Patriotismo ganha força no México diante do muro de Trump
México, 31 Jan 2017 (AFP) - O nacionalismo com o qual Donald Trump luta para erguer um novo muro na fronteira com o México atiçou um fervor patriótico, com pedidos do governo pela "unidade nacional" e iniciativas nas redes sociais para boicotar produtos americanos e colocar a bandeira do país nas fotos de perfil.
Com as hashtags #TodosSomosMéxico e #MeuPaísÉMelhorPorque, funcionários de alto escalão, artistas e internautas mostravam no Twitter o orgulho mexicano com frases como "#México é o melhor país do mundo" e "Só o que é feito no México é bem feito".
Membros do gabinete do presidente Enrique Peña Nieto colocaram a imagem da bandeira do México como sua foto de perfil nas redes sociais, entre eles o chanceler, o porta-voz da Presidência e o ministro da Fazenda.
Inúmeros mexicanos fizeram o mesmo em suas páginas no Twitter, Facebook e Instagram para protestar contra o muro que o presidente americano, Donald Trump, quer construir às custas do financiamento mexicano para impedir a chegada de imigrantes que entram clandestinamente no país.
"O México costuma ser um país nacionalista quando há estes ataques do exterior. Ao longo de nossa história nos agarramos à bandeira e mergulhamos em um nacionalismo que pode ser até irracional", disse à AFP Dámaso Morales, especialista em Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México.
Em seu comentário, o especialista faz referência a uma passagem da história do México em que um jovem cadete que lutou em 1847 na guerra entre México e Estados Unidos, ao perceber que estava cercado, se matou ao se jogar da Torre del Castillo de Chapultepec envolvido na bandeira mexicana.
Em sua primeira semana como presidente, Trump criou, com sua insistência no muro, uma crise diplomática entre México e Estados Unidos, considerada a mais grave em décadas e, inclusive, desde aquela guerra.
"Orgulhoso de ser mexicano"Na noite de segunda-feira, Peña Nieto defendeu a "unidade nacional" no México como um "grande ativo".
"Deve ser a pedra angular de nossa estratégia e de nossas ações, dentro do país e no exterior", disse. "Hoje, como nunca, me sinto orgulhoso de ser mexicano", acrescentou.
Para Morales, trata-se de um "oportunismo político" que gera uma "unidade fictícia, discursiva, de imagem e propaganda" que faz com que os mexicanos esqueçam os problemas estruturais do país.
Assim, "é um grande sucesso para Peña Nieto, porque conquistou uma coesão" em um momento que seus níveis de aprovação estão criticamente baixos, considerou Jesús Velasco, especialista em Relações EUA-México da Universidade do Estado de Tarleton, no Texas.
Legisladores de todas as bancadas se uniram para apoiar o governo mexicano em uma postura de "dignidade" diante da estratégia de Trump, e o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, duas vezes candidato à Presidência e ferrenho opositor de Peña Nieto, comemorou a decisão do presidente de cancelar a reunião com Trump que havia sido planejada para esta terça-feira.
O magnata Carlos Slim convocou uma coletiva de imprensa pouco comum para sexta-feira com o objetivo de expressar sua "felicidade e emoção" pelo apoio da sociedade mexicana à posição de Peña Nieto.
"Esta unidade nacional, para mim, é a mais surpreendente que vi na minha vida", declarou Slim.
Javier Oliva, especialista em Segurança e professor da Escola de Economia de Londres, defende a onda nacionalista adotando, inclusive, a bandeira mexicana em sua foto no aplicativo de mensagens WhatsApp.
Mas a popularidade de Peña Nieto continua em mínimos históricos, passando de 11% em 11 de janeiro para 16% em uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira pelo jornal Excélsior.
Adeus produtos estrangeirosO México destina mais de 80% de suas exportações para os Estados Unidos, mas Trump poderia se retirar do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, em inglês) com Canadá e México, e ameaça montadoras de automóveis que têm filiais no México a pagarem altas tarifas alfandegárias.
Assim, começaram a circular nas redes sociais iniciativas para boicotar empresas americanas com hashtags como #AdeusProdutosEstrangeiros #AdeusStarbucks #AdeusMcDonalds e #AdeusCocaCola.
Analistas questionam o alcance deste boicote virtual, mas confirmam o retorno do "anti-imperialismo".
Recuperar as relações bilaterais "vai demorar um bom tempo (...). O dano já está feito", considerou Velasco.
Para Morales, as "posições xenofóbicas, discriminatórias, excludentes, tudo o que define Trump (...) preocupa por se tratar do país mais poderoso do mundo e poderia estimular movimentos nacionalistas em outros países" do mundo.
