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'Nunca' vão tirar a Venezuela do Mercosul, diz Maduro a rádio argentina

Em Buenos Aires

05/08/2017 21h00

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu que seu país vai continuar no Mercosul, apesar da suspensão imposta pelos quatro membros fundadores do bloco neste sábado (5), em uma reunião de chanceleres em São Paulo.

"Não vão tirar a Venezuela do Mercosul. Nunca. Somos Mercosul de alma, coração e vida. Algumas oligarquias golpistas, como a do Brasil, ou miseráveis, como a que governa a Argentina, poderão tentar mil vezes, mas sempre estaremos aí", respondeu Maduro em declarações à Rádio Rebelde da Argentina.

A Venezuela foi suspensa do Mercosul por "ruptura da ordem democrática", em decisão unânime dos membros fundadores Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Em suas declarações à rádio, Maduro acusou o presidente argentino, Mauricio Macri, de estimular um bloqueio comercial e político contra seu país.

"O Macri não só destrói o povo e agride a classe trabalhadora argentina, mas também é a ponta de lança da agressão e agora o porta-bandeira da busca por um bloqueio econômico, financeiro, comercial e político como o que fizeram a Cuba nos anos 60", disse.

O presidente venezuelano defendeu a Assembleia Constituinte que foi instalada nesta sexta-feira e, já no sábado, destituiu a procuradora-geral Luisa Ortega, que definiu o governo como uma "ditadura".

A oposição venezuelana reunida em torno da Mesa da Unidade Democrática (MUD) exige eleições gerais em suas manifestações que, em quatro meses, já deixaram 125 mortos e considera a Constituinte uma "fraude" para manter Maduro no poder.

Contudo, Maduro considera que a Constituinte "foi um bálsamo para a vida social e política da Venezuela. Uma nova fase foi aberta".

O mandatário também rechaçou o pedido do Vaticano para a Venezuela suspender a Constituinte pouco antes de sua instalação, nesta sexta, por considerar que "em vez de favorecer a reconciliação e a paz, tais iniciativas fomentam um clima de tensão e confronto e minam o futuro".

Maduro afirmou: "É preciso entender que uma coisa somos (nós),os católicos, o povo de Cristo, outra coisa é a trajetória do papa Francisco como defensor dos povos com sua humildade e outra coisa muito diferente é a estrutura da Secretaria de Estado do Vaticano", apontou.

"Lamentavelmente, o monsenhor (Pietro) Parolin caiu nas mãos dos setores mais radicais da cúpula da Igreja Católica na Venezuela, dos setores aliados ao poder dos que destruíram nosso país", completou, acusando o número dois da Santa Sé e ex-núncio da Venezuela, que propôs estabelecer um novo calendário eleitoral no país.

Segundo Maduro, a Venezuela sofre "um dos ataques, dos assédios mais ferozes que já vimos em 18 anos de revolução bolivariana. Estamos começando a transitar num novo terreno, um terreno de paz. Vamos reconquistar a paz, que é o bem mais precioso que temos que cuidar", afirmou.