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OEA recebe denúncias de graves violações de direitos humanos na Venezuela

29.abr.2017 - Amigos comparecem a funeral de Juan Pablo Pernalete, estudante que morreu durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas, Venezuela - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
29.abr.2017 - Amigos comparecem a funeral de Juan Pablo Pernalete, estudante que morreu durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas, Venezuela Imagem: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Em Washington

16/11/2017 23h28

Mortes, prisões e perseguições de dissidentes: graves violações de direitos humanos na Venezuela foram denunciadas nesta quinta-feira (16) à comissão da OEA que avalia levar o governo de Nicolás Maduro à Corte Penal Internacional (CPI) por crimes contra a humanidade.

Na terceira rodada de audiências públicas na sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), o painel escutou os testemunhos de um ex-procurador, prefeitos, congressistas, familiares de vítimas de protestos contra Maduro e outros representantes da sociedade civil venezuelana.

"Na Venezuela, estamos sofrendo uma ditadura sem nenhum tipo de escrúpulos. Por isso, este relatório deve tramitar na CPI", disse Gustavo Maracano, prefeito de Lechería (Estado Anzoátegui, leste), exilado desde julho nos Estados Unidos após ser condenado à prisão por não impedir as manifestações contra Maduro.

Ramón Muchacho, prefeito de Chacao, epicentro dos protestos em Caracas, pediu a ajuda "urgente" da comunidade internacional.

"Na Venezuela governam as armas", disse o dirigente, que precisou fugir de seu país pelo mesmo motivo que Marcano.

Muchacho contou que viu o corpo sem vida de Juan Pablo Pernalete, 20, morto em 26 de abril pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogêneo no peito, segundo a promotoria, embora o governo tenha atribuído sua morte aos seus colegas manifestantes.

"Eu tive que dar a notícia a seus pais. E centenas e centenas de pais viveram esse mesmo drama", disse, lamentando a repressão do governo aos protestos, que deixaram cerca de 125 mortos entre abril e julho, como "a violação mais maciça e mais covarde dos direitos humanos que já se viu na Venezuela".

Durante as sessões desta quinta-feira, as mais longas após uma rodada inicial em setembro e uma segunda em outubro, os pais de Juan Pablo fizeram um relato comovedor.

"Meu filho foi morto à queima-roupa", disse entre lágrimas José Pernalete, junto com sua esposa Elvia Llovera. "Estamos mortos em vida", afirmou, pedindo justiça.