Em Seropédica, animais passam por reabilitação antes de voltarem à natureza
Seropédica, Brasil, 26 Jul 2017 (AFP) - Nem um único bater de asas no aviário de Seropédica, perto do Rio de Janeiro. A razão: araras e outros papagaios estão aqui para "treinar". Devem reaprender a voar depois de terem sido resgatados das garras de contrabandistas de aves.
Ao lado, macacos, tartarugas, jiboias e até mesmo jacarés se recuperam em um centro de tratamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).
O organismo estatal tem, entre outras missões, a de tratar de animais selvagens que foram caçados, feridos, ou domesticados, e colocá-los em condições para que retornem a seu hábitat natural.
Entre os papagaios, alguns carregam as cicatrizes de maus-tratos, outros dizem "Olá" - sinal de que foram domesticados.
Para fortificar suas asas atrofiadas por anos de vida em gaiolas, Taciana Sherlock, veterinária do centro, faz com que se exercitem, colocando-os em seu braço e sacudindo-os de baixo para cima.
A bela arara azul e amarela abre suas frágeis asas, cujas penas foram cortadas no cativeiro para limitar sua mobilidade, mas ainda não parece pronta para decolar.
As aves também são incentivadas a voar por dois poleiros distantes um do outro, com comida em ambos os lados.
"Aqui é a escola para reaprender a voar! Nós os treinamos para que estejam prontos para a vida em liberdade. Também devemos prepará-los para que possam identificar predadores e encontrar comida", explica a veterinário do centro.
- Cortar as asas -Aos poucos, a equipe do Ibama, que recebe cerca de 7.000 animais por ano, espaça os contatos com as aves até que se desacostumem com os seres humanos.
Em seguida, serão levados e libertados em sua região de origem - muitas vezes em florestas de outros estados, como, por exemplo, na Amazônia.
"É cruel o que eles têm que suportar e é terrível vê-los chegar em tal estado, mas a recompensa é vê-los partir para a liberdade. Na semana passada, nós libertamos 20 araras e tucanos que conseguiam voar no estado de Goiás!", comemora.
A venda de animais silvestres é proibida, mas amplamente praticada no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde a maior floresta urbana do mundo está localizada. As espécies nativas ainda vivem na região e, por vezes, na cidade. Em alguns mercados, é fácil encontrar tucanos, cobras, macacos.
O Ibama estima que cerca de 38 milhões de animais são capturados na natureza a cada ano. Desses, quatro milhões são revendidos. Este comércio geraria cerca de 2,2 bilhões de euros por ano.
O negócio mais lucrativo é o de pequenos pássaros, especialmente aqueles que cantam. Ter um pássaro em uma gaiola em casa é quase uma tradição nos bairros populares do Rio, e as competições de canto são organizadas clandestinamente.
A fim de vendê-los mais facilmente para uso doméstico, alguns traficantes não hesitam em cortar-lhes algumas asas, ou quebrar seus ossos: o sofrimento os paralisa e os torna mais "doces".
Mais de 300 dessas aves foram trazidas em meados de julho para o centro de recuperação por um grupo de policiais especializados em meio ambiente. Roched Seba, fundador da ONG Instituto Vida Livre (que trabalha em parceria com o Ibama), mostra as dezenas de pequenas gaiolas no chão.
"Às vezes, colocam três por minicompartimento. Por isso, inevitavelmente, alguns sequer sobrevivem ao transporte quando os caçadores os trazem da floresta para a cidade", lamenta.
- Guaxinim cego -"No Brasil, temos a maior biodiversidade do planeta, mas as pessoas não conhecem os animais e querem domesticar animais selvagens. Temos que mudar mentalidades através da melhoria da informação", afirma esse ambientalista de 31 anos.
Roched Seba abraçou a missão de libertar todos esses animais silvestres que vivem em cativeiro.
Ele vai regularmente ao centro veterinário de Seropédica com Taciana e, quase sempre, leva algum animal encontrado no Rio.
O dia em que o centro recebeu a equipe da AFP, ele chegou com um guaxinim cego encontrado em uma favela, provavelmente nativo da floresta tropical do Rio. O animal está assustado, ferido e quase completamente cego: jamais terá condições de retornar à natureza, de acordo Roched.
O guaxinim não vai ser o único a permanecer em cativeiro para o resto de sua vida. Alguns animais não serão libertados. Já muito acostumados à presença humana, eles correriam o risco de buscarem o contato a todo custo com humanos e de serem capturados novamente.
Um pequeno pássaro tropical todo verde acompanha os veterinários o tempo todo.
