Presidente catalão destituído viaja a Bruxelas após ser denunciado por rebelião
Barcelona, 30 Out 2017 (AFP) - O governo espanhol tomou as rédeas do poder na Catalunha sem encontrar resistência por parte do presidente separatista destituído Carles Puigdemont, que nesta segunda-feira (30) viajou para Bruxelas depois de ser denunciado por rebelião e sedição.
Esta segunda-feira foi o primeiro dia útil desde que o Parlamento catalão declarou a independência na sexta-feira (27) e o governo de Mariano Rajoy adotou medidas destinadas a controlar a região, que até então contava com uma ampla autonomia, duas ações sem precedentes na Espanha moderna.
Em um ambiente de grande incerteza, todos esperavam ver se Puigdemont resistiria em deixar o cargo.
Durante horas, dezenas de jornalistas aguardaram a sua chegada à sede do governo regional em Barcelona. Mas ele não apareceu.
"Onde está Puigdemont?", era a pergunta na boca de todos.
"Está em Bruxelas", afirmou uma fonte do governo espanhol. O jornal catalão El Periódico disse que havia ido com alguns de seus colaboradores para pedir asilo político.
O advogado belga Paul Bekaert, especialista em temas de asilo, que no passado defendeu supostos membros da organização armada basca ETA, confirmou que havia estado em contato com Puigdemont, mas ele não vai pedir asilo.
"Não se decidiu nada neste plano", disse à rede de televisão belga VRT.
No domingo (29), um ministro belga, separatista flamenco, insinuou que o país poderia oferecer asilo ao governo separatista catalão, embora o primeiro-ministro Charles Michel tenha desmentido depois.
Sem poder confirmar essa informação, o advogado de Puigdemont, Jaume Alonso-Cuevillas, afirmou à AFP que "ele lamenta muito que uma detenção ou uma intimação a depor cause protestos e atos violentos".
Marta Pascal, porta-voz de seu partido PDeCAT, lembrou que durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975) a Catalunha teve líderes no exílio que "continuaram sendo presidentes do governo catalão".
- 'Rebelião' e 'sedição' -As instituições europeias indicaram à AFP que não há nenhum encontro previsto com ele, enquanto o partido nacionalista N-VA assegurou que não havia o convidado.
No partido de extrema esquerda independentista catalão CUP foram pedidas explicações. "O país precisa saber qual roteiro o governo tem, o motivo pelo qual está em Bruxelas", disse sua deputada Mireia Boya.
A notícia sobre a viagem de Puigdemont a Bruxelas surgiu minutos depois que o procurador-geral do Estado espanhol anunciou uma denúncia contra ele e seu governo por vários crimes, entre eles "rebelião" e "sedição", punidos com até 30 anos de prisão.
Eles são acusados de provocar "uma crise institucional que culminou com a declaração unilateral de independência realizada com total desprezo à nossa Constituição", disse o procurador-geral José Manuel Maza.
"Achamos que no ambiente de Bruxelas se pode fazer muito trabalho, portanto há uma parte do governo que está fazendo esse trabalho", disse à rede de televisão pública catalã TV3 Oriol Junqueras, o vice-presidente catalão, que não foi à Bélgica.
- À espera do governo -Os separatistas, que na sexta-feira comemoraram o nascimento de sua República, pareciam cada vez mais desanimados.
"Estamos à espera do que o governo (de Puigdemont) irá fazer", explicou no domingo à AFP um responsável de uma organização independentista.
"Se acreditam que eles são o governo da República, então sairemos para protegê-los, mas se não fizerem nada, teremos que ver como iremos agir", acrescentou.
Nesta segunda-feira apenas uma de suas integrantes foi para seu gabinete e nas dependências oficiais as bandeiras espanholas permaneciam tremulando.
Da decisão de dois líderes independentistas também dependem os 200.000 funcionários da administração regional, agora sob as ordens de Madri.
Nas últimas semanas surgiram chamados a desobedecer seus novos superiores, mas é incerto se farão isto após a aparente partida de seus dirigentes.
"Acho que as pessoas continuarão trabalhando normalmente no seu dia a dia", disse Joan Escanilla, porta-voz na Catalunha do sindicato de funcionários CSIF.
- Lógica eleitoral - A região se dirige agora para uma nova disputa eleitoral para calibrar forças entre os partidários e os contrários à independência, que se dividem quase em partes iguais entre os catalães.
Entre as medidas adotadas, Rajoy decretou a dissolução do Parlamento catalão e a convocação de eleições regionais em 21 de dezembro que, por enquanto, parece que foi acatada pelos responsáveis da Câmara catalã.
Os partidos favoráveis à unidade da Espanha lançaram a pré-campanha no domingo, convocando as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram em Barcelona contra a secessão a votar em massa.
Mas também parecem dispostos a concorrer a essas eleições os partidos separatistas, que apenas dois dias antes haviam proclamado a nova República.
"No dia 21 iremos às urnas, iremos convencidos", afirmou Marta Pascal enquanto seu sócio da coalizão, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), apontava na mesma direção.
