Decreto migratório de Trump gera comoção entre iranianos
Los Angeles, 31 Jan 2017 (AFP) - Alex Helmi vive nos Estados Unidos há 42 anos e nunca pensou que a religião seria um critério para admitir sua entrada ao país. Ele é iraniano e ainda tem dificuldades para digerir o decreto migratório de Donald Trump.
Em sua luxuosa loja de tapetes no bairro iraniano de Los Angeles, este homem de 60 anos comenta a ordem executiva que suspendeu a entrada de refugiados e que veta temporariamente os vistos dos cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
"Eu nunca pensei que me perguntariam 'qual é a sua religião?'" para entrar nos Estados Unidos. Isso afeta toda a comunidade porque todo mundo tem família, amigos que vão e vêm da Europa e de outras partes do mundo para a América", explicou à AFP.
No sul da Califórnia (oeste) vivem meio milhão de iranianos, entre imigrantes e descendentes, a maioria em Los Angeles.
O Irã é um dos sete países incluídos no decreto de Trump, juntamente com a Síria, Iêmen, Líbia, Iraque, Somália e Sudão. Centenas de pessoas ficaram bloqueadas nos aeroportos americanos, onde os críticos do presidente têm se concentrado desde o fim de semana para condenar a medida, e muitos voos foram cancelados ou sofreram atrasos.
O cineasta iraniano Asghar Farhadi, indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, anunciou que não comparecerá à cerimônia de premiação no final de fevereiro em reação a esta medida.
"É trágico"Na agência de viagens de Fahrad Besharati, o telefone não para de tocar.
"Estes últimos dias têm sido um desastre (...) As pessoas estão em estado de choque (...) Nós tentamos explicar [aos clientes que o decreto] é temporário, mas eles nos respondem que são 90 dias, que isso não é temporário, que vão perder as vidas que construíram aqui", afirma.
Ele lista algumas das histórias de pessoas afetadas, como a de uma mulher que viajou para o Irã e agora não sabe quando verá seu marido e filhos, que vivem aqui, ou do estudante de 23 anos que quer voltar e implora por ajuda.
"O que eu posso fazer?", pergunta. "É trágico", sentencia.
"Não é assim que se governa um país (...) Vai demorar pelo menos um mês para fazer as pessoas acreditarem que podem viajar sem problemas", prevê Besharati.
O pai de Leila teve sorte. O senhor ítalo-iraniano passou pela imigração às 14H30 (20H30 de Brasília), no mesmo momento em que era assinado o decreto, que foi criticado até mesmo por membros do Partido Republicano de Trump.
"Ele me disse: 'acho que fecharam as portas nas minhas costas'", lembra esta mulher de 45 anos, que não quis dar seu sobrenome por medo de causar problemas para seu pai.
"Havia uma senhora de 82 anos em uma cadeira de rodas que foi mandada de volta. Que perigo pode representar uma avó que veio visitar seus filhos? Soube de alguém que vinha porque sua mãe morreu, mas que não pode entrar no país. Outro que seu pai foi submetido a uma cirurgia de coração aberto [e está bloqueado no Irã], e estes são apenas meus amigos", relata.
O temor é o mesmo do lado oposto. Ali, de 42 anos, queria visitar sua família no Irã por ocasião do ano novo persa. "Agora eu não sei" se poderei deixar o país e retornar, diz o vendedor de livros que também se recusou a dar seu sobrenome por medo.
"Terroristas em todo o mundo"Trump lembrou os ataques de 11 de setembro de 2001 para explicar as restrições, mas nenhum dos países dos quais os atacantes eram originários - Egito, Líbano, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos - foi incluído no decreto. Todos estes países são aliados de Washington.
"Os terroristas estão por todo o mundo, não só nestes sete países, não é justo. No mês passado tivemos um tiroteio em um aeroporto da Flórida e o atacante era um americano branco", lembra Ali, referindo-se ao veterano da guerra Esteban Santiago, que em 6 de janeiro matou cinco pessoas na área de bagagens do aeroporto de Fort Lauderdale.
É raro encontrar alguém que apoie o decreto. Agnassian Jacob, gerente de uma loja de lavagem a seco de 65 anos, acredita que a medida "afastará os terroristas", mas nega que eles venham do Irã.
