Rússia e EUA exibem divergências e desconfianças sobre Síria
Moscou, 13 Abr 2017 (AFP) - A Rússia e os Estados Unidos expuseram nesta quarta-feira (12) suas divergências e desconfiança mútua sobre a Síria, em um dia em que Moscou voltou a usar seu direito ao veto em uma resolução da ONU dirigida diretamente contra Damasco.
Em Moscou, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, teve reuniões com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e com o presidente Vladimir Putin, em uma tentativa de encontrar um terreno comum entre ambos os países com relação à catástrofe síria.
Em uma tensa coletiva de imprensa junto com Lavrov, Tillerson admitiu que existia um "baixo nível de confiança" entre Moscou e Washington, apesar dos esforços para melhorar o diálogo.
O centro das divergências é o suposto ataque com armas químicas contra a aldeia de Khan Sheikhun, em 4 de abril, pelo qual os países ocidentais responsabilizam o líder sírio, Bashar al-Assad, mas que, para Moscou, deve ser feita uma investigação primeiro.
Por conta desse ataque, Washington disparou na semana passada 59 mísseis de cruzeiro contra alvos na Síria. O gesto foi condenado por Moscou nos mais duros termos.
Na capital russa, Tillerson defendeu a saída "de forma organizada" do presidente sírio, enquanto Lavrov recordou a devastação e o caos causados pela saída de "ditadores" anteriores, como ocorreu na Líbia e no Iraque.
Pouco antes de receber Tillerson para um encontro que não estava oficialmente agendado, o próprio Putin admitiu que as relações entre Moscou e Washington estavam em uma pior situação do que na época da Presidência de Barack Obama.
Esses novos atritos entre Washington e Moscou mudam o "script" depois de meses de especulação nos Estados Unidos sobre a suposta interferência do governo russo nas eleições presidenciais de 2016 a favor de Trump.
Oitavo veto russo na ONUAs divergências fundamentais entre americanos e russos ficaram em evidência também em uma tensa sessão do Conselho de Segurança da ONU, reunido para discutir um projeto de resolução promovido por Reino Unido, Estados Unidos e França.
A Rússia impôs seu direito de veto ao projeto de resolução que considerou "inaceitável".
O texto discutido condena o suposto ataque com arma química e expressa o apoio do Conselho de Segurança a uma investigação por parte da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq).
A resolução solicitava que a Síria indicasse os planos de voo de seus aviões, o registro de cada voo e as informações sobre suas operações militares no dia do ataque a Khan Sheikhun, assim como os nomes dos capitães de cada voo, e que fornecesse esses dados também a investigadores da ONU.
O veto russo à resolução provocou reações enfurecidas imediatas. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que "a comunidade internacional já falou. A Rússia tem agora muitas coisas para provar".
"A Assad e ao governo sírio: vocês já não têm mais amigos no mundo por causa de suas ações horríveis", apontou Haley.
Em Paris, o presidente François Hollande disse que a Rússia assumiu "uma grande responsabilidade" por bloquear a resolução.
"É a oitava vez que a Rússia opta por se opor à maioria do Conselho", lamentou Hollande, assegurando que seu país "não poupou nenhum esforço, incluindo em relação à Rússia, para reunir um consenso sobre este texto".
Em Londres, o chanceler Boris Johnson apontou que o veto ao projeto de resolução "deixou a Rússia no lado equivocado da discussão".
'Chegou a hora'Em Washington, porém, o presidente Donald Trump disse que havia chegado a hora de colocar um ponto final à "brutal guerra civil" na Síria.
Trump recebeu na Casa Branca o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o norueguês Jens Stoltenberg, com quem discutiu o papel desse bloco militar e o drama sírio.
"O massacre de inocentes e o uso de armas químicas [...] devem ser rechaçados energicamente por qualquer nação que valorize a vida. Chegou a hora de pôr fim a essa brutal guerra civil, derrotar os terroristas e permitir que os refugiados voltem para seus lares", disse Trump.
O presidente americano chamou Assad de "carniceiro" e, sobre o bombardeio da última quinta-feira, assegurou que não tem "absolutamente qualquer dúvida sobre a correção do que foi feito".
