Harvey, um teste de liderança para Trump

A forma como o presidente americano, Donald Trump, lidará com o furacão Harvey será um grande teste de sua capacidade de liderança, em meio a um retorno difícil de suas férias de verão.
Com fotografias tiradas em reuniões de emergência com sua equipe e enviando coordenadas durante o fim de semana, o presidente, que anunciou que visitará o Texas na terça-feira (29), mobilizou-se e divulgou seus passos.
De maneira incomum, Trump abandonou, com algumas exceções, as declarações provocadoras no Twitter para enviar uma série de mensagens mobilizadoras.
O governador republicano do Texas, Greg Abbott, elogiou nesta segunda-feira a resposta "notável" em nível federal da Casa Branca.
"Todas as vezes que o Texas fez um pedido, a resposta foi sim", disse ele à rede CBS.
A imagem contrasta de forma singular com outra crise de natureza diferente, ocorrida há 15 dias, quando a violência racista abalou a pequena cidade de Charlottesville, na Virgínia. Seu silêncio, suas declarações e, finalmente, sua indulgência com a extrema-direita chocaram e atingiram seu governo.
Os detalhes da visita ao Texas não foram anunciados. De acordo com Abbott, Trump não deve parar em Houston, a fim de evitar uma paralisação das operações de socorro, e sim, no interior do território.
Uma coisa é certa: o chefe de Estado parece determinado a evitar os erros de seu antecessor George W. Bush durante o Katrina, que atingiu Nova Orleans em 2005.
A imagem de Bush contemplando a área devastada da janela do Air Force One se tornou um símbolo da desconexão de um presidente com a realidade.
As catastróficas inundações que afetam o Texas também representam um desafio para a Casa Branca que terá, nos próximos dias, de trabalhar com o Congresso para desbloquear os fundos necessários para a reconstrução das áreas atingidas.
O impacto econômico de Harvey, impossível de estimar com precisão, será de vários milhões de dólares.
Mudança de tom
A retomada das sessões do Congresso se anuncia complicada para o inquilino da Casa Branca, que enviou tuítes vingativos contra os homens fortes do Senado, Mitch McConnell, e da Câmara de Representantes, Paul Ryan, ambos seus correligionários.
Os debates devem terminar no final de setembro com a aprovação do orçamento para 2018 e o aumento do limite máximo da dívida.
Muitos se perguntam se Trump vai desistir de sua "chantagem orçamentária" diante da urgência representada por Harvey. O presidente ameaçou com um bloqueio, se os fundos não forem liberados para construir um muro na fronteira mexicana.
Em termos mais gerais, há dúvidas sobre se este presidente, acostumado a súbitas mudanças de humor e de tom, saberá manter uma posição presidencial e de mobilização.
No dia seguinte à sua viagem ao Texas, Trump planeja ir ao Missouri para destacar os méritos de sua reforma tributária (e denunciar o que ele considera uma obstrução sistemática dos democratas). O tom dessa reunião será estudado com atenção.
Seus críticos lembram que, na sexta-feira, quando o furacão Harvey se aproximava da costa dos Estados Unidos, Trump anunciou uma das medidas mais controversas de sua presidência: o perdão presidencial ao ex-prefeito Joe Arpaio, condenado por sua obsessiva perseguição a imigrantes em situação ilegal.
A decisão, bem como o momento escolhido para anunciá-la, não contribui para reforçar a imagem que a maioria dos americanos espera de um presidente em tempos de crise: um homem que controla a situação.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.