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Trump defende suas prioridades para a Otan

25/05/2017 15h11

Bruxelas, 25 Mai 2017 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira em Bruxelas que os países da Otan se concentrem no terrorismo e "nas ameaças da Rússia", em sua primeira reunião da Aliança na qual acusou alguns aliados de "dever enormes somas".

Enquanto ressaltou que a Aliança é uma ferramenta "de paz e segurança" no mundo, Trump não deixou claro, contrariamente ao que era esperado, seu apego ao "Artigo 5" do Tratado da Otan, que prevê o auxílio por parte dos aliados a qualquer país do grupo em caso de agressão externa.

"A Otan do futuro deve se concentrar no terrorismo e na imigração, bem como sobre as ameaças da Rússia sobre as fronteiras leste e sul da Otan", declarou durante um discurso.

O presidente americano fez estas declarações durante a inauguração de um memorial na nova sede da Otan sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 e a queda do Muro de Berlim, na presença dos outros 27 líderes da Aliança Atlântica.

Suas declarações eram esperadas com ansiedade pelos demais líderes da Aliança, principalmente após o republicano chamar a Otan de "obsoleta".

Em uma clara tentativa de aproximação, os aliados concordaram somar a Otan à coalizão internacional que luta contra os extremistas do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Este gesto, no entanto, não impediu Trump de pronunciar um discurso bastante duro, principalmente em relação aos compromissos financeiros dos países membros da Otan.

O presidente americano aproveitou o discurso para reiterar um dos apelos históricos de Washington, o de que os aliados da Otan aumentem suas despesas militares.

"Fui muito, muito direto com o secretário-geral (da Otan Jens) Stoltenberg e os membros da Aliança quando disse (que eles) devem pagar sua parte e respeitar suas obrigações financeiras", apontou, lamentando que "23 das 28 nações ainda não tenham pago o que deveriam pagar".

Trump deseja que os aliados atinjam o objetivo, fixado em 2014, de um orçamento para a defesa equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2024.

Esses "2% é o mínimo para enfrentarmos as ameças muito reais de hoje", insistiu o presidente americano, ressaltando que "nos últimos oito anos" os Estados Unidos "gastaram mais com sua defesa do que todos os países da Otan somados".

'Ataque selvagem'Suas primeiras palavras foram direcionadas às vítimas do "selvagem ataque" de Manchester, em memória das quais pediu "um momento de silêncio". "Primeira-ministra [britânica Theresa May], todas as nações choram hoje com você e estão junto com você", assegurou.

Para Trump, que deseja fazer da luta contra o terrorismo uma das prioridade para a Otan, o atentado suicida de Manchester, onde "crianças inocentes e muitos outros foram terrivelmente assassinados", mostra "a intensidade do mal que enfrentamos".

"Todos aqueles que amam a vida devem se unir para encontrar" e "eliminar esses assassinos e extremistas", acrescentou o presidente da maior potência militar do mundo, chamando os terroristas de "perdedores".

Já Theresa May afirmou que o ataque que fez 22 mortos durante um show da cantora pop americana Ariana Grande na segunda-feira à noite mostra a importância "para a comunidade internacional, incluindo a Otan, de fazer mais na luta contra o terrorismo".

May aproveitou a ocasião para discutir com Trump sobre os vazamentos pela imprensa americana de informações sobre a investigação do atentado. A este respeito, o presidente americano prometeu uma "completa investigação".