Questão síria invade as conversações de Trump e Xi Jinping
West Palm Beach, Estados Unidos, 7 Abr 2017 (AFP) - O tema da Síria invadiu a cúpula informal entre o presidente americano Donald Trump e seu colega chinês, Xi Jinping, em Mar-a-Lago, Flórida, depois que os Estados Unidos ordenaram um ataque contra o regime de Bashar al-Assad.
Os líderes das duas maiores potências do mundo retomam nesta sexta-feira suas conversas na luxuosa residência do presidente americano e somam a situação síria a um menu que inclui o programa nuclear da Coreia do Norte e o comércio entre Estados Unidos e China.
Contra todas as previsões, o anúncio do ataque americano contra uma base aérea síria já dominou na quinta-feira os encontros entre os dois presidentes.
O próprio Trump fez o anúncio do ataque em Mar-a-Lago em resposta a um suposto ataque químico do qual Washington responsabilizou Damasco.
- Prudência chinesa -A reação de Xi não foi divulgada, mas a China se alinhou a Moscou sobre a situação na Síria, negando-se a punir o regime de Assad.
Após o bombardeio, Pequim pediu calma e apelou por "evitar uma nova deterioração da situação" na Síria.
A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, disse que "estamos profundamente abalados" pelo ataque a Khan Sheikhun, "o qual condenamos firmemente (...) Somos contrários ao uso de armas químicas, por parte de qualquer país, organização ou indivíduo, e independentemente das circunstâncias e do objetivo".
"O urgente no momento é evitar qualquer deterioração da situação (...) Esperamos que todas as partes envolvidas mantenham a calma e evitem qualquer escalada de tensões", insistiu.
Pequim parece querer demonstrar que a cúpula de Xi com Trump se desenvolve de forma leve: pouco depois do anúncio do ataque, a agência chinesa informou que Trump havia aceitado um convite para visitar o gigante asiático neste ano.
"Já tivemos uma longa conversa e até agora não obtive nada, absolutamente nada, mas estamos construindo uma amizade", declarou Trump a jornalistas antes de jantar com o líder chinês e suas respectivas esposas, Melania e a ex-cantora Peng Liyuan.
Xi se mostrou até agora prudente diante das declarações do presidente americano, que horas antes de viajar à Flórida declarou ao canal Fox que seu país não foi tratado de forma igualitária pela China em matéria comercial.
Trump também acusou a China de fraqueza em sua resposta à ameaça nuclear representada pela Coreia do Norte e de "manipular" o iuane, a moeda nacional.
Mas o presidente norte-americano deu na quinta-feira mostras de para onde quer levar a relação sino-americana: "Creio que no longo prazo teremos uma relação muito, muito boa".
- Temas delicados -Os dois líderes abordam temas espinhosos, como a Coreia do Norte, que voltou a desafiar os Estados Unidos e a comunidade internacional na quarta-feira lançando seu quinto míssil durante o ano.
Horas antes de receber Xi, Trump afirmou em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que os Estados Unidos "continuarão reforçando sua capacidade militar" diante "da séria ameaça que a Coreia do Norte segue representando".
Há várias semanas, Washington convoca Pequim a pressionar seu aliado Pyongyang.
Trump deixou no ar a ameaça de uma intervenção militar unilateral em uma entrevista publicada no domingo pelo jornal Financial Times, ao afirmar que está preparado para "solucionar" sozinho o problema norte-coreano se a China hesitar por muito tempo.
Pyongyang, que busca desenvolver mísseis balísticos intercontinentais capazes de transportar ogivas nucleares e de atingir o território americano, afirmou na quinta-feira que responderá de forma "implacável" à "menor provocação" de Washington.
De acordo com fontes diplomáticas chinesas, Xi poderia oferecer a Trump o reforço do controle dos bancos chineses que trabalham com o regime de Kim Jong-un. O presidente chinês já paralisou as importações de carvão norte-coreano, de acordo com as sanções da ONU.
Em troca, poderia pedir ao líder americano que renuncie a um importante contrato armamentístico com Taiwan, a ilha que Pequim considera uma província que deve ser reunificada.
- Franqueza -Outro tema quente das conversas é o comércio. Trump quer abordar o déficit dos Estados Unidos com a China, que subiu a 350 bilhões de dólares em 2016.
A Casa Branca prometeu falar francamente sobre esta questão, para "reduzir as barreiras ao investimento e aos intercâmbios criados pelos chineses", explicou uma fonte do governo.
