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Angela Merkel e outros líderes criticam decreto anti-imigração de Trump

A chanceler alemã, Angela Merkel - Tobias Schwarz/AFP
A chanceler alemã, Angela Merkel Imagem: Tobias Schwarz/AFP

Em Berlim

29/01/2017 12h58Atualizada em 29/01/2017 13h20

A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou neste domingo (29) as restrições à imigração impostas pelo presidente americano, Donald Trump, que considera injustificáveis, informou seu porta-voz Steffen Seibert.

"Está convencida de que mesmo na necessária batalha contra o terrorismo não se justifica colocar pessoas de certa origem ou crença sob suspeita geral", afirmou o porta-voz, citado pela agência nacional DPA.

"A chanceler lamenta a proibição de entrada (nos Estados Unidos) imposta pelo governo americano contra refugiados e cidadãos de alguns países", completou Steffen Seibert.

O governo alemão "analisará agora as consequências" desta proibição para os cidadãos alemães com dupla nacionalidade afetados pelas medidas americanas, explicou.

A condenação acontece um dia depois da primeira conversa telefônica entre Trump e Merkel. Os comunicados publicados nos Estados Unidos e na Alemanha após a ligação não mencionaram as novas restrições à imigração em território americano.

"A Convenção de Genebra sobre os refugiados pede à comunidade internacional que receba as pessoas que fogem da guerra com uma base humanitária" e a chanceler destacou isto durante a conversa telefônica com Donald Trump", destacou o porta-voz.

O decreto americano sobre a "proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos", que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe por 90 dias o ingresso no país de cidadãos do Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Síria, Sudão e Somália.

Grã-Bretanha

Algumas horas antes, a primeira-ministra britânica Theresa May afirmou "discordar" das restrições migratórias impostas por Trump.

"A política migratória dos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, do mesmo modo que a nossa é determinada por nosso governo. Mas estamos em desacordo com esta forma de encará-la", disse um porta-voz de Downing Street.

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27.jan.2017 - Trump cumprimenta Theresa May no Salão Oval da Casa Branca, em Washington
Imagem: Kevin Lamarque/Reuters


"Se tiver um impacto para cidadãos do Reino Unido, vamos a intervir ante o governo americano", completou.

Trump, que recebeu Theresa May na sexta-feira na Casa Branca, assinou pouco depois do encontro o decreto que suspende a entrada de refugiados nos Estados Unidos e afeta os cidadãos dos países já mencionados.

No sábado, May provocou polêmica em seu país ao se recusar a condenar a medida quando foi questionada a respeito em uma entrevista durante uma visita à Turquia. Ela afirmou que Washington era livre para determinar sua própria política em termos de refugiados.

Um parlamentar britânico Nadhim Zahawi, do Partido Conservador, o mesmo de Theresa May, revelou no sábado que sob as regras impostas por Trump não pode entrar nos Estados Unidos.

O deputado de origem iraquiana escreveu no Twitter que teve a confirmação de que o decreto é aplicado a ele e sua esposa, ambos nascidos no Iraque, apesar de seus passaportes britânicos.

"É muito triste sentir-se cidadão de segunda classe. Um dia triste para os Estados Unidos", escreveu.

O envolvimento de cidadãos britânicos aumentou a pressão de integrantes do Partido Conservador, que pediram a condenação à iniciativa de Trump, ofuscando a lua de mel iniciada com a visita a Washington.

Irã

A decisão de Donald Trump foi chamada de "grande presente para os extremistas", afirmou neste domingo o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif.

O decreto "entrará para a história como um grande presente para os extremistas e seus protetores", escreveu no Twitter.

No sábado, o Irã, um dos países afetados, decidiu aplicar o princípio de reciprocidade.

"Esta discriminação coletiva ajuda os terroristas a recrutar, ampliando a fratura iniciada pelos demagogos extremistas", completou Zarif, que defendeu o diálogo e a cooperação da comunidade internacional para "atacar as raízes da violência e do extremismo", sobretudo no Oriente Médio.