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Foguetes, tiros e selfies em entrada do exército iraquiano no aeroporto de Mossul

23/02/2017 13h46

Aeropuerto de Mosul, Iraq, 23 Fev 2017 (AFP) - A névoa matinal ainda não havia desaparecido quando as primeiras unidades da divisão de resposta rápida do exército do Iraque começaram nesta quinta-feira a expulsar os extremistas do Estado Islâmico do aeroporto de Mossul.

A partir de uma colina nos arredores do povoado de Al Buseif, os soldados observam os helicópteros lançando foguetes contra o aeroporto e uma fábrica de açúcar próxima, nas mãos dos extremistas desde 2014.

"Adoro este som", diz o primeiro-tenente Ahmed, enquanto os helicópteros seguem disparando.

Um pequeno grupo de soldados americanos contribui para a ofensiva colocando morteiros com um veículo blindado enquanto a curta distância são observadas colunas de fumaça cinza, sinal de um ataque aéreo contra Mossul.

Em uma ambulância da polícia federal iraquiana ouve-se em alto volume uma música patriótica, mas ela é interrompida em seguida porque os soldados detectaram um drone suspeito.

Em várias ocasiões o Estado Islâmico (EI) atacou o exército com granadas e projéteis lançados a partir de drones, razão pela qual seu zumbido característico coloca imediatamente os soldados em alerta.

No entanto, apesar de vários disparos, o drone consegue escapar.

Pouco a pouco, os militares começam a descer da colina, alguns com carros blindados e outros a pé, seguindo o caminho traçado pelos veículos para evitar explosivos escondidos na poeira, outras das táticas favoritas do EI.

Ao pé da colina está Jirbeh, o último povoado entre Al Buseif e o aeroporto, que nos últimos dias foi alvo de fogo contínuo, obrigando tanto seus moradores quanto os combatentes do EI a fugir.

Em Jirbeh é possível ver empilhadas portas de ferro das casas e em um curral empoeirado jazem os cadáveres de cinco vacas.

- Buscando explosivos -A polícia federal avança casa por casa em busca de explosivos. Em uma delas encontra um morteiro de fabricação caseira e em outra uma série de exemplares da Anba, a revista do EI.

Enquanto isso, os bulldozers avançam rumo ao final do povoado, onde começa o aeroporto, e consertam uma estrada, ao mesmo tempo em que os helicópteros seguem lançando foguetes contra a fábrica de açúcar.

"Estão atacando possíveis carros-bomba do EI na fábrica. Ali de cima podem ver coisas que não vemos aqui", explica um soldado.

Uma vez reparada a estrada, um comboio de veículos blindados da divisão de resposta rápida começa a se mover lentamente rumo à fábrica e à entrada do aeroporto.

Em seu avanço, os soldados passam pelo cadáver de um combatente do EI parcialmente carbonizado em sua motocicleta e um artefato explosivo é detonado, sem deixar feridos.

Rapidamente os soldados começam a metralhar a fábrica a partir de seus veículos militares Humvee. "Há franco-atiradores! Para dentro!", grita um soldado, enquanto os que vão à pé se refugiam atrás dos blindados.

Parte do comboio se dirige ao aeroporto, onde na entrada se observa um edifício em ruínas que no passado teve dois andares. Todo o aeroporto está destruído e repleto de escombros.

"Do sul ao norte está completamente destroçado", confirma o general-de-brigada Abas al Juburi, de uma das unidades de resposta rápida. "Os terroristas começaram a destruí-lo desde o primeiro dia da operação" contra Mossul, afirma.

Dentro do recinto, unidades especiais buscam os chamados artefatos explosivos improvisados (IED, em inglês), enquanto outros militares começam a celebrar a tomada do aeroporto, inclusive com selfies.

Um deles carrega uma bandeira preta do EI e agora posa com ela com gesto desafiador.