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"As casas foram esmagadas, as pessoas não têm esperança", diz moradora de São Martinho

Lionel Chamoiseau/AFP
Imagem: Lionel Chamoiseau/AFP

Em Cabo Haitiano (Haiti)

08/09/2017 15h23

O poderoso furacão Irma, rebaixado para a categoria 4, prosseguia em sua trajetória mortal pelo Caribe, onde deixou pelo menos 17 mortos, enquanto Cuba e Estados Unidos se preparam para o impacto. Com ventos de 250 km por hora, o furacão continua "extremamente perigoso", advertiu o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.

Nesta sexta, por volta das 10h de Brasília, o olho do ciclone que se dirigia para o oeste estava ao sul do arquipélago das Bahamas, perto da ilha de Great Inagua, a menos de 150 km de Cuba.

Com rajadas de vento que chegaram a 295 km/h, o furacão varreu pequenas ilhas caribenhas como São Martinho, onde 60% das casas ficaram inabitáveis. "Parece como se uma podadora gigante tivesse descido do céu e passado pela ilha", explicou Marilou Rohan, moradora afetada, à emissora NOS.

"As casas foram esmagadas. As pessoas não têm esperança, vemos em seus olhos", acrescentou Rohan nesta ilha conhecida pelas praias paradisíacas e cujo território França e Holanda compartilham.

Cerca de 1,2 milhão de pessoas já foram atingidas, um número que pode chegar a 26 milhões, segundo a Cruz Vermelha.

Ao menos duas pessoas morreram em Porto Rico, quatro nas Ilhas Virgens americanas e nove nas ilhas francesas de São Martinho e São Bartolomeu, que contabilizam ainda sete desaparecidos e 112 feridos. Uma pessoa morreu na parte holandesa de São Martinho e uma em Barbuda.

Nas Ilhas Virgens britânicas, o governador Gus Jaspert decretou estado de emergência, citando informações "de vítimas e mortos".

Em Porto Rico, mais da metade dos três milhões de habitantes estavam sem eletricidade e abrigos foram abertos para receber até 62 mil pessoas.

Irma, que há algumas horas ainda era um furacão de categoria 5, a máxima, chegou a gerar ventos de 295 km/h durante mais de 33 horas, um recorde desde o início do monitoramento por satélites nos anos 1970.

Nas ilhas atingidas, as fortes rajadas arrancaram tetos, esmagaram contêineres de embarcações e deixaram escombros por todo lado. Aeroportos, portos e linhas telefônicas ficaram fora de serviço.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, descreveu o desastre como "inimaginável e sem precedentes".

Seu governo enviou mais de 100 mil rações de combate, enquanto a Holanda se apressa a fornecer comida e água para 40 mil pessoas.

A França também tenta estabelecer uma ponte aérea para levar ajuda às ilhas afetadas e evacuar os feridos, explicou a ministra francesa de Ultramar, Annick Girardin, que chegou na quinta-feira juntamente com 150 socorristas a Guadalupe, que serve como base de operações.

O custo dos danos provocados pelo furacão nas Antilhas francesas pode ser muito superior a 200 milhões de euros, afirmou o CCR, o instituto de resseguros públicos da França, especializado em catástrofes naturais.

Enquanto isso, o Reino Unido desbloqueou 35 milhões de euros e enviou dois navios militares para auxiliar.

O rei da Holanda Willem-Alexander deve viajara no domingo com o ministro do Interior Ronald Plasterk para a ilha de Curaçao para acompanhar as operações.

Cuba se prepara

Cuba espera a passagem do furacão durante a noite desta sexta-feira (9). As autoridades decretaram alerta máximo em sete de suas 15 províncias e obrigaram a retirada de 10 mil turistas estrangeiros.

Em seguida, Irma subirá em direção à costa sudeste dos Estados Unidos. Quase um milhão de pessoas receberam ordens de deixar áreas costeiras de Flórida e Geórgia, na maior evacuação maciça nos Estados Unidos em 12 anos.

O governador da Flórida, Rick Scott, ordenou o fechamento até segunda-feira de todos os estabelecimentos escolares, que poderão ser transformados em abrigos.

"Será realmente devastador", antecipou na quinta-feira o diretor da Agência Americana de Gestão de Emergências (FEMA), Brock Long. "Todo o sudeste dos Estados Unidos deve se proteger".

"Tudo está destruído"

O arquipélago britânico Turcas e Caicos também está na rota de Irma, o que obrigou a evacuação de algumas de suas ilhas.

"Um número importante de pessoas que vive em áreas muito baixas fica muito vulnerável", explicou à BBC o governador do arquipélago, John Freeman, confirmando o desalojamento de turistas estrangeiros.

Na iminência da chegada do furacão ao litoral de Flórida e Geórgia nas próximas horas, o presidente americano, Donald Trump, expressou sua "grande preocupação".

Espera-se que a Flórida enfrente os fortes ventos de Irma a partir da noite de sexta-feira, com ondas que pode chegar a oito metros, segundo meteorologistas.

Miami ficou mergulhada no caos devido às filas intermináveis em postos de gasolina e aos engarrafamentos nas principais estradas. Os moradores também acabaram com tudo o que havia em supermercados para se abastecer de provisões e água.

As autoridades determinaram a evacuação dos 'keys' (ilhas) da Flórida, um arquipélago situado no extremo sul do Estado e onde turistas faziam malas para partir.

Depois do Irma, o Caribe enfrentará a fúria de outros dois furacões: José e Katia. José, que segue a trajetória de Irma, ganhou força na sexta e subiu para categoria 4, com ventos de até 195 km/h, segundo o NHC. Katia, de categoria 1, deve chegar à costa do estado mexicano de Veracruz também na sexta-feira.

Irma é rebaixado a categoria 4, mas continua perigoso

AFP