Desigualdade, populismo e corrupção, um 'trio' que prejudica a América Latina
Paris, 25 Jan 2017 (AFP) - A desigualdade, o populismo e a corrupção são o trio que atrapalha o progresso da América Latina, segundo Alejandro Salas, diretor regional da ONG Transparência Internacional (TI), que publicou nesta quarta-feira seu relatório 2016.
"Na América Latina, a corrupção não é um problema genético. Não é algo que se encontre em todas as partes. Que haja ou não dependa da força das instituições democráticas", declarou, em entrevista por telefone à AFP.
Do total de 19 países latino-americanos, a maioria teve uma avaliação ruim: 11 caíram na classificação, 4 se mantiveram estáveis e apenas 4 melhoraram, afirmou o especialista.
O ranking, de 176 países, é liderado pela Dinamarca e Nova Zelândia. O país latino-americano mais bem avaliado e o Uruguai (21º).
Entre os que mais caíram em sua classificação na região foram o México, que perdeu 5 pontos (123º) e o Chile 4 (24º).
"No caso deste último país, houve um 'efeito surpresa'. Mas houve questionamentos por casos de corrupção em torno da presidente (Bachelet), ou de empresas que participaram financiando campanhas políticas".
"Mas o Chile continua entre os mais bem classificados da América Latina. Conta com uma polícia limpa, uma justiça profissional, acesso à informação. Tem uma tradição tradición digna de se destacar mas, precisamente por isso esses problemas são percebidos".
"Em compensação, o caso do México não surpreende, já que tem explicações mais fáceis e diretas", afirmou, destacando três fatores: não se cumpriu com um plano de luta contra a corrupção, há muita corrupção na administração e pouca efetividad da justiça para castigar os casos de corrupção.
"Há muita impunidade. Isso afeta o jornalismo: o México conta com a maior quantidade de jornalistas assassinados (...) É uma combinação de fatores", argumenta.
- O tamanho do país contribui -"No caso da Argentina (95º), que tem uma classificação muito baixa, acontece uma mudança de governo e, com isso, uma mudança nas instituições e, portanto, uma maneira de perceber as coisas".
No Brasil (79º), "há uma espécie de máfia econômico-política. Mas também conta com instituições fortes. Promotores, juízes, a Polícia Federal", enumera.
Se de um lado está o Chile e do outro lado a Venezuela (166º, pior país latino-americano), "a diferença é que, no segundo, o Poder Executivo é dono e senhor do controle das instituições, com exceção agora do Parlamento", explicou.
Segundo o especialista, o tamanho do país é um fator que pode contribuir, apesar de não ser algo diretamente ligado.
"Países grandes, com sistemas federais, como o México, o Brasil e a Argentina têm instituições que funcionam muito bem, mas também existem outros países dentro do mesmo, como, por exemplo, podemos dizer que há muitos 'Brasiles'. Em compensação, os países menores costumam ser mais regulares, apesar de, em muitos, também haver muita corrupção", acrescentou.
- Trump, populismo e valores -Salas considera muito oportuno citar as recentes eleições americanas.
"O discurso de Trump retoma uma preocupação social por causa das desigualdades, atacando as elites no poder. Utilziou até o cansaço a expressão 'devolver a voz ao povo'", destacou.
No entanto, os Estados Unidos ocupam o posto 18º, ou seja, se encontra na "parte boa" da tabela de classificação da TI.
"Para lutar contra a corrupção não há fórmulas mágicas.
É preciso que haja instituições, informação, uma justiça independente do poder político".
"Muitas vezes, a corrupção tem um valor secundário. Há pessoas que admiram quem quebra as regras, o valor de ser rico. Ter é muito mais importante que o respeito à vida", lamenta.
"Na América Latina, a corrupção não é um problema genético. Não é algo que se encontre em todas as partes. Que haja ou não dependa da força das instituições democráticas", declarou, em entrevista por telefone à AFP.
Do total de 19 países latino-americanos, a maioria teve uma avaliação ruim: 11 caíram na classificação, 4 se mantiveram estáveis e apenas 4 melhoraram, afirmou o especialista.
O ranking, de 176 países, é liderado pela Dinamarca e Nova Zelândia. O país latino-americano mais bem avaliado e o Uruguai (21º).
Entre os que mais caíram em sua classificação na região foram o México, que perdeu 5 pontos (123º) e o Chile 4 (24º).
"No caso deste último país, houve um 'efeito surpresa'. Mas houve questionamentos por casos de corrupção em torno da presidente (Bachelet), ou de empresas que participaram financiando campanhas políticas".
"Mas o Chile continua entre os mais bem classificados da América Latina. Conta com uma polícia limpa, uma justiça profissional, acesso à informação. Tem uma tradição tradición digna de se destacar mas, precisamente por isso esses problemas são percebidos".
"Em compensação, o caso do México não surpreende, já que tem explicações mais fáceis e diretas", afirmou, destacando três fatores: não se cumpriu com um plano de luta contra a corrupção, há muita corrupção na administração e pouca efetividad da justiça para castigar os casos de corrupção.
"Há muita impunidade. Isso afeta o jornalismo: o México conta com a maior quantidade de jornalistas assassinados (...) É uma combinação de fatores", argumenta.
- O tamanho do país contribui -"No caso da Argentina (95º), que tem uma classificação muito baixa, acontece uma mudança de governo e, com isso, uma mudança nas instituições e, portanto, uma maneira de perceber as coisas".
No Brasil (79º), "há uma espécie de máfia econômico-política. Mas também conta com instituições fortes. Promotores, juízes, a Polícia Federal", enumera.
Se de um lado está o Chile e do outro lado a Venezuela (166º, pior país latino-americano), "a diferença é que, no segundo, o Poder Executivo é dono e senhor do controle das instituições, com exceção agora do Parlamento", explicou.
Segundo o especialista, o tamanho do país é um fator que pode contribuir, apesar de não ser algo diretamente ligado.
"Países grandes, com sistemas federais, como o México, o Brasil e a Argentina têm instituições que funcionam muito bem, mas também existem outros países dentro do mesmo, como, por exemplo, podemos dizer que há muitos 'Brasiles'. Em compensação, os países menores costumam ser mais regulares, apesar de, em muitos, também haver muita corrupção", acrescentou.
- Trump, populismo e valores -Salas considera muito oportuno citar as recentes eleições americanas.
"O discurso de Trump retoma uma preocupação social por causa das desigualdades, atacando as elites no poder. Utilziou até o cansaço a expressão 'devolver a voz ao povo'", destacou.
No entanto, os Estados Unidos ocupam o posto 18º, ou seja, se encontra na "parte boa" da tabela de classificação da TI.
"Para lutar contra a corrupção não há fórmulas mágicas.
É preciso que haja instituições, informação, uma justiça independente do poder político".
"Muitas vezes, a corrupção tem um valor secundário. Há pessoas que admiram quem quebra as regras, o valor de ser rico. Ter é muito mais importante que o respeito à vida", lamenta.
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