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Papa pede para sindicalistas encararem 'quarta revolução industrial'

24/11/2017 18h21

Cidade do Vaticano, 24 Nov 2017 (AFP) - O papa Francisco pediu, nesta sexta-feira (24), para os sindicatos do mundo inteiro combaterem a mentalidade de "ganância imediata" e encararem a "quarta revolução industrial", marcada pela tecnologia, pela robótica e pela inteligência artificial.

Numa carta lida a representantes de sindicatos e movimentos de trabalhadores de diversos países, entre eles, Brasil e Argentina, reunidos no Vaticano, o pontífice fez uma análise das mudanças aceleradas no mundo do trabalho e da "interdependência entre o (universo) profissional e o ambiental".

"No contexto atual, conhecido como a quarta revolução industrial", caracterizado segundo ele, pela velocidade, pela refinada tecnologia digital, pela robótica e pela inteligência artificial, "o mundo precisa de vozes como a de vocês", acrescentou o papa argentino, em um de seus textos mais políticos divulgados durante seu papado.

"Para essa mentalidade, não interessa se há degradação social, ou ambiental, não interessa o que se usa e o que se descarta, não interessa se há trabalho forçado de crianças, ou se contaminar o rio de uma cidade. Só importa a ganância imediata. Tudo se justifica em função do deus do dinheiro", afirmou.

O papa citou em várias ocasiões sua encíclica sobre a defesa do meio ambiente, "Laudato si", e reconheceu que "não queremos um sistema de desenvolvimento econômico que fomente gente desempregada, nem sem teto, nem sem terra", disse.

"Como muitos de vocês contribuíram para combater essa patologia no passado, agora estão em condições de combatê-la no futuro", afirmou Francisco aos sindicalistas.

Aos dirigentes sindicais, entre eles 25 provenientes da Argentina e vários representantes de centrais trabalhistas do Brasil, o papa pediu para se manterem afastados do "câncer social da corrupção", que afeta tanto o mundo político, como o sindical.

O papa fustigou a "corrupção" dos sindicalistas, que fazem acordos com os patrões e "não se interessam pelos trabalhadores, deixando milhares de companheiros sem emprego".

Francisco falou da necessidade de passar "da indústria energética atual a uma energia mais renovável para proteger nossa terra".

Assim como instou os movimentos populares em sua viagem à Bolívia, ao convidá-los a defender os três "T"s - terra, teto e trabalho -, ele pediu aos sindicalistas que estudem a tripla conexão entre outros tês "T"s - trabalho, tempo e tecnologia -, disse.

"Precisamos de um diálogo sincero e profundo para redefinir a ideia do trabalho e o rumo do desenvolvimento", afirmou.

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