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'Nicolasito', da vida extravagante a candidato do pai Maduro na Constituinte

O presidente Nicolás Maduro (centro) abraça sua mulher Cilia Flores e seu filho Nicolas Ernesto Maduro Guerra, o "Nicolasito" - Juan Barreto/ AFP
O presidente Nicolás Maduro (centro) abraça sua mulher Cilia Flores e seu filho Nicolas Ernesto Maduro Guerra, o "Nicolasito" Imagem: Juan Barreto/ AFP

Em Caracas

28/07/2017 11h18

Economista, "soldado de Chávez" e filho do presidente venezuelano, "Nicolasito" Maduro era conhecido, até então, por suas extravagâncias, como tomar um "banho de dólares". Agora, resolveu entrar na arena política como candidato à Constituinte de seu pai.

Nos comícios, o único filho do presidente faz uso da palavra ao lado de pesos pesados do chavismo, e seu discurso segue a escola do falecido Hugo Chávez, carregado de ditados "criollos" e de analogias de beisebol, que também herdou do pai.

"Está de ressaca? Tome uma sopinha e saia para votar", afirmou Nicolás Ernesto Maduro Guerra, 27 anos, alto e corpulento como seu pai.

Sua apresentação no Twitter diz que é formado em Economia, flautista do aclamado sistema de orquestras juvenis, "soldado de Chávez além da vida" e, agora, candidato à Constituinte para representar o setor dos trabalhadores.

Banho de dólares

"Nicolasito" é fruto do primeiro casamento do presidente, que, em julho de 2013, depois de assumir a presidência, casou-se em segundas núpcias com Cilia Flores. A "primeira-combatente", como Maduro a chama, também disputa uma vaga na assembleia que mudará a Constituição.

"Nicolasito" viralizou nas redes sociais em março de 2014 depois de ser visto em um vídeo, dançando sob "uma chuva de dólares", em um casamento realizado em um luxuoso hotel de Caracas.

Filho de Nicolás Maduro recebe chuva de dólares

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O fato ocorreu quando a crise econômica, a inflação alta e a escassez de alimentos e de remédios já afetavam a população.

Ele foi também um dos primeiros a reagir ao vídeo, no qual o filho do Defensor do Povo, Tarek William Saab, pediu a seu pai que rompesse com o governo pela repressão aos protestos opositores.

Em quatro meses, mais de 100 pessoas morreram em atos relacionados às manifestações contra o governo.

"Pai, neste momento, você tem o poder de acabar com a injustiça que afundou o país. Peço - como filho e em nome da Venezuela, país ao qual você serve -, que reflita e faça o que tem de fazer", afirmou Yibram Saab, ao ler uma carta no vídeo, muito criticado por "Nicolasito".

'Desprezo e cinismo'

A política nunca foi desconhecida para "Nicolasito", que tinha oito anos quando Chávez chegou ao poder, tendo Maduro como um de seus mais próximos colaboradores.

Com a morte de "El Comandante" e com o pai lançado à presidência em 2013, multiplicou suas aparições públicas. Em muitas fotos, posa com sua flauta.

Depois de vencer as eleições, o governo criou três cargos de alto escalão para ele.

O primeiro foi de chefe de um corpo anticorrupção da presidência. Em 21 de junho de 2014, dia de seu aniversário, ganhou de presente o cargo de diretor de uma escola de cinema. E, por fim, diretor-geral das delegações presidenciais na vice-presidência.