é bom", explicou.
As mensagens de apoio que recebeu reforçam sua determinação.
"Um menino de dez anos fez um desenho meu com uma insígnia de super-herói que dizia: 'Adiante, Gina!'. Eu o guardo na minha mesa".
"Isso me dá forças. Porque não sou invencível", sentenciou.
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