Alex Helmi não é contra o controle. "Mas dizer que todo um país não pode vir não faz nenhum sentido", diz, na esperança de que a justiça decida "o que é melhor" para esta "terra da liberdade", como ele chamou convencido.
Em sua luxuosa loja de tapetes no bairro iraniano de Los Angeles, este homem de 60 anos comenta a ordem executiva que suspendeu a entrada de refugiados e que veta temporariamente os vistos dos cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
"Eu nunca pensei que me perguntariam 'qual é a sua religião?'" para entrar nos Estados Unidos. Isso afeta toda a comunidade porque todo mundo tem família, amigos que vão e vêm da Europa e de outras partes do mundo para a América", explicou à AFP.
No sul da Califórnia (oeste) vivem meio milhão de iranianos, entre imigrantes e descendentes, a maioria em Los Angeles.
O Irã é um dos sete países incluídos no decreto de Trump, juntamente com a Síria, Iêmen, Líbia, Iraque, Somália e Sudão. Centenas de pessoas ficaram bloqueadas nos aeroportos americanos, onde os críticos do presidente têm se concentrado desde o fim de semana para condenar a medida, e muitos voos foram cancelados ou sofreram atrasos.
O cineasta iraniano Asghar Farhadi, indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, anunciou que não comparecerá à cerimônia de premiação no final de fevereiro em reação a esta medida.
"É trágico"Na agência de viagens de Fahrad Besharati, o telefone não para de tocar.
"Estes últimos dias têm sido um desastre (...) As pessoas estão em estado de choque (...) Nós tentamos explicar [aos clientes que o decreto] é temporário, mas eles nos respondem que são 90 dias, que isso não é temporário, que vão perder as vidas que construíram aqui", afirma.
Ele lista algumas das histórias de pessoas afetadas, como a de uma mulher que viajou para o Irã e agora não sabe quando verá seu marido e filhos, que vivem aqui, ou do estudante de 23 anos que quer voltar e implora por ajuda.
"O que eu posso fazer?", pergunta. "É trágico", sentencia.
"Não é assim que se governa um país (...) Vai demorar pelo menos um mês para fazer as pessoas acreditarem que podem viajar sem problemas", prevê Besharati.
O pai de Leila teve sorte. O senhor ítalo-iraniano passou pela imigração às 14H30 (20H30 de Brasília), no mesmo momento em que era assinado o decreto, que foi criticado até mesmo por membros do Partido Republicano de Trump.
"Ele me disse: 'acho que fecharam as portas nas minhas costas'", lembra esta mulher de 45 anos, que não quis dar seu sobrenome por medo de causar problemas para seu pai.
"Havia uma senhora de 82 anos em uma cadeira de rodas que foi mandada de volta. Que perigo pode representar uma avó que veio visitar seus filhos? Soube de alguém que vinha porque sua mãe morreu, mas que não pode entrar no país. Outro que seu pai foi submetido a uma cirurgia de coração aberto [e está bloqueado no Irã], e estes são apenas meus amigos", relata.
O temor é o mesmo do lado oposto. Ali, de 42 anos, queria visitar sua família no Irã por ocasião do ano novo persa. "Agora eu não sei" se poderei deixar o país e retornar, diz o vendedor de livros que também se recusou a dar seu sobrenome por medo.
"Terroristas em todo o mundo"Trump lembrou os ataques de 11 de setembro de 2001 para explicar as restrições, mas nenhum dos países dos quais os atacantes eram originários - Egito, Líbano, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos - foi incluído no decreto. Todos estes países são aliados de Washington.
"Os terroristas estão por todo o mundo, não só nestes sete países, não é justo. No mês passado tivemos um tiroteio em um aeroporto da Flórida e o atacante era um americano branco", lembra Ali, referindo-se ao veterano da guerra Esteban Santiago, que em 6 de janeiro matou cinco pessoas na área de bagagens do aeroporto de Fort Lauderdale.
É raro encontrar alguém que apoie o decreto. Agnassian Jacob, gerente de uma loja de lavagem a seco de 65 anos, acredita que a medida "afastará os terroristas", mas nega que eles venham do Irã.
Alex Helmi não é contra o controle. "Mas dizer que todo um país não pode vir não faz nenhum sentido", diz, na esperança de que a justiça decida "o que é melhor" para esta "terra da liberdade", como ele chamou convencido.
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