Dezesseis anos depois do 11/9, filho de Bin Laden prepara-se para liderar jihadistas
Publicada no domingo (10) pela Al-Qaeda pelo 16º aniversário dos atentados do 11 de setembro de 2001, uma fotomontagem mostra o rosto de Osama bin Laden nas chamas das Torres Gêmeas de Nova York. A seu lado, está seu filho Hamza, o "príncipe-herdeiro da Jihad".
Hamza, de 28 anos, aparece desde pequeno na propaganda da rede fundada pelo pai. Hoje, estimam autoridades e analistas, prepara-se para assumir a liderança e tentar unir sob seu nome os jihadistas do mundo inteiro.
O enfraquecimento militar do grupo Estado Islâmico (EI) seria sua janela de oportunidade.
Em um relatório publicado pelo Combating Terrorism Center (CTC), de West Point, o ex-agente especial do FBI especializado em Al-Qaeda Ali Sufan escreve: "Hamza está se preparando para ocupar um papel de liderança na organização que seu pai fundou".
"Enquanto membro da dinastia Bin Laden, é provável que ele seja acolhido favoravelmente pelos jihadistas de base", acrescenta. "No momento em que o 'califado' do EI está à beira do colapso, Hamza é, a partir de agora, o mais bem colocado para reunificar o movimento jihadista global."
Décimo-quinto dos 20 filhos de Osama e filho da terceira mulher do líder da rede, Hamza foi, desde a infância, preparado para seguir os passos do pai. Acompanhando-o no Afeganistão antes do 11 de Setembro, aprendeu a manejar armas.
Na véspera dos atentados contra as torres do World Trade Center e contra o Pentágono, Hamza foi separado do pai, que não voltou a encontrar, e levado junto com mulheres e crianças do clã para Jalalabad e depois para o Irã. Lá, ficaram durante anos em uma residência vigiada.
'Um chefe a ser temido'
Graças a um sofisticado sistema de correspondência, o filho preferido do líder extremista manteve contato com o pai durante anos. Nessas cartas, algumas encontradas depois da ofensiva aérea que matou Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, em 2011, o rapaz afirma que foi "forjado no aço" e que está pronto "para a vitória, ou para o martírio".
"O que me deixa realmente triste", disse ele em julho de 2009, "é que as legiões de mujahideen [militantes jihadistas] se colocaram em marcha, e eu não me uni a eles".
Em agosto de 2015, em uma mensagem de áudio, o egípcio Ayman al-Zawahiri, que sucedeu Osama bin Laden à frente da rede, anunciou que "um novo leão nasceu no covil da Al-Qaeda". "Osama", em árabe, significa "leão".
Em seguida surgiu a voz de Hamza, homenageando o "martírio" do pai e de seu irmão mais velho, Khalid, morto tentando defender Osama em Abbottabad. Hamza pediu ainda aos "jihadistas do mundo inteiro" para "atacar de Cabul a Bagdá, de Gaza a Washington, Londres, Paris e Tel Aviv".
Um ano mais tarde, em uma diatribe intitulada "Somos todos Osama", ele fez um chamado à vingança e advertiu: "Se vocês acham que não terão de prestar contas pelo crime cometido em Abbottabad, vocês se enganam. Seu despertar será doloroso. Somos uma nação que não tolera injustiça".
Dezoito meses depois, após alguns apelos por áudio nesse mesmo estilo, o Departamento de Estado americano reforça sua credibilidade no meio jihadista, ao inscrever seu nome na lista negra de "terroristas internacionais".
"As mensagens de Hamza" - destaca Ali Soufan - "retomam, com frequência, quase palavra por palavra, frases inteiras pronunciadas por seu pai no apogeu da Al-Qaeda, no fim dos anos 1990, início de 2000 (...) Ele tenta inclusive imitá-lo, pronunciando suas frases com a mesma intensidade tranquila."
"Enquanto o Estado Islâmico continua a desmoronar, muitos são seus partidários que vão procurar uma nova bandeira (...) Inúmeros fatores levam a pensar que Hamza pode ser um chefe a se temer. Resta saber como a organização tem a intenção de usá-lo, mas é claro que sua estrela está em ascensão. Isso deveria preocupar as autoridades no Ocidente e no mundo muçulmano", alerta.
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