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Papa Francisco, defensor da causa dos rohingyas

27/11/2017 14h49

Yangon, 27 Nov 2017 (AFP) - O papa Francisco não hesita em defender seus "irmãos rohingyas", uma minoria muçulmana que segundo as Nações Unidas é vítima de "limpeza étnica" em Mianmar, apesar do risco de irritar a maioria budista do país.

- Quem são os rohingyas? -Antes do início da violência em agosto, cerca de um milhão de muçulmanos rohingyas moravam em Mianmar, alguns há várias gerações.

No entanto, desde a promulgação de uma lei em 1982, foram privados da nacionalidade birmanesa e constituem a maior população apátrida do mundo.

São vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras injustas de casamento e confisco de terras.

Também têm acesso limitado à educação e outros serviços públicos.

Em um relatório, a organização Anistia Internacional não hesitou em falar de uma situação de "apartheid" na semana passada.

Desde 2011 e a dissolução da junta militar que reinou durante quase meio século no país, as tensões aumentaram.

- As palavras do papa -Poucos dias após o início da violência em agosto, o papa expressou "toda a sua proximidade", ao se referir aos seus "irmãos rohingyas".

"Todos nós pedimos ao Senhor que os salve e que inspire homens e mulheres de boa vontade a ajudá-los a ter todos os seus direitos respeitados", acrescentou.

Diante de milhares de fiéis reunidos em Roma, em fevereiro, já havia falado de "pessoas boas e pacíficas" que "sofrem há anos" e denunciou o tratamento que lhes é reservado: "tortura e morte devido às suas tradições e fé".

- Utilizar a palavra 'rohingya'? -Será que o papa pronunciará a palavra 'rohingya', tabu para os birmaneses, durante sua visita? Temendo uma reação dos budistas extremistas, o arcebispo de Yangun, Charles Bo, primeiro cardeal do país, recomendou que o pontífice evite essa palavra a adote "muçulmanos do estado de Rakine".

Esta terminologia oficial e neutra é o que o líder birmanesa Aung San Suu Kyi gostaria de impor para evitar a guerra semântica entre a denominação "bengali" (usada pela maioria budista de Mianmar) e "rohingya" (usada por esses muçulmanos para se referir a sim mesmos).

O termo "bengali" é devido ao fato de que em Mianmar são considerados imigrantes ilegais do vizinho Bangladesh, apesar de muitos deles viveram no país há várias gerações.