A Rússia manterá os esforços diplomáticos. No fim desta semana, Lavrov receberá em Moscou os ministros das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, e do Irã, Mohamad Javad Zarif.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, encerra em 24 de abril essa série de encontros diplomáticos com sua primeira viagem oficial à Rússia.
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Em Moscou, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, teve reuniões com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e com o presidente Vladimir Putin, em uma tentativa de encontrar um terreno comum entre ambos os países com relação à catástrofe síria.
Em uma tensa coletiva de imprensa junto com Lavrov, Tillerson admitiu que existia um "baixo nível de confiança" entre Moscou e Washington, apesar dos esforços para melhorar o diálogo.
O centro das divergências é o suposto ataque com armas químicas contra a aldeia de Khan Sheikhun, em 4 de abril, pelo qual os países ocidentais responsabilizam o líder sírio, Bashar al-Assad, mas que, para Moscou, deve ser feita uma investigação primeiro.
Por conta desse ataque, Washington disparou na semana passada 59 mísseis de cruzeiro contra alvos na Síria. O gesto foi condenado por Moscou nos mais duros termos.
Na capital russa, Tillerson defendeu a saída "de forma organizada" do presidente sírio, enquanto Lavrov recordou a devastação e o caos causados pela saída de "ditadores" anteriores, como ocorreu na Líbia e no Iraque.
Pouco antes de receber Tillerson para um encontro que não estava oficialmente agendado, o próprio Putin admitiu que as relações entre Moscou e Washington estavam em uma pior situação do que na época da Presidência de Barack Obama.
Esses novos atritos entre Washington e Moscou mudam o "script" depois de meses de especulação nos Estados Unidos sobre a suposta interferência do governo russo nas eleições presidenciais de 2016 a favor de Trump.
Oitavo veto russo na ONUAs divergências fundamentais entre americanos e russos ficaram em evidência também em uma tensa sessão do Conselho de Segurança da ONU, reunido para discutir um projeto de resolução promovido por Reino Unido, Estados Unidos e França.
A Rússia impôs seu direito de veto ao projeto de resolução que considerou "inaceitável".
O texto discutido condena o suposto ataque com arma química e expressa o apoio do Conselho de Segurança a uma investigação por parte da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq).
A resolução solicitava que a Síria indicasse os planos de voo de seus aviões, o registro de cada voo e as informações sobre suas operações militares no dia do ataque a Khan Sheikhun, assim como os nomes dos capitães de cada voo, e que fornecesse esses dados também a investigadores da ONU.
O veto russo à resolução provocou reações enfurecidas imediatas. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que "a comunidade internacional já falou. A Rússia tem agora muitas coisas para provar".
"A Assad e ao governo sírio: vocês já não têm mais amigos no mundo por causa de suas ações horríveis", apontou Haley.
Em Paris, o presidente François Hollande disse que a Rússia assumiu "uma grande responsabilidade" por bloquear a resolução.
"É a oitava vez que a Rússia opta por se opor à maioria do Conselho", lamentou Hollande, assegurando que seu país "não poupou nenhum esforço, incluindo em relação à Rússia, para reunir um consenso sobre este texto".
Em Londres, o chanceler Boris Johnson apontou que o veto ao projeto de resolução "deixou a Rússia no lado equivocado da discussão".
'Chegou a hora'Em Washington, porém, o presidente Donald Trump disse que havia chegado a hora de colocar um ponto final à "brutal guerra civil" na Síria.
Trump recebeu na Casa Branca o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o norueguês Jens Stoltenberg, com quem discutiu o papel desse bloco militar e o drama sírio.
"O massacre de inocentes e o uso de armas químicas [...] devem ser rechaçados energicamente por qualquer nação que valorize a vida. Chegou a hora de pôr fim a essa brutal guerra civil, derrotar os terroristas e permitir que os refugiados voltem para seus lares", disse Trump.
O presidente americano chamou Assad de "carniceiro" e, sobre o bombardeio da última quinta-feira, assegurou que não tem "absolutamente qualquer dúvida sobre a correção do que foi feito".
A Rússia manterá os esforços diplomáticos. No fim desta semana, Lavrov receberá em Moscou os ministros das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, e do Irã, Mohamad Javad Zarif.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, encerra em 24 de abril essa série de encontros diplomáticos com sua primeira viagem oficial à Rússia.
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