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Doze detidos por atentado de Londres; May culpa o extremismo islâmico

04/06/2017 19h44

Londres, 4 Jun 2017 (AFP) - Doze pessoas foram detidas neste domingo como parte da investigação do atentado de sábado à noite em Londres que deixou sete mortos, além dos agressores, e que foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.

Fontes médicas informaram que 21 das 48 pessoas feridas no atentado se encontram em estado "crítico" e 12 já deixaram o hospital.

Agentes da unidade antiterrorista da Polícia Metropolitana realizaram a detenção de "12 pessoas no bairro de Barking, zona leste de Londres, em conexão com os incidentes da noite passada na London Bridge e na área do Borough Market", anunciou a polícia em um comunicado.

As operações prosseguiam neste bairro modesto do leste de Londres.

A agência de propaganda da organización extremista, Amaq, disse que o ataque foi cometido por um "destacamento de combatentes do Estado Islâmico" (EI), em um comunicado divulgado neste domingo.

Na noite de sábado três homens atropelaram com uma van os transeuntes na famosa London Bridge, antes de descer do veículo e esfaquear várias pessoas no Borough Market, em uma área de bares e restaurantes ao redor do mercado.

A polícia matou os três homens apenas oito minutos depois de receber o alerta sobre o incidente. Até o momento as identidades dos criminosos não foram divulgadas.

Entre os sete mortos está um canadense, revelou o primeiro-ministro Justin Trudeau, e um francês, disse posteriormente o ministro das Relações Exteriores da França, Jean Yves Le Drian, acrescentando que outro cidadão francês continua "desaparecido".

Entre os feridos estão sete franceses, um espanhol com ferimentos leves, dois alemães e um australiano, de acordo com seus respectivos governos.

Após uma reunião extraordinária de seu comitê de segurança, May disse que o país enfrenta "uma nova forma de ameaça", na qual os autores dos atentados "copiam uns aos outros" e se inspiram em "uma ideologia do mal do extremismo islâmico".

Estas declarações foram feitas antes da reivindicação do grupo,

Vencer a ideologia islamita "é um dos grandes desafios do nosso tempo", completou, antes de ressaltar que a resposta não deve ser apenas realizar operações antiterroristas continuamente, e sim levá-la ao terreno das ideias e a internet "para evitar a propagação".

Quase todos os partidos suspenderam a campanha neste domingo, mas esta continuará "amanhã (segunda-feira) e as eleições gerais acontecerão como estava previsto na quinta-feira, 8 de junho", disse May.

Este foi o terceiro atentado no Reino Unido em menos de três meses, após o que deixou 22 mortos em Manchester no dia 22 de maio, ao final de um show da cantora Ariana Grande, e do ataque de 22 de março perto do Parlamento, quando um homem atropelou as pessoas que caminhavam pela ponte de Westminster e depois esfaqueou um policial, com um balanço de cinco mortos.

Neste domingo Grande se apresentou novamente em Manchester num show em homenagem às vítimas, com um público de 50.000 pessoas e sob um forte esquema de segurança. Também participaram Justin Bieber, Coldplay e Pharrell Williams, entre outras estrelas do pop.

- Oito minutos infernais -"Às 22H08 (18H08 de Brasília) de ontem começamos a receber avisos de que um veículo havia atropelado transeuntes na London Bridge", disse um porta-voz da polícia.

"O veículo prosseguiu da London Bridge para Borough Market. Os suspeitos o abandonaram e esfaquearam várias pessoas", acrescentou a mesma fonte.

"Policiais armados responderam rapidamente e de forma corajosa, enfrentando os três suspeitos, que foram atingidos por tiros e morreram", explicou o porta-voz.

A morte dos suspeitos aconteceu "em oito minutos" desde que a Polícia recebeu o alerta do incidente, elogiou a mesma fonte.

Gerard Vowls, de 47 anos, que estava assistindo a final da Champions League no pub Ship, afirmou ao jornal The Guardian que viu o momento em que esfaquearam uma mulher de 10 a 15 vezes.

"Ela dizia 'me ajuda', 'me ajuda', e não pude fazer nada", lamentou.

Vowls jogou cadeiras, vasos e garrafas na direção dos agressores para tentar afastá-los da mulher.

"Eles voltaram para tentar me esfaquear. Quero saber se a mulher está bem. Estou chorando há uma hora e meia, dando voltas, não sei o que fazer", disse, muito abalado.

Outra testemunha, Alex Shellum, disse à BBC que estava em um bar na London Bridge com amigos quando "uma mulher ferida entrou e pediu ajuda".

"Ela sangrava muito no pescoço, parecia que haviam cortado o seu pescoço. As pessoas tentaram estancar a hemorragia".

- Trump polemiza, Sadiq Khan o ignora -O prefeito de Londres, Sadiq Khan, afirmou neste domingo que tem coisas mais importantes a fazer que responder a uma mensagem no Twitter do presidente americano Donald Trump criticando suas declarações sobre o atentado.

"O prefeito está ocupado (...) Tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte desinformado de Donald Trump, que tira deliberadamente de contexto suas declarações pedindo aos londrinos que não ficassem alarmados quando observassem mais policiais, incluindo policiais armados, nas ruas", disse um porta-voz de Khan.

Após o atentado, Trump tuitou: "Ao menos sete mortos e 48 feridos em um ataque terrorista e o prefeito de Londres diz que 'não há motivo para alarme!'".

Antes, ele aproveitou a oportunidade para pedir à justiça que retire o bloqueio de seu projeto que proíbe a entrada de imigrantes de certos países muçulmanos nos Estados Unidos.

Em outra mensagem, Trump ironizou os que defendem o controle de armas.

"Vocês percebem que não estamos tendo um debate sobre armas agora? Isto é porque eles usaram facas e um caminhão!", escreveu no Twitter.

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