Veja as 5 possíveis consequências do referendo na Turquia
Istambul, 15 Abr 2017 (AFP) - A Turquia realiza neste domingo um referendo histórico sobre a revisão constitucional que reforça os poderes do presidente Recep Tayyip Erdogan, uma votação que pode ser determinante para o futuro do país.
O resultado da consulta influirá no futuro das relações com a União Europeia, na questão curda e na evolução das dinâmicas sociais.
A seguir, cinco perguntas para entender o que poderá mudar com o referendo.
- Mais ou menos democrático?Se vencer no domingo, Erdogan será o detentor de um poder consideravelmente reforçado e poderá, em teoria, ficar no cargo até 2029. O executivo ficará concentrado nas mãos do presidente e o posto de primeiro-ministro desaparecerá.
Seus partidários defendem que uma medida assim é necessária para estabilizar o governo e estabelecer as barreiras claras em relação à justiça e ao poder legislativo.
Mas seus opositores no novo sistema não teriam qualquer contrapoder, o que abriria caminho para um regime autocrático.
Este sistema presidencial "reúne um poder sem precedentes em mãos de um só homem", enfatiza Alan Makovsky, do Center for American Progress.
Uma vitória do não no referendo seria um desagravo para Erdogan, que se jogou de cabeça na campanha.
- Que futuro com a Europa? - As relações entre a Turquia e a União Europeia (UE) se degradaram muito na reta final da campanha, quando Erdogan acusou alguns países europeus de "práticas nazistas".
Erdogan indicou que a candidatura da Turquia à UE, em porto morto há anos, será colocado "sobre a mesa" depois do referendo. Também reativou o debate sobre a restauração da pena capital, uma linha vermelha para Bruxelas.
"A tática consistente em atacar constantemente à UE (...) visando à política interna, atingiu seu limite", destaca Marc Pierini, do centro de reflexão Carnegie Europe.
Se Erdogan conseguir uma ampla vitória no referendo, poderá ter o espaço necessário para enterrar o projeto de adesão, para privilegiar as relações comerciais, mediante uma união alfandegária reforçada, por exemplo.
- Guerra ou paz com curdos? - Desde a ruptura da trégua histórica com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em 2015, o sudeste da Turquia mergulhou numa espiral de confrontos entre as forças turcas e os separatistas curdos.
A ofensiva militar de Ancara foi redobrada com uma repressão maior contra os círculos políticos e midiáticos pró-curdos, acusados de atividades terroristas vinculadas ao PKK.
Mas se o 'sim' vencer por estreita vantagem no referendo, Erdogan poderá se ver obrigado a adotar um enfoque mais conciliador da questão turca, aponta Asli Aydintasbas, especialista do Conselho Europeu Relações Internacionales.
No entnto, agora é a vez da retórica bélica e a imprensa ligada ao poder informa que, depois do referendo, será lançada uma ofensiva terrestre contra o PKK no norte do Iraque.
- Reconciliação ou polarização? -A sociedade turca se polarizou nos últimos anos em torno da figura de Erdogan. Durante a campanha do referendo, o presidente demonizou seus opositores, acusando-os de conluio com os terroristas e os golpistas.
"Erdogan vence, mas no final, uma metade do país o ama e a outra o detesta. Daí vem a origem da crise da Turquia moderna", explica Soner Cagaptay, analista do Washington Institute.
Mas Erdogan, que se aliou aos ultranacionalistas para vencer a batalha do referendo, deve fazer uso do pragmatismo do passad.
Alguns observadores esperam que adote um discurso mais tranquilizador depois da votação, se vencer.
- Recuperação econômica ou crise?Os mercados apostam prudentemente numa vitória do 'sim' e esperam uma volta à estabilidade tão necessária à Turquia, atingida há um ano e meio por uma onda de atentados e sacudida por uma tentativa de golpe de Estado em julho.
Mas, a meio prazo, domina a incerteza. O enfraquecimento da confiança dos investidores nas instituições, uma polarização crescente da sociedade e um atraso das reformas estruturais poderão afetar o crescimento.
