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Questionada tentativa de reeleição ofusca presidenciais em Honduras

24/11/2017 15h52

Tegucigalpa, 24 Nov 2017 (AFP) - Seis milhões de hondurenhos estão convocados a votar no próximo domingo nas eleições gerais, questionadas pela aspiração do presidente Juan Orlando Hernández de tentar a reeleição, que estava proibida pela Constituição.

Sua candidatura para um segundo mandato de quatro anos foi autorizada pela Suprema Corte, que declarou ilegítima a cláusula que impedia a reeleição, oito anos depois de Manuel Zelaya ter sido deposto em um golpe de Estado avalizado pelo Congresso por tentar revogar essa proibição mediante um referendo.

Dos nove candidatos presidenciais, Hernández é um dos favoritos, ao lado do acadêmico Luis Zelaya, do Partido Liberal (PL, direita), e do jornalista Salvador Nasralla, da esquerdista Aliança de Oposição contra a Ditadura.

Sem pesquisas confiáveis nos últimos meses, os três principais aspirantes garantem contar com um apoio amplo dos eleitores.

O clima eleitoral é visível em Tegucigalpa, com ruas decoradas com bandeiras do PL e do governista Partido Nacional (PN, direita), de Hernández.

Em esquinas dos bairros da capital, ativistas dos partidos tradicionais hondurenhos instalaram quiosques informativos para orientar os eleitores.

Mas por trás da calma aparente, analistas advertem que o empenho de Hernández de buscar a reeleição constitui uma ameaça para a democracia hondurenha.

O analista político Víctor Meza, do Centro de Documentação de Honduras, disse que as aspirações do mandatário de permanecer no poder criam um clima propício "para uma eleição complicada".

"Pela primeira vez, não é uma luta entre conservadores e liberais, mas entre ditadura e democracia", comentou Meza à AFP.

"A democracia está em perigo desde o momento em que se começou a fortalecer o autoritarismo presidencial", acrescentou.

- Menos homicídios e melhoras econômicas -Hernández afirma que durante seu mandato, Honduras conseguiu reduzir os índices de criminalidade, que situavam o país entre as nações em guerra mais violentas do mundo.

A diretora do Observatório da Violência da Universidade Nacional, Migdonia Ayestas, disse que este ano a taxa de homicídios é de 45 por 100.000 habitantes, uma redução com relação à de 2015, de 60 por 100.000. No entanto, ainda é muito alta em relação à média mundial, de 5,3 por 100.000, segundo o Banco Mundial.

Ao mesmo tempo, Hernández destaca uma recuperação econômica, refletida em uma melhora na avaliação das agências classificadoras de risco.

A consultoria americana de risco político Eurasia Group coincide com Hernández, ao destacar que tem tudo a seu favor para ser reeleito e, inclusive, aumentar a bancada do PN no Congresso.

"Isto é possível porque se atribuem (a Hernández) melhorias na situação do país e é um conservador, diferentemente do ex-presidente deposto Manuel Zelaya, cujas políticas foram muito mais polêmicas para as elites locais", destacou o Eurasia.

No entanto, alguns analistas duvidam que Hernández tenha apoio suficiente para se reeleger, como o sociólogo Eugenio Sosa, da Universidade Nacional, que afirma ter havido uma mudança nas últimas semanas de campanha.

"A definição clara que existia antes de que a reeleição era inevitável mudou nas últimas quatro semanas porque o entusiasmo de um voto de castigo a esta reeleição cresceu", disse Sosa à AFP.

Além do presidente, serão eleitos no domingo três vice-presidentes, 128 deputados do Congresso e seus suplentes, 20 membros do Parlamento centro-americano e autoridades de 298 municípios.

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