Mas para Oliva, o nacionalismo no México - ao contrário do Europeu - é apenas "reativo", não é perigoso e até tem suas vantagens.
"Uma das coisas que devem agradecer a Trump (...) é que o mundo agora sabe onde está o México", concluiu.
Com as hashtags #TodosSomosMéxico e #MeuPaísÉMelhorPorque, funcionários de alto escalão, artistas e internautas mostravam no Twitter o orgulho mexicano com frases como "#México é o melhor país do mundo" e "Só o que é feito no México é bem feito".
Membros do gabinete do presidente Enrique Peña Nieto colocaram a imagem da bandeira do México como sua foto de perfil nas redes sociais, entre eles o chanceler, o porta-voz da Presidência e o ministro da Fazenda.
Inúmeros mexicanos fizeram o mesmo em suas páginas no Twitter, Facebook e Instagram para protestar contra o muro que o presidente americano, Donald Trump, quer construir às custas do financiamento mexicano para impedir a chegada de imigrantes que entram clandestinamente no país.
"O México costuma ser um país nacionalista quando há estes ataques do exterior. Ao longo de nossa história nos agarramos à bandeira e mergulhamos em um nacionalismo que pode ser até irracional", disse à AFP Dámaso Morales, especialista em Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México.
Em seu comentário, o especialista faz referência a uma passagem da história do México em que um jovem cadete que lutou em 1847 na guerra entre México e Estados Unidos, ao perceber que estava cercado, se matou ao se jogar da Torre del Castillo de Chapultepec envolvido na bandeira mexicana.
Em sua primeira semana como presidente, Trump criou, com sua insistência no muro, uma crise diplomática entre México e Estados Unidos, considerada a mais grave em décadas e, inclusive, desde aquela guerra.
"Orgulhoso de ser mexicano"Na noite de segunda-feira, Peña Nieto defendeu a "unidade nacional" no México como um "grande ativo".
"Deve ser a pedra angular de nossa estratégia e de nossas ações, dentro do país e no exterior", disse. "Hoje, como nunca, me sinto orgulhoso de ser mexicano", acrescentou.
Para Morales, trata-se de um "oportunismo político" que gera uma "unidade fictícia, discursiva, de imagem e propaganda" que faz com que os mexicanos esqueçam os problemas estruturais do país.
Assim, "é um grande sucesso para Peña Nieto, porque conquistou uma coesão" em um momento que seus níveis de aprovação estão criticamente baixos, considerou Jesús Velasco, especialista em Relações EUA-México da Universidade do Estado de Tarleton, no Texas.
Legisladores de todas as bancadas se uniram para apoiar o governo mexicano em uma postura de "dignidade" diante da estratégia de Trump, e o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, duas vezes candidato à Presidência e ferrenho opositor de Peña Nieto, comemorou a decisão do presidente de cancelar a reunião com Trump que havia sido planejada para esta terça-feira.
O magnata Carlos Slim convocou uma coletiva de imprensa pouco comum para sexta-feira com o objetivo de expressar sua "felicidade e emoção" pelo apoio da sociedade mexicana à posição de Peña Nieto.
"Esta unidade nacional, para mim, é a mais surpreendente que vi na minha vida", declarou Slim.
Javier Oliva, especialista em Segurança e professor da Escola de Economia de Londres, defende a onda nacionalista adotando, inclusive, a bandeira mexicana em sua foto no aplicativo de mensagens WhatsApp.
Mas a popularidade de Peña Nieto continua em mínimos históricos, passando de 11% em 11 de janeiro para 16% em uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira pelo jornal Excélsior.
Adeus produtos estrangeirosO México destina mais de 80% de suas exportações para os Estados Unidos, mas Trump poderia se retirar do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, em inglês) com Canadá e México, e ameaça montadoras de automóveis que têm filiais no México a pagarem altas tarifas alfandegárias.
Assim, começaram a circular nas redes sociais iniciativas para boicotar empresas americanas com hashtags como #AdeusProdutosEstrangeiros #AdeusStarbucks #AdeusMcDonalds e #AdeusCocaCola.
Analistas questionam o alcance deste boicote virtual, mas confirmam o retorno do "anti-imperialismo".
Recuperar as relações bilaterais "vai demorar um bom tempo (...). O dano já está feito", considerou Velasco.
Para Morales, as "posições xenofóbicas, discriminatórias, excludentes, tudo o que define Trump (...) preocupa por se tratar do país mais poderoso do mundo e poderia estimular movimentos nacionalistas em outros países" do mundo.
Mas para Oliva, o nacionalismo no México - ao contrário do Europeu - é apenas "reativo", não é perigoso e até tem suas vantagens.
"Uma das coisas que devem agradecer a Trump (...) é que o mundo agora sabe onde está o México", concluiu.
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