A China impõe uma tarifa de 25% sobre as importações de veículos, limita as importações de muitos produtos agrícolas e fecha o importante setor de serviços aos investimentos estrangeiros.
Neste contexto, é difícil prever que rumo as negociações tomarão.
bur-arb/yow/ma
Os líderes das duas maiores potências do mundo retomam nesta sexta-feira suas conversas na luxuosa residência do presidente americano e somam a situação síria a um menu que inclui o programa nuclear da Coreia do Norte e o comércio entre Estados Unidos e China.
Contra todas as previsões, o anúncio do ataque americano contra uma base aérea síria já dominou na quinta-feira os encontros entre os dois presidentes.
O próprio Trump fez o anúncio do ataque em Mar-a-Lago em resposta a um suposto ataque químico do qual Washington responsabilizou Damasco.
- Prudência chinesa -A reação de Xi não foi divulgada, mas a China se alinhou a Moscou sobre a situação na Síria, negando-se a punir o regime de Assad.
Após o bombardeio, Pequim pediu calma e apelou por "evitar uma nova deterioração da situação" na Síria.
A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, disse que "estamos profundamente abalados" pelo ataque a Khan Sheikhun, "o qual condenamos firmemente (...) Somos contrários ao uso de armas químicas, por parte de qualquer país, organização ou indivíduo, e independentemente das circunstâncias e do objetivo".
"O urgente no momento é evitar qualquer deterioração da situação (...) Esperamos que todas as partes envolvidas mantenham a calma e evitem qualquer escalada de tensões", insistiu.
Pequim parece querer demonstrar que a cúpula de Xi com Trump se desenvolve de forma leve: pouco depois do anúncio do ataque, a agência chinesa informou que Trump havia aceitado um convite para visitar o gigante asiático neste ano.
"Já tivemos uma longa conversa e até agora não obtive nada, absolutamente nada, mas estamos construindo uma amizade", declarou Trump a jornalistas antes de jantar com o líder chinês e suas respectivas esposas, Melania e a ex-cantora Peng Liyuan.
Xi se mostrou até agora prudente diante das declarações do presidente americano, que horas antes de viajar à Flórida declarou ao canal Fox que seu país não foi tratado de forma igualitária pela China em matéria comercial.
Trump também acusou a China de fraqueza em sua resposta à ameaça nuclear representada pela Coreia do Norte e de "manipular" o iuane, a moeda nacional.
Mas o presidente norte-americano deu na quinta-feira mostras de para onde quer levar a relação sino-americana: "Creio que no longo prazo teremos uma relação muito, muito boa".
- Temas delicados -Os dois líderes abordam temas espinhosos, como a Coreia do Norte, que voltou a desafiar os Estados Unidos e a comunidade internacional na quarta-feira lançando seu quinto míssil durante o ano.
Horas antes de receber Xi, Trump afirmou em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que os Estados Unidos "continuarão reforçando sua capacidade militar" diante "da séria ameaça que a Coreia do Norte segue representando".
Há várias semanas, Washington convoca Pequim a pressionar seu aliado Pyongyang.
Trump deixou no ar a ameaça de uma intervenção militar unilateral em uma entrevista publicada no domingo pelo jornal Financial Times, ao afirmar que está preparado para "solucionar" sozinho o problema norte-coreano se a China hesitar por muito tempo.
Pyongyang, que busca desenvolver mísseis balísticos intercontinentais capazes de transportar ogivas nucleares e de atingir o território americano, afirmou na quinta-feira que responderá de forma "implacável" à "menor provocação" de Washington.
De acordo com fontes diplomáticas chinesas, Xi poderia oferecer a Trump o reforço do controle dos bancos chineses que trabalham com o regime de Kim Jong-un. O presidente chinês já paralisou as importações de carvão norte-coreano, de acordo com as sanções da ONU.
Em troca, poderia pedir ao líder americano que renuncie a um importante contrato armamentístico com Taiwan, a ilha que Pequim considera uma província que deve ser reunificada.
- Franqueza -Outro tema quente das conversas é o comércio. Trump quer abordar o déficit dos Estados Unidos com a China, que subiu a 350 bilhões de dólares em 2016.
A Casa Branca prometeu falar francamente sobre esta questão, para "reduzir as barreiras ao investimento e aos intercâmbios criados pelos chineses", explicou uma fonte do governo.
A China impõe uma tarifa de 25% sobre as importações de veículos, limita as importações de muitos produtos agrícolas e fecha o importante setor de serviços aos investimentos estrangeiros.
Neste contexto, é difícil prever que rumo as negociações tomarão.
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