NY e Los Angeles prometem proteger seus imigrantes de Trump
Nova York e Los Angeles, as duas maiores "cidades santuário" dos Estados Unidos, prometeram nesta quarta-feira (25) resistir a Donald Trump e continuar protegendo seus imigrantes em situação ilegal.
"Protegeremos todo nosso povo sem importar de onde vem e sem importar seu status migratório", disse o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, em entrevista coletiva convocada às pressas depois dos decretos firmados pelo presidente contra os imigrantes.
A decisão de Trump de cortar fundos federais destinados à polícia das cerca de 300 "cidades santuário" do país será "contraproducente" e vai torná-las menos seguras, acrescentou.
"Separar as famílias e cortar financiamento para qualquer cidade - especialmente para Los Angeles, por onde entram 40% das mercadorias americanas e por cujo aeroporto mais de 80 milhões de passageiros viajaram no ano passado - põe a segurança pessoal e a saúde econômica de toda nossa nação em risco", advertiu o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, em um comunicado.
Garcetti garantiu que sua cidade continuará sendo tolerante e dará as boas-vindas a todas as pessoas "sem importar o que aconteça em Washington, DC".
Em um comunicado conjunto, os prefeitos de outras quatro cidades californianas - São Francisco, Oakland, San José e Berkeley - também denunciaram o decreto de Trump.
"Não cederemos diante das ameaças, ou da grandiloquência política. Junta, a Área da Baía continuará sendo fiel aos valores de inclusão, compaixão e igualdade, unida contra quaisquer e todos os esforços para dividir nossos residentes, nossas cidades e nosso país", disse o prefeito de São Francisco, Ed Lee.
Confiança
Nesta quarta, Trump assinou decretos que ordenam a construção de um muro ao longo dos 3.200 km de fronteira com o México e o corte de recursos públicos federais às "cidades santuário" que se negam a deter e contribuir para a deportação de imigrantes em situação ilegal nos EUA.
Ambos democratas, De Blasio e Garcetti defenderam que, para a Polícia, é essencial ter bons laços com todos os cidadãos para que eles não tenham medo de denunciar crimes, ou de dar informações que permitam capturar criminosos.
O decreto "retém dinheiro da Polícia de Nova York, uma ação injusta que pode provocar um distanciamento entre ela e a comunidade", alertou De Blasio.
A Polícia nova-iorquina poderá ficar com U$S 150 milhões anuais, sobretudo para o financiamento de atividades contra o terrorismo, alertou o chefe da corporação, James O'Neill.
"Esta é a cidade mais segura dos Estados Unidos, porque, sem importar o documento que tenham, as pessoas podem reportar um crime", explicou De Blasio.
'Somos todos Nova York'
"Se a ocasião se apresentar (e cortarem nossos recursos), desafiaremos o decreto na Justiça", frisou.
Ao menos mil pessoas protestaram na noite desta quarta-feira em Washington Square, Nova York, para denunciar as medidas de Trump contra os imigrantes.
"Não à proibição! Não ao muro! Nova York é de todos" - gritavam os manifestantes, que ocuparam quase toda a praça.
Trump critica as "cidades santuário" e diz que colaboram para que imigrantes perigosos permaneçam no país e cometam graves crimes.
De Blasio e Garcetti garantem que a Polícia de suas cidades coopera regularmente com os serviços migratórios no caso de estrangeiros em situação clandestina que tenham cometido crimes graves.
"Não destroçaremos as famílias, separando-as. Não deixaremos crianças sem pais. Não minaremos a confiança duramente conquistada entre a polícia e a comunidade", afirmou.
De Blasio chegou a discursar em espanhol para a população imigrante que não fala inglês: "Nova York foi um lugar inclusivo desde antes do decreto presidencial e continua sendo inclusiva", afirmou.
"Essa ordem não pode mudar o que somos. Somos uma comunidade de imigrantes e a cidade da oportunidade", insistiu. "Somos todos Nova York", completou.
Grandes metrópoles americanas que reconhecem a contribuição dos imigrantes ao país, assim como condados e estados inteiros como Nova York e Califórnia, reivindicam o status de "santuário".
O nome remonta à década de 1980, quando muitas igrejas acolheram refugiados das guerras civis da América Central que não conseguiram asilo.
Em comum, têm o fato de "se negarem a cooperar com as autoridades migratórias", explica o jurista e diretor da Clínica de Imigração da Universidade de Nevada, Michael Kagan.
Algumas cidades, entre elas Nova York, Filadélfia, Chicago, ou São Francisco, recusam-se até mesmo "a qualquer troca de informação" com as autoridades migratórias, relata a diretora de Estudos de Política, Jessica Vaughan, do conservador Center for Immigration Studies.
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