França rural se sente esquecida na eleição presidencial
Varzy, França, 20 Abr 2017 (AFP) - Com suas ruas desertas repletas de cartazes de "Vende-se" e as ervas daninhas crescendo entre o asfalto, Varzy encarna as dificuldades de uma França que se sente esquecida, à margem da metrópole, que pode ser fundamental na eleição presidencial.
Em um dos cafés do povoado, Michel Cadour, motorista de veículos pesados de 58 anos, cita os restaurantes que fecharam nos últimos anos nesta localidade de 1.300 habitantes situada 200 km ao sul de Paris, em uma região considerada durante muito tempo um reduto da esquerda.
"Já não resta nada", afirma resignado. "Os jovens não querem fazerr nada porque não há ninguém e os velhos estão se aposentando. Durante a noite, não há nenhum restaurante, apenas um".
Segundo o geógrafo Christophe Guilluy, autor do livro "A França periférica", 60% dos franceses vivem em regiões rurais, nas cidades de província ou nos espaços periurbanos, entre a cidade e o campo.
Para o pesquisador de ciência política Pascal Perrineau, a campanha presidencial francesa, à semelhança da americana, ressalta o fosso que separa esta França da França das grandes cidades.
"Se você vai 20 km ao norte, ao sul, a oeste ou a leste de Paris, encontra outra França, muito mais imóvel, atingida pelo desemprego, preocupada por sua identidade e marcada por fraturas sociais e culturais", explica Perrineau em um encontro com a imprensa estrangeira em Paris.
Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita, se vê como a candidata destes "franceses esquecidos" diante de uma "elite globalizada".
"Eu estou com Marine. É a única que não tentamos ainda", afirma Cadour enquanto bebe sua cerveja. "Os políticos não se importam com o voto rural, só se ocupam de seus assuntos na cidade", acrescenta.
- 'Se sentir levados em conta' -Situada no departamento de La Nièvre, que perdeu mais de um quarto dos médicos clínicos gerais desde 2007, Varzy lutou para atrair jovens doutores, sem conseguir evitar que o número de generalistas tenha passado de quatro a dois em dez anos. Para conseguir uma consulta com o especialista, a lista de espera é interminável.
"Os políticos não se dão conta de como é a vida do povo. As pessoas não conseguem receber tratamento", se queixa Antoine, militar aposentado de 52 anos que desistiu de uma consulta que levaria quatro meses.
Este homem robusto, que se tornou um agente de segurança, votará em Macron porque aprecia sua "clarividência".
O doutor Pascal Gleitz, que atuou durante 20 anos em Varzy, atribui o sentimento de abandono das populações rurais ao desaparecimento dos serviços públicos.
"Antes, havia uma proximidade (do Estado) com a população, que era muito forte. Isso desapareceu", afirma.
Em Nevers, prefeitura de La Nière, onde atua atualmente, os médicos não são os únicos a deixar o lugar. Em 20 anos, esta cidade às margens do Loire perdeu 10.000 habitantes, seu centro foi abandonado pelos comerciantes, que foram expulsos pela concorrência gerada pelos centros comerciais periféricos.
Jérôme Coquin, agente imobiliário de 39 anos, mostra as lojas abandonadas e se queixa do déficit de descentralização na França.
"Há Paris, sua grande periferia, as grandes metrópoles e o resto do país", denuncia.
"As pessoas aqui querem se sentir levadas em conta", ressalta Denis Thuriot, prefeito eleito em 2014 em um partido sem rótulos que atualmente apoia Emmanuel Macron.
Embora considere real o sentimento de abandono, o prefeito não acredita que está certa a vitória dos extremos na eleição presidencial. Assim como seu candidato, está convencido de que, internamente, "a maioria dos franceses são moderados".
Em um dos cafés do povoado, Michel Cadour, motorista de veículos pesados de 58 anos, cita os restaurantes que fecharam nos últimos anos nesta localidade de 1.300 habitantes situada 200 km ao sul de Paris, em uma região considerada durante muito tempo um reduto da esquerda.
"Já não resta nada", afirma resignado. "Os jovens não querem fazerr nada porque não há ninguém e os velhos estão se aposentando. Durante a noite, não há nenhum restaurante, apenas um".
Segundo o geógrafo Christophe Guilluy, autor do livro "A França periférica", 60% dos franceses vivem em regiões rurais, nas cidades de província ou nos espaços periurbanos, entre a cidade e o campo.
Para o pesquisador de ciência política Pascal Perrineau, a campanha presidencial francesa, à semelhança da americana, ressalta o fosso que separa esta França da França das grandes cidades.
"Se você vai 20 km ao norte, ao sul, a oeste ou a leste de Paris, encontra outra França, muito mais imóvel, atingida pelo desemprego, preocupada por sua identidade e marcada por fraturas sociais e culturais", explica Perrineau em um encontro com a imprensa estrangeira em Paris.
Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita, se vê como a candidata destes "franceses esquecidos" diante de uma "elite globalizada".
"Eu estou com Marine. É a única que não tentamos ainda", afirma Cadour enquanto bebe sua cerveja. "Os políticos não se importam com o voto rural, só se ocupam de seus assuntos na cidade", acrescenta.
- 'Se sentir levados em conta' -Situada no departamento de La Nièvre, que perdeu mais de um quarto dos médicos clínicos gerais desde 2007, Varzy lutou para atrair jovens doutores, sem conseguir evitar que o número de generalistas tenha passado de quatro a dois em dez anos. Para conseguir uma consulta com o especialista, a lista de espera é interminável.
"Os políticos não se dão conta de como é a vida do povo. As pessoas não conseguem receber tratamento", se queixa Antoine, militar aposentado de 52 anos que desistiu de uma consulta que levaria quatro meses.
Este homem robusto, que se tornou um agente de segurança, votará em Macron porque aprecia sua "clarividência".
O doutor Pascal Gleitz, que atuou durante 20 anos em Varzy, atribui o sentimento de abandono das populações rurais ao desaparecimento dos serviços públicos.
"Antes, havia uma proximidade (do Estado) com a população, que era muito forte. Isso desapareceu", afirma.
Em Nevers, prefeitura de La Nière, onde atua atualmente, os médicos não são os únicos a deixar o lugar. Em 20 anos, esta cidade às margens do Loire perdeu 10.000 habitantes, seu centro foi abandonado pelos comerciantes, que foram expulsos pela concorrência gerada pelos centros comerciais periféricos.
Jérôme Coquin, agente imobiliário de 39 anos, mostra as lojas abandonadas e se queixa do déficit de descentralização na França.
"Há Paris, sua grande periferia, as grandes metrópoles e o resto do país", denuncia.
"As pessoas aqui querem se sentir levadas em conta", ressalta Denis Thuriot, prefeito eleito em 2014 em um partido sem rótulos que atualmente apoia Emmanuel Macron.
Embora considere real o sentimento de abandono, o prefeito não acredita que está certa a vitória dos extremos na eleição presidencial. Assim como seu candidato, está convencido de que, internamente, "a maioria dos franceses são moderados".
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