Uma vitória do 'sim' poderá ser saudado pelos mercados em um curto prazo, indica a consultora BCG Partners, de Istambul. "Mas o crescimento continua frágil e as implicações em longo prazo do sistema (presidencial) ainda são desconhecidas", acrescenta.
O resultado da consulta influirá no futuro das relações com a União Europeia, na questão curda e na evolução das dinâmicas sociais.
A seguir, cinco perguntas para entender o que poderá mudar com o referendo.
- Mais ou menos democrático?Se vencer no domingo, Erdogan será o detentor de um poder consideravelmente reforçado e poderá, em teoria, ficar no cargo até 2029. O executivo ficará concentrado nas mãos do presidente e o posto de primeiro-ministro desaparecerá.
Seus partidários defendem que uma medida assim é necessária para estabilizar o governo e estabelecer as barreiras claras em relação à justiça e ao poder legislativo.
Mas seus opositores no novo sistema não teriam qualquer contrapoder, o que abriria caminho para um regime autocrático.
Este sistema presidencial "reúne um poder sem precedentes em mãos de um só homem", enfatiza Alan Makovsky, do Center for American Progress.
Uma vitória do não no referendo seria um desagravo para Erdogan, que se jogou de cabeça na campanha.
- Que futuro com a Europa? - As relações entre a Turquia e a União Europeia (UE) se degradaram muito na reta final da campanha, quando Erdogan acusou alguns países europeus de "práticas nazistas".
Erdogan indicou que a candidatura da Turquia à UE, em porto morto há anos, será colocado "sobre a mesa" depois do referendo. Também reativou o debate sobre a restauração da pena capital, uma linha vermelha para Bruxelas.
"A tática consistente em atacar constantemente à UE (...) visando à política interna, atingiu seu limite", destaca Marc Pierini, do centro de reflexão Carnegie Europe.
Se Erdogan conseguir uma ampla vitória no referendo, poderá ter o espaço necessário para enterrar o projeto de adesão, para privilegiar as relações comerciais, mediante uma união alfandegária reforçada, por exemplo.
- Guerra ou paz com curdos? - Desde a ruptura da trégua histórica com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em 2015, o sudeste da Turquia mergulhou numa espiral de confrontos entre as forças turcas e os separatistas curdos.
A ofensiva militar de Ancara foi redobrada com uma repressão maior contra os círculos políticos e midiáticos pró-curdos, acusados de atividades terroristas vinculadas ao PKK.
Mas se o 'sim' vencer por estreita vantagem no referendo, Erdogan poderá se ver obrigado a adotar um enfoque mais conciliador da questão turca, aponta Asli Aydintasbas, especialista do Conselho Europeu Relações Internacionales.
No entnto, agora é a vez da retórica bélica e a imprensa ligada ao poder informa que, depois do referendo, será lançada uma ofensiva terrestre contra o PKK no norte do Iraque.
- Reconciliação ou polarização? -A sociedade turca se polarizou nos últimos anos em torno da figura de Erdogan. Durante a campanha do referendo, o presidente demonizou seus opositores, acusando-os de conluio com os terroristas e os golpistas.
"Erdogan vence, mas no final, uma metade do país o ama e a outra o detesta. Daí vem a origem da crise da Turquia moderna", explica Soner Cagaptay, analista do Washington Institute.
Mas Erdogan, que se aliou aos ultranacionalistas para vencer a batalha do referendo, deve fazer uso do pragmatismo do passad.
Alguns observadores esperam que adote um discurso mais tranquilizador depois da votação, se vencer.
- Recuperação econômica ou crise?Os mercados apostam prudentemente numa vitória do 'sim' e esperam uma volta à estabilidade tão necessária à Turquia, atingida há um ano e meio por uma onda de atentados e sacudida por uma tentativa de golpe de Estado em julho.
Mas, a meio prazo, domina a incerteza. O enfraquecimento da confiança dos investidores nas instituições, uma polarização crescente da sociedade e um atraso das reformas estruturais poderão afetar o crescimento.
Uma vitória do 'sim' poderá ser saudado pelos mercados em um curto prazo, indica a consultora BCG Partners, de Istambul. "Mas o crescimento continua frágil e as implicações em longo prazo do sistema (presidencial) ainda são desconhecidas", acrescenta.
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