Jornalista sueco é julgado por ajudar criança síria
Malmö, Suécia, 25 Jan 2017 (AFP) - "Levem-me com você!" Vencido pelos suplícios de Abed, um jovem refugiado sírio, o jornalista sueco Fredrik Önnevall seguiu sua consciência e agora será julgado por contribuir com a imigração ilegal.
Na primavera (boreal) de 2014, um grupo de jornalistas filmava para a televisão pública sueca SVT um documentário sobre a reação dos partidos nacionalistas europeus à onda migratória e sobre as condições de vida dos migrantes.
Na Grécia, Fredrik, seu cinegrafista e seu tradutor conheceram Abed - nome fictício. Com 15 anos, o adolescente não aparentava ter mais do que 13 anos. Ele viajava sozinho e estava desesperado para entrar na Suécia, onde vivia um primo.
"Levei dez, quinze minutos para compreender a sua pergunta, entender realmente o que ele estava me pedindo, e para me decidir", lembra o jornalista de 43 anos, entrevistado em Malmö (sul), onde será julgado a partir da 26 de janeiro.
"A partir do momento que entendi que a questão era simplesmente 'qual é a decisão com a qual devo viver?', Tudo ficou claro", disse à AFP.
Seus dois colegas concordaram em resgatar o adolescente. Na Grécia, desistiram de pegar o avião para a Suécia para acompanhar o jovem nas estradas da Europa, conseguindo cruzar as várias fronteiras sem escondê-lo.
"Não se tratava mais de jornalismo. O que estava em jogo era a minha identidade, quais são os meus valores e se eu poderia realmente viver sabendo que não tinha ajudado um menino que arriscava sua vida", resume Önnevall.
"Estou confiante de que agimos corretamente, não foi um crime", conclui.
Já a Promotoria de Malmö não tem a intenção de confundir direito e moral.
"Legalmente, a partir do momento em que eles o ajudaram a entrar no país, contribuíram para a imigração ilegal", disse à AFP a promotora encarregada do caso, Kristina Amilon. "Se tivessem recebido dinheiro, o crime seria particularmente grave", ressalta.
Aumento dos processosDesde 2015, quando a Suécia conheceu uma explosão no número de pedidos de asilo (80.000 em 2014 e 160.000 em 2015) obrigando o governo a rever a sua generosa política de acolhimento, o número de processos relativos à assistência aos migrantes cresceu enormemente.
Ao todo, 116 pessoas foram acusadas em 2016 de auxílio à imigração ilegal, duas vezes mais do que no ano anterior e quase oito vezes mais do que em 2014. Os réus arriscam dois anos de prisão.
A justiça sueca não tem estatísticas precisas sobre as sentenças, mas variam de multas a penas de prisão com sursis.
Um pai de família sírio de 35 anos, refugiado na Suécia desde 2014, foi condenado pelo tribunal de Malmö a 160 euros de multa depois de ir buscar sua esposa e filhos em Copenhague.
A exibição do documentário em janeiro de 2015 provocou uma onda de simpatia, mas foi também neste momento que uma queixa, que originou esse processo, foi apresentada.
"Muitas pessoas entenderam a posição em que nos encontrávamos", assegura Fredrik Önnevall.
Seu empregador, a televisão pública SVT, o apoiou.
"Nós entendemos a sua escolha de ajudar o menino. Eles estavam em uma situação difícil e completamente inesperada em que uma criança estava em perigo, pedindo ajuda", explicou a chefe de comunicação da SVT, Sabina Rasiwala.
Após sua exibição, o programa foi denunciado à entidade reguladora do audiovisual.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), poucos são os jornalistas que enfrentam na Europa uma situação similar.
Abed encontrou seu primo assim que chegou na Suécia. O adolescente rapidamente obteve uma autorização de residência e seus parentes, irmão e irmã, juntaram-se a ele. Desde então, as regras para o reagrupamento familiar foram endurecidas. Hoje, ele ainda mantém contato com o jornalista.
Na primavera (boreal) de 2014, um grupo de jornalistas filmava para a televisão pública sueca SVT um documentário sobre a reação dos partidos nacionalistas europeus à onda migratória e sobre as condições de vida dos migrantes.
Na Grécia, Fredrik, seu cinegrafista e seu tradutor conheceram Abed - nome fictício. Com 15 anos, o adolescente não aparentava ter mais do que 13 anos. Ele viajava sozinho e estava desesperado para entrar na Suécia, onde vivia um primo.
"Levei dez, quinze minutos para compreender a sua pergunta, entender realmente o que ele estava me pedindo, e para me decidir", lembra o jornalista de 43 anos, entrevistado em Malmö (sul), onde será julgado a partir da 26 de janeiro.
"A partir do momento que entendi que a questão era simplesmente 'qual é a decisão com a qual devo viver?', Tudo ficou claro", disse à AFP.
Seus dois colegas concordaram em resgatar o adolescente. Na Grécia, desistiram de pegar o avião para a Suécia para acompanhar o jovem nas estradas da Europa, conseguindo cruzar as várias fronteiras sem escondê-lo.
"Não se tratava mais de jornalismo. O que estava em jogo era a minha identidade, quais são os meus valores e se eu poderia realmente viver sabendo que não tinha ajudado um menino que arriscava sua vida", resume Önnevall.
"Estou confiante de que agimos corretamente, não foi um crime", conclui.
Já a Promotoria de Malmö não tem a intenção de confundir direito e moral.
"Legalmente, a partir do momento em que eles o ajudaram a entrar no país, contribuíram para a imigração ilegal", disse à AFP a promotora encarregada do caso, Kristina Amilon. "Se tivessem recebido dinheiro, o crime seria particularmente grave", ressalta.
Aumento dos processosDesde 2015, quando a Suécia conheceu uma explosão no número de pedidos de asilo (80.000 em 2014 e 160.000 em 2015) obrigando o governo a rever a sua generosa política de acolhimento, o número de processos relativos à assistência aos migrantes cresceu enormemente.
Ao todo, 116 pessoas foram acusadas em 2016 de auxílio à imigração ilegal, duas vezes mais do que no ano anterior e quase oito vezes mais do que em 2014. Os réus arriscam dois anos de prisão.
A justiça sueca não tem estatísticas precisas sobre as sentenças, mas variam de multas a penas de prisão com sursis.
Um pai de família sírio de 35 anos, refugiado na Suécia desde 2014, foi condenado pelo tribunal de Malmö a 160 euros de multa depois de ir buscar sua esposa e filhos em Copenhague.
A exibição do documentário em janeiro de 2015 provocou uma onda de simpatia, mas foi também neste momento que uma queixa, que originou esse processo, foi apresentada.
"Muitas pessoas entenderam a posição em que nos encontrávamos", assegura Fredrik Önnevall.
Seu empregador, a televisão pública SVT, o apoiou.
"Nós entendemos a sua escolha de ajudar o menino. Eles estavam em uma situação difícil e completamente inesperada em que uma criança estava em perigo, pedindo ajuda", explicou a chefe de comunicação da SVT, Sabina Rasiwala.
Após sua exibição, o programa foi denunciado à entidade reguladora do audiovisual.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), poucos são os jornalistas que enfrentam na Europa uma situação similar.
Abed encontrou seu primo assim que chegou na Suécia. O adolescente rapidamente obteve uma autorização de residência e seus parentes, irmão e irmã, juntaram-se a ele. Desde então, as regras para o reagrupamento familiar foram endurecidas. Hoje, ele ainda mantém contato com o jornalista.
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