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Mãe de turista assassinada critica Trump por usar a filha para acusar muçulmanos

Rosie Ayliffe disse que a morte de sua filha ter sido consequência de um ataque terrorista islâmico foi descartada nos primeiros momentos da investigação - Reprodução
Rosie Ayliffe disse que a morte de sua filha ter sido consequência de um ataque terrorista islâmico foi descartada nos primeiros momentos da investigação Imagem: Reprodução

Em Sydney

08/02/2017 06h47

A mãe de uma turista britânica assassinada na Austrália criticou Donald Trump por incluir a morte de sua filha na lista de atentados jihadistas que supostamente não receberam cobertura da imprensa e acusou o presidente americano de usar a sua filha para demonizar os muçulmanos.

O presidente dos Estados Unidos acusou na segunda-feira a mídia "desonesta" de não desejar cobrir alguns ataques extremistas, sem apresentar evidências.

A Casa Branca publicou posteriormente uma lista de 78 "atentados" que teriam sido "executados ou inspirados" pelo grupo" Estado Islâmico.

Vários meios de comunicação, como BBC, The Guardian, The Washington Post e Le Monde, responderam com links que demonstram a ampla cobertura dos ataques.

A lista inclui cinco "atentados" na Austrália, entre eles o assassinato em agosto do ano passado de dois mochileiros britânicos, Mia Ayliffe-Chung, 21 anos, e Tom Jackson, 30, um crime que teve ampla cobertura da dos meios de comunicação.

Em uma carta aberta ao presidente americano publicada nas redes sociais, Rosie Ayliffe, mãe de Mia, condena o vínculo estabelecido entre este crime e o islamismo radical.

"A possibilidade de que as mortes de Mia e Tom tenham sido consequência de um ataque terrorista islâmico foi descartada nos primeiros momentos da investigação", escreve.

O francês Smail Ayad foi acusado pelos assassinatos, cometidos em um albergue de Home Hill, ao norte do Estado de Queensland.

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Mia Ayliffe-Chung (foto), 21 anos, e Tom Jackson, 30, foram mortos em agosto do ano passado
Imagem: Facebook

A polícia australiana informou que o francês gritou "Allahu Akbar" ("Deus é grande") no momento do crime e durante a detenção, mas indicou posteriormente que não detectou nenhum vínculo terrorista.

"Qualquer idiota pode gritar Allahu Akbar ao cometer um crime", escreveu Rosie Ayliffe, que afirmou ter viajado muito pelo mundo muçulmano e ter encontrado apenas "respeito e hospitalidade".

"Esta difamação de Estados nações inteiros e suas populações com base na religião é uma recordação terrível do horror que pode acontecer quando nos permitimos ser liderados por ignorantes para a escuridão e o ódio", completa.

"A morte de minha filha não será utilizada para promover esta perseguição insana de inocentes", conclui.