Segundo as últimas pesquisas, os separatistas poderiam perder nessas eleições a maioria absoluta do Parlamento regional obtida em 2015 pela primeira vez em sua história.
dbh-lbx-al/acc/cb/cc/mvv
Esta segunda-feira foi o primeiro dia útil desde que o Parlamento catalão declarou a independência na sexta-feira (27) e o governo de Mariano Rajoy adotou medidas destinadas a controlar a região, que até então contava com uma ampla autonomia, duas ações sem precedentes na Espanha moderna.
Em um ambiente de grande incerteza, todos esperavam ver se Puigdemont resistiria em deixar o cargo.
Durante horas, dezenas de jornalistas aguardaram a sua chegada à sede do governo regional em Barcelona. Mas ele não apareceu.
"Onde está Puigdemont?", era a pergunta na boca de todos.
"Está em Bruxelas", afirmou uma fonte do governo espanhol. O jornal catalão El Periódico disse que havia ido com alguns de seus colaboradores para pedir asilo político.
O advogado belga Paul Bekaert, especialista em temas de asilo, que no passado defendeu supostos membros da organização armada basca ETA, confirmou que havia estado em contato com Puigdemont, mas ele não vai pedir asilo.
"Não se decidiu nada neste plano", disse à rede de televisão belga VRT.
No domingo (29), um ministro belga, separatista flamenco, insinuou que o país poderia oferecer asilo ao governo separatista catalão, embora o primeiro-ministro Charles Michel tenha desmentido depois.
Sem poder confirmar essa informação, o advogado de Puigdemont, Jaume Alonso-Cuevillas, afirmou à AFP que "ele lamenta muito que uma detenção ou uma intimação a depor cause protestos e atos violentos".
Marta Pascal, porta-voz de seu partido PDeCAT, lembrou que durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975) a Catalunha teve líderes no exílio que "continuaram sendo presidentes do governo catalão".
- 'Rebelião' e 'sedição' -As instituições europeias indicaram à AFP que não há nenhum encontro previsto com ele, enquanto o partido nacionalista N-VA assegurou que não havia o convidado.
No partido de extrema esquerda independentista catalão CUP foram pedidas explicações. "O país precisa saber qual roteiro o governo tem, o motivo pelo qual está em Bruxelas", disse sua deputada Mireia Boya.
A notícia sobre a viagem de Puigdemont a Bruxelas surgiu minutos depois que o procurador-geral do Estado espanhol anunciou uma denúncia contra ele e seu governo por vários crimes, entre eles "rebelião" e "sedição", punidos com até 30 anos de prisão.
Eles são acusados de provocar "uma crise institucional que culminou com a declaração unilateral de independência realizada com total desprezo à nossa Constituição", disse o procurador-geral José Manuel Maza.
"Achamos que no ambiente de Bruxelas se pode fazer muito trabalho, portanto há uma parte do governo que está fazendo esse trabalho", disse à rede de televisão pública catalã TV3 Oriol Junqueras, o vice-presidente catalão, que não foi à Bélgica.
- À espera do governo -Os separatistas, que na sexta-feira comemoraram o nascimento de sua República, pareciam cada vez mais desanimados.
"Estamos à espera do que o governo (de Puigdemont) irá fazer", explicou no domingo à AFP um responsável de uma organização independentista.
"Se acreditam que eles são o governo da República, então sairemos para protegê-los, mas se não fizerem nada, teremos que ver como iremos agir", acrescentou.
Nesta segunda-feira apenas uma de suas integrantes foi para seu gabinete e nas dependências oficiais as bandeiras espanholas permaneciam tremulando.
Da decisão de dois líderes independentistas também dependem os 200.000 funcionários da administração regional, agora sob as ordens de Madri.
Nas últimas semanas surgiram chamados a desobedecer seus novos superiores, mas é incerto se farão isto após a aparente partida de seus dirigentes.
"Acho que as pessoas continuarão trabalhando normalmente no seu dia a dia", disse Joan Escanilla, porta-voz na Catalunha do sindicato de funcionários CSIF.
- Lógica eleitoral - A região se dirige agora para uma nova disputa eleitoral para calibrar forças entre os partidários e os contrários à independência, que se dividem quase em partes iguais entre os catalães.
Entre as medidas adotadas, Rajoy decretou a dissolução do Parlamento catalão e a convocação de eleições regionais em 21 de dezembro que, por enquanto, parece que foi acatada pelos responsáveis da Câmara catalã.
Os partidos favoráveis à unidade da Espanha lançaram a pré-campanha no domingo, convocando as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram em Barcelona contra a secessão a votar em massa.
Mas também parecem dispostos a concorrer a essas eleições os partidos separatistas, que apenas dois dias antes haviam proclamado a nova República.
"No dia 21 iremos às urnas, iremos convencidos", afirmou Marta Pascal enquanto seu sócio da coalizão, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), apontava na mesma direção.
Segundo as últimas pesquisas, os separatistas poderiam perder nessas eleições a maioria absoluta do Parlamento regional obtida em 2015 pela primeira vez em sua história.
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