"Ele reaprendeu a voar aqui. É livre para partir, mas permanece conosco. Se tornou o mascote aqui!", afirma Roched.
fg/js-pt/mr/tt
Ao lado, macacos, tartarugas, jiboias e até mesmo jacarés se recuperam em um centro de tratamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).
O organismo estatal tem, entre outras missões, a de tratar de animais selvagens que foram caçados, feridos, ou domesticados, e colocá-los em condições para que retornem a seu hábitat natural.
Entre os papagaios, alguns carregam as cicatrizes de maus-tratos, outros dizem "Olá" - sinal de que foram domesticados.
Para fortificar suas asas atrofiadas por anos de vida em gaiolas, Taciana Sherlock, veterinária do centro, faz com que se exercitem, colocando-os em seu braço e sacudindo-os de baixo para cima.
A bela arara azul e amarela abre suas frágeis asas, cujas penas foram cortadas no cativeiro para limitar sua mobilidade, mas ainda não parece pronta para decolar.
As aves também são incentivadas a voar por dois poleiros distantes um do outro, com comida em ambos os lados.
"Aqui é a escola para reaprender a voar! Nós os treinamos para que estejam prontos para a vida em liberdade. Também devemos prepará-los para que possam identificar predadores e encontrar comida", explica a veterinário do centro.
- Cortar as asas -Aos poucos, a equipe do Ibama, que recebe cerca de 7.000 animais por ano, espaça os contatos com as aves até que se desacostumem com os seres humanos.
Em seguida, serão levados e libertados em sua região de origem - muitas vezes em florestas de outros estados, como, por exemplo, na Amazônia.
"É cruel o que eles têm que suportar e é terrível vê-los chegar em tal estado, mas a recompensa é vê-los partir para a liberdade. Na semana passada, nós libertamos 20 araras e tucanos que conseguiam voar no estado de Goiás!", comemora.
A venda de animais silvestres é proibida, mas amplamente praticada no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde a maior floresta urbana do mundo está localizada. As espécies nativas ainda vivem na região e, por vezes, na cidade. Em alguns mercados, é fácil encontrar tucanos, cobras, macacos.
O Ibama estima que cerca de 38 milhões de animais são capturados na natureza a cada ano. Desses, quatro milhões são revendidos. Este comércio geraria cerca de 2,2 bilhões de euros por ano.
O negócio mais lucrativo é o de pequenos pássaros, especialmente aqueles que cantam. Ter um pássaro em uma gaiola em casa é quase uma tradição nos bairros populares do Rio, e as competições de canto são organizadas clandestinamente.
A fim de vendê-los mais facilmente para uso doméstico, alguns traficantes não hesitam em cortar-lhes algumas asas, ou quebrar seus ossos: o sofrimento os paralisa e os torna mais "doces".
Mais de 300 dessas aves foram trazidas em meados de julho para o centro de recuperação por um grupo de policiais especializados em meio ambiente. Roched Seba, fundador da ONG Instituto Vida Livre (que trabalha em parceria com o Ibama), mostra as dezenas de pequenas gaiolas no chão.
"Às vezes, colocam três por minicompartimento. Por isso, inevitavelmente, alguns sequer sobrevivem ao transporte quando os caçadores os trazem da floresta para a cidade", lamenta.
- Guaxinim cego -"No Brasil, temos a maior biodiversidade do planeta, mas as pessoas não conhecem os animais e querem domesticar animais selvagens. Temos que mudar mentalidades através da melhoria da informação", afirma esse ambientalista de 31 anos.
Roched Seba abraçou a missão de libertar todos esses animais silvestres que vivem em cativeiro.
Ele vai regularmente ao centro veterinário de Seropédica com Taciana e, quase sempre, leva algum animal encontrado no Rio.
O dia em que o centro recebeu a equipe da AFP, ele chegou com um guaxinim cego encontrado em uma favela, provavelmente nativo da floresta tropical do Rio. O animal está assustado, ferido e quase completamente cego: jamais terá condições de retornar à natureza, de acordo Roched.
O guaxinim não vai ser o único a permanecer em cativeiro para o resto de sua vida. Alguns animais não serão libertados. Já muito acostumados à presença humana, eles correriam o risco de buscarem o contato a todo custo com humanos e de serem capturados novamente.
Um pequeno pássaro tropical todo verde acompanha os veterinários o tempo todo.
"Ele reaprendeu a voar aqui. É livre para partir, mas permanece conosco. Se tornou o mascote aqui!", afirma Roched.
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