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Custo de desastres climáticos deve chegar à metade do PIB dos EUA

27/09/2017 20h22

Washington, 27 Set 2017 (AFP) - As perdas econômicas provocadas por tempestades, furacões, enchentes, secas e queimadas devem alcançar pelo menos 360 bilhões de dólares ao ano na próxima década nos Estados Unidos, quase metade do crescimento econômico anual americano, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (27).

Como alguns climas extremos podem ficar piores, ou mais frequentes por causa das mudanças climáticas, é necessário agir para afastar os Estados Unidos de combustíveis fósseis, em direção a energias renováveis, disse o documento do Universal Ecological Fund, uma ONG de Washington.

"Queimar combustíveis fósseis tem um preço gigantesco, que a economia americana não pode pagar e não pode sustentar", disse o coautor Robert Watson, ex-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o grupo científico líder na área.

O relatório avaliou dois tipos de custos: prejuízos econômicos causados por eventos climáticos extremos influenciados por mudanças climáticas induzidas pelo homem e gastos de saúde provocados por exposição à poluição de produção de energia por combustíveis fósseis.

Atualmente, esses gastos somam 240 bilhões de dólares em 2017, sem contar os desastres de agosto e setembro, como os furacões Harvey e Irma.

"Os prejuízos econômicos e gastos com saúde médios anuais equivalem a cerca de 40% do crescimento da economia americana atual", disse o relatório, intitulado "O caso econômico para a ação climática nos Estados Unidos".

"Na próxima década, os prejuízos econômicos e gastos com saúde devem alcançar pelo menos 360 bilhões de dólares anualmente, equivalentes a cerca de 55% do crescimento dos EUA", acrescenta.

Os dados do relatório não incluem prejuízos relacionados ao clima no setor agrícola, ou gastos associados com os efeitos do calor sobre o homem, disse.

"Podemos esperar que eventos de climas extremos e prejuízos econômicos e custos associados a eles continuem crescendo, a não ser que façamos reduções dramáticas nas emissões de gases de efeito estufa", afirmou o coautor James McCarthy, professor de oceanografia da Universidade de Harvard.

O documento conclui que 80% da energia produzida e usada nos Estados Unidos vem de combustíveis fósseis.

McCarthy disse que o governo do presidente Donald Trump almeja "maximizar o uso de combustíveis fósseis dos Estados Unidos - carvão, petróleo e gás natural -, bem como cortar regulamentações da indústria da energia, e está nos levando à direção oposta".