Fazendeiros sul-africanos condenados à prisão por colocar homem negro em caixão
Middelburg, África do Sul, 27 Out 2017 (AFP) - Um tribunal sul-africano condenou nesta sexta-feira a 19 e 16 anos de prisão dois fazendeiros brancos por tentarem prender um homem negro em um caixão e ameaçá-lo de morto, num caso que ilustra a persistência das tensões raciais 23 anos após o fim do apartheid.
Os dois fazendeiros, Willem Oosthuizen e Theo Martins Jackson, foram acusados de tentativa de assassinato, sequestro, agressão e intimidação.
Oosthuizen foi condenado a 16 anos de reclusão e Jackson a 19 anos, pelo tribunal de Middelburg, a 165 km de Johannesburgo.
"A conduta dos acusados foi desumana e repugnante", declarou a juíza Segopotje Mphahlele, para quem tal atitude "atiça as tensões raciais no país".
Os acusados, que se declararam inocentes, receberam com nervosismo a condenação, com a cabeça baica, enquanto membros de suas famílias choravam na plateia.
O caso explodiu depois que que um vídeo de 20 segundos foi divulgado na internet. As imagens mostram um homem negro, Victor Mlotshwa, vivo dentro de um caixão.
No vídeo é possível observar o momento em que um dos fazendeiros tenta fechar o caixão, enquanto a vítima grita e tenta impedir a todo custo.
Um segundo vídeo revelado durante o processo mostra o jovem de 27 anos pedindo "por favor, não me matem". "Por que não, quando vocês matam nossas fazendas", responde um dos agressores, que ameaça jogar serpentes do caixão e gasolina para queimá-lo vivo.
Mlotshwa exibiu um grande sorriso após o pronunciamento da pena, enquanto alguns partidários do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) expressaram sua alegria.
Os dois afirmam que queriam apenas assustar a vítima que, segundo eles, teria roubando cabos de cobre.
Victor Mlotshwa assegura que estava indo para Middelburg, cortando caminho atravessando os campos, para fazer compras para sua mãe quando foi atacado.
A juíza ressaltou em sua sentença que este não era o primeiro incidente envolvendo os dois acusados e que a "atitude da dupla durante o julgamento demonstrou claramente a ausência de remorso".
Quase 25 anos após o fim oficial do regime segregacionista na África do Sul, os ataques racistas continuam a envenenar as relações entre a maioria negra e os brancos, particularmente nas áreas rurais.
Entre abril e maio, violentos confrontos aconteceram em Coligny (noroeste), após a libertação sob fiança de dois brancos suspeitos de terem participado na morte de um adolescente negro.
No início de 2016, dois trabalhadores negros foram espancados até a morte por fazendeiros brancos em Parys, no centro do país.
A persistência das desigualdades econômicas entre negros e brancos torna a liberdade amarga na jovem democracia sul-africana "arco-íris".
De acordo com estatísticas oficiais, 30,1% da maioria negra está desempregada, em comparação com 6,6% dos brancos. E o salário mensal médio dos negros é de 2.800 rand (180 euros), contra 10.000 rand (642 euros) para os brancos.
vid-gw/bgs/jlb/mr
Os dois fazendeiros, Willem Oosthuizen e Theo Martins Jackson, foram acusados de tentativa de assassinato, sequestro, agressão e intimidação.
Oosthuizen foi condenado a 16 anos de reclusão e Jackson a 19 anos, pelo tribunal de Middelburg, a 165 km de Johannesburgo.
"A conduta dos acusados foi desumana e repugnante", declarou a juíza Segopotje Mphahlele, para quem tal atitude "atiça as tensões raciais no país".
Os acusados, que se declararam inocentes, receberam com nervosismo a condenação, com a cabeça baica, enquanto membros de suas famílias choravam na plateia.
O caso explodiu depois que que um vídeo de 20 segundos foi divulgado na internet. As imagens mostram um homem negro, Victor Mlotshwa, vivo dentro de um caixão.
No vídeo é possível observar o momento em que um dos fazendeiros tenta fechar o caixão, enquanto a vítima grita e tenta impedir a todo custo.
Um segundo vídeo revelado durante o processo mostra o jovem de 27 anos pedindo "por favor, não me matem". "Por que não, quando vocês matam nossas fazendas", responde um dos agressores, que ameaça jogar serpentes do caixão e gasolina para queimá-lo vivo.
Mlotshwa exibiu um grande sorriso após o pronunciamento da pena, enquanto alguns partidários do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) expressaram sua alegria.
Os dois afirmam que queriam apenas assustar a vítima que, segundo eles, teria roubando cabos de cobre.
Victor Mlotshwa assegura que estava indo para Middelburg, cortando caminho atravessando os campos, para fazer compras para sua mãe quando foi atacado.
A juíza ressaltou em sua sentença que este não era o primeiro incidente envolvendo os dois acusados e que a "atitude da dupla durante o julgamento demonstrou claramente a ausência de remorso".
Quase 25 anos após o fim oficial do regime segregacionista na África do Sul, os ataques racistas continuam a envenenar as relações entre a maioria negra e os brancos, particularmente nas áreas rurais.
Entre abril e maio, violentos confrontos aconteceram em Coligny (noroeste), após a libertação sob fiança de dois brancos suspeitos de terem participado na morte de um adolescente negro.
No início de 2016, dois trabalhadores negros foram espancados até a morte por fazendeiros brancos em Parys, no centro do país.
A persistência das desigualdades econômicas entre negros e brancos torna a liberdade amarga na jovem democracia sul-africana "arco-íris".
De acordo com estatísticas oficiais, 30,1% da maioria negra está desempregada, em comparação com 6,6% dos brancos. E o salário mensal médio dos negros é de 2.800 rand (180 euros), contra 10.000 rand (642 euros) para